Pandemia

Covid-19: o que se sabe sobre a cepa indiana já identificada no Brasil

Variante da Ìndia pode ser até 50% mais transmissível, segundo cientistas britânicos, e teve registro dos primeiros casos em território brasileiro nesta semana

Yasmin Ibrahim*
postado em 21/05/2021 13:14 / atualizado em 21/05/2021 13:16
 (crédito: Divulgação )
(crédito: Divulgação )

Com a Índia sendo assolada pela covid-19, numa forte onda causada pela chamada "variante indiana", o mundo segue em alerta para conter o avanço da nova cepa. Locais como o Reino Unido, por exemplo, já enxergam riscos à saída do lockdown diante da ameaça, apontada pelos cientistas britânicos como até 50% mais transmissível. Identificada em 50 países, a cepa indiana foi verificada em território brasileiro nesta semana, mas o Brasil segue recebendo voos e embarcações da Índia. Mas, afinal, o que se sabe sobre ela?

Chegada ao Brasil

Nesta quinta-feira (20/5), a Secretaria do estado de Saúde do Maranhão (SES/MA) confirmou os primeiros casos da variante indiana. A cepa foi detectada no navio MV Shandong da Zhi, que veio da Malásia para o Brasil em 14 de maio. Enquanto apenas um dos infectados está internado em São Luís, os demais estão em quarentena no navio, que está em alto mar, a mais de 35 km da costa. Segundo a SES, 15 dos 23 tripulantes da embarcação testaram positivo para a covid-19. Além disso, pelo menos 100 pessoas tiveram contato com os tripulantes infectados, e estão sendo monitoradas pelo governo local.

Variações

A cepa indiana tem mais de uma variação. Elas são a B.1.617.1, a B.1.617.2 e a B.1.617.3 e foram descobertas na Índia entre outubro e dezembro de 2020.

Perigo

A Dra. Maria Van Kerkhove, PhD., epidemiologista e líder técnica da entidade no combate à covid-19 da Organização Mundial de Saúde (OMS), declarou à Reuters: “estamos classificando a B.1.617 como uma variante de atenção em nível global”.

A OMS classificou apenas outras três cepas como variantes de atenção além da indiana: B.1.1.7(Reino Unido), B.1.351 (África do Sul), e P1 (de Manaus).

Mutação

As mutações do vírus funcionam com válvulas de escape, uma forma de burlar o sistema imunológico e, por isso, podem ocorrer as reinfecções. Isso pode acontecer mesmo com quem já foi vacinado, por isso a preocupação. "Ter duas dessas mutações que foram identificadas em outras variantes em outras partes do mundo é preocupante", destaca Kerkhove.

Ciência
Atualmente, o estudo mais avançado sobre a variante indiana é do Grupo Independente de Aconselhamento Científico para Emergências (Indie-Sage), do Reino Unido. No momento, a cepa que atinge mais o pais é a B.1.1.7, também conhecida como VUI. Segundo a Indie-Sage, caso a variante indiana seja de 30% a 40% mais transmissível que a VUI, é possível que o Reino Unido viva uma terceira onda muito pior que as anteriores. Segundo a BBC, no entanto, cientistas britânicos, no entanto, já trabalham com a possibilidade da cepa ser até 50% mais transmissível.

Cenário na Índia

Nesta quinta-feira (20/5), a Índia bateu recorde de mortes em 24 horas pelo novo coronavírus, com 4.529 mortes no país em um dia. A marca anterior era dos Estado Unidos, com 4.475 mortes em um dia. Atualmente, a Índia está no 3° lugar com países com mais mortes (291 mil), atrás dos Estados Unidos (587 mil) e do Brasil (439 mil).

Cepa pelo mundo

A variante indiana já foi encontrada em mais de 50 países: Reino Unido, EUA, Alemanha, Singapura, Austrália, Dinamarca, Irlanda, Itália, Bélgica, Suíça, Japão, França, Holanda, Canadá, Bahrein, Espanha, China, Nova Zelândia, Polônia, Suécia, África do Sul, Indonésia, Portugal, Angola, México, Luxemburgo, Romênia, Coréia do Sul, Rússia, Jordânia, Uganda, Bangladesh, Noruega, República Checa, Malásia, Aruba, Tailândia, Guadalupe, Grécia, São Martinho, Sri Lanka, Curaçao, Áustria, Marrocos, Ilha da Reunião, Eslovênia, Cambodia, Botswana e Argentina.

*Estagiária sob supervisão de Ed Wanderley

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