Viagem

Pronto para voltar a viajar? Cuidado com as superbactérias, diz estudo

Viajantes internacionais podem propagar "superbactérias" resistentes a antibióticos, mostra publicação da Genome Medicine

Agência France-Presse
postado em 08/06/2021 19:59
 (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
(crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Aviso para os turistas que planejam voltar a viajar no próximo verão: ao sair de seu país, é possível que traga de volta "superbactérias" que se tornaram resistentes a medicamentos, de acordo com um estudo publicado nesta semana pela revista científica Genome Medicine.


Pesquisadores americanos e holandeses estudaram os efeitos das viagens internacionais sobre as bactérias de nosso estômago, analisando fezes de 190 viajantes holandeses antes e depois de visitas a países na África e na Ásia.


Após o retorno dos viajantes, testes mostraram uma "quantidade significativa" de genes bacterianos resistentes aos medicamentos antimicrobianos, o que faz com que o uso de antibióticos de uso comum seja ineficaz.


Os pesquisadores também observaram que um terço dos participantes que viajaram ao sudeste asiático tinham um gene resistente a um antibiótico de "último recurso", usados, por exemplo, para tratar infecções como pneumonia ou meningite.


"Os resultados mostram claramente que os viajantes internacionais representam um risco de propagar a resistência aos antimicrobianos no mundo todo", declarou Alaric D'Souza, co-autor do estudo.


Os genes destas "superbactérias" geralmente se desenvolvem naturalmente durante milênios quando expostos a antibióticos produzidos por outras bactérias em seu entorno.


Mas o maior uso de antibióticos por parte dos seres humanos acelerou o processo.


O estudo alerta que esta tendência ameaça 70 anos de progresso nos tratamentos de doenças infecciosas. Segundo os pesquisadores, os genes resistentes variam de acordo com o local visitado.


Os especialistas se mostraram particularmente preocupados com os viajantes que voltavam do sudeste asiático com o gene mcr-1, resistente à colinistina, um antibiótico de "último recurso" usado quando outros já não fazem efeito.


“É vital abordarmos a resistência aos antimicrobianos em países de baixa renda, com altas taxas de resistência e baixos orçamentos de saúde pública”, disse Alaric D'Souza.


“Essa abordagem internacional não só ajudará os países em questão, mas também poderá beneficiar outros ao reduzir a disseminação internacional de genes resistentes”, concluiu.


© Agence France-Presse

 

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