A intenção de um grupo de cientistas dos EUA é começar a prevenção às consequências da prematuridade antes mesmo do nascimento das crianças. “Se soubermos que a mãe corre o risco de ter um parto antes do tempo normal, o médico pode monitorá-la mais de perto e evitar complicações”, afirma, em um comunicado, Hanne Hoffmann, professora da Universidade de Michigan.
Na pesquisa publicada no Journal Biology of Reproduction, a cientista e sua equipe avaliaram amostras sanguíneas de 157 grávidas saudáveis sem histórico de partos prematuros — sendo que 51, ao longo do estudo, deram à luz antes do previsto. As análises indicaram que, durante o segundo trimestre da gravidez, grande parte do grupo de mães com partos prematuros demonstrou níveis mais baixos de mRNA dos genes CRY2 e CLOCK, que são algumas das estruturas genéticas responsáveis pela regulação do relógio biológico de grande parte das células humanas.
Os cientistas acreditam que esses níveis mais baixos de mRNA podem estar relacionados a riscos maiores de nascimento prematuro. Dessa forma, exames de sangue capazes de identificar essas alterações poderiam ser inseridos facilmente no pré-natal. Os pesquisadores também estão interessados em avaliar melhor outros genes relacionados ao relógio circadiano, pois suspeitam que muitos deles podem indicar outras complicações da gravidez, como pré-eclâmpsia e diabetes gestacional.
Mais estudos
Renata de Souza Reis, ginecologista e obstetra da clínica Luz do Candeeiro, em Brasília, avalia que o estudo é voltado para um tema pouco explorado cientificamente e que, por isso, merece mais investigações. “Ainda serão necessários mais estudos, com maior quantidade de análises, para se estabelecer a relevância clínica dessas descobertas”, justifica.
Para a médica, enquanto não existe um exame que ajude a prever os riscos de um parto prematuro, é necessário prestar atenção a fatores de risco já conhecidos. “Histórico de partos anteriores, uso de álcool, de tabaco e de outras drogas são alguns dos fatores que podem contribuir para o nascimento precoce”, lista. “Por enquanto, é na identificação e no manejo adequado desses fatores que os profissionais que prestam assistência a mulheres grávidas devem concentrar seus esforços”, defende.