Pesquisadores britânicos alertam para a rápida propagação da malária aviária, uma enfermidade que não atinge os humanos, mas pode levar à extinção de pássaros. Os autores do trabalho científico, publicado na revista especializada Global Ecology and Biogeography, também pedem para que mais especialistas monitorem os pontos do globo com maior transmissão do parasita causador da doença, responsável por surtos letais no passado.
A equipe compilou e analisou o maior conjunto de dados relacionados a infecções de pássaros selvagens até o momento, com mais de 53 mil aves examinadas. Eles combinaram o material com informações ambientais de sensoriamento remoto, como clima e condições da floresta, e dados biológicos dos animais — tamanho do corpo e padrões de migração, por exemplo. Modelos de computador ajudaram os investigadores a entender melhor os riscos de propagação da doença.
Os resultados da análise indicam taxas de malária aviária maiores do que o esperado. “Agora, a doença afeta algo entre 13% e 14% de todas as aves selvagens do mundo. Esse é um dado alto, imaginávamos números duas vezes menores”, afirma, em comunicado, Nicholas Clark, pesquisador da Universidade de Queensland, no Reino Unido, e principal autor da pesquisa.
Com o estudo, a equipe também conseguiu mapear as regiões com os maiores registros de casos da doença. “Descobrimos que existem ‘pontos de acesso’ que transmitem esses parasitas com mais facilidade, e os mais significativos estão na América do Norte, na Europa e na Austrália, mas com cepas diferentes em cada um deles”, detalha Clark.
Monitoramento
O pesquisador e sua equipe têm conduzido mais investigações para entender por que a doença — que, como a malária humana, é transmitida por meio de insetos que se alimentam de sangue — está se espalhando tão rapidamente. Clark enfatiza que o trabalho é essencial, por se tratar de uma enfermidade com impactos significativos nas populações de pássaro. “Por exemplo, quando a malária aviária chegou ao Havaí, no fim de 1800 até o início de 1900, foi uma das principais causas de extinção de cerca de um terço das 55 espécies conhecidas de trepadeiras”, ilustra.
Para os autores, os dados obtidos devem ser usados no desenvolvimento de medidas que evitem mais extinções de animais. “Vamos continuar a pesquisar para descobrir a melhor forma de proteger as aves contra essa doença mortal, mas adiantamos que um monitoramento mais minucioso dos pontos que oferecem maior perigo aos pássaros poderá contribuir para essa tarefa. Esse é um tipo de avaliaç
ão que pode ser feita por pesquisadores de diversos países”, convida Konstans Wells, pesquisador da Swansea University, no Reino Unido, e um dos autores do estudo.
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