Os países em desenvolvimento brigaram até o fim para garantir compensações financeiras, mas obtiveram um resultado discreto. O enviado especial dos Estados Unidos, John Kerry, seu homólogo chinês, Xie Zhenhua, e o vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, passaram os últimos dias alternando conversas com os vários grupos de negociadores, para alinhavar um texto que, após os discursos de encerramento do evento, foi praticamente aceito por unanimidade, embora com duras críticas.
Logo após o anúncio do acordo, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, alertou que o mundo ainda segue às portas de uma catástrofe climática. "(O acordo) reflete os interesses, as contradições e o estado de vontade política do mundo, hoje. É um passo importante, mas não é o suficiente. É hora de ligar o modo emergência", declarou.
Os diferentes grupos de países em desenvolvimento decidiram não bloquear o avanço das negociações, apesar de não terem sido contemplados com a criação de um instrumento formal internacional que desse resposta ao problema do financiamento das chamadas perdas e danos decorrentes do aquecimento global.
O projeto de declaração debatido nas últimas horas da conferência de Glasgow apenas propunha acelerar a aplicação das medidas técnicas já previstas, sem metas temporais.
"Entendemos que (essa linguagem) não reflete nem prejudica a solução que queremos sobre o financiamento de perdas e danos para os mais vulneráveis", disse o representante de Guiné, Amadou Sebory Touré, líder do grupo de negociação G77 China, que reúne mais de 100 países em desenvolvimento e emergentes.
A Aliança dos Pequenos Estados Insulares (Aosis, na sigla em inglês), referindo-se também ao espírito de "compromisso", assinalou que o esboço da declaração inclui avanços em "algumas de nossas prioridades", mas deixou clara a frustração do bloco. "Estamos muito decepcionados pela ausência de elementos sobre perdas e danos e expressaremos nossas demandas em seu devido momento", registrou a Aosis em nota.
O enviado dos EUA, John Kerry, tentou, por sua vez, tranquilizar os países desfavorecidos: "estamos dispostos a participar do diálogo sobre perdas e danos e a contribuir para o seu sucesso", garantiu Kerry.
Já o representante da União Europeia, que também se opôs ao mecanismo internacional, reconheceu que esse é apenas o "começo do que temos de faz er em matéria de perdas e danos".
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