Depressão

Pesquisa estima que 5% da população adulta do planeta vive com depressão

Os pesquisadores defendem que, para combater o mal, é necessário uma série de ações urgentes, como a mudança de classificação da enfermidade e os protocolos de tratamento

Correio Braziliense
postado em 16/02/2022 06:00
 (crédito: Kieferpix/University College London/Divulgação)
(crédito: Kieferpix/University College London/Divulgação)

A depressão é um problema de saúde em crescimento exponencial em praticamente todo o mundo, e esse aumento de casos deve ser freado o quanto antes. É o que defende um grupo de cientistas internacionais. Em um artigo publicado na revista especializada The Lancet, os pesquisadores estimam que 5% da população adulta em todo o globo esteja vivendo com esse transtorno, e defendem que, para combater o mal, é necessário uma série de ações urgentes, como a mudança de classificação da enfermidade e os protocolos de tratamento. Os especialistas também pedem um trabalho conjunto de governantes, prestadores de cuidados de saúde, pesquisadores, pacientes e seus familiares. 

O artigo é assinado pela comissão Tempo para uma ação unida sobre a depressão, composta por 25 especialistas de 11 países — incluindo o Brasil —, que trabalham em áreas diversas, além da contribuição de pessoas que conviveram com esse problema. No trabalho, os pesquisadores destacam que, em países de alta renda, cerca de metade das pessoas que sofrem com o distúrbio mental não são diagnosticadas ou tratadas, e esse número aumenta para 80% a 90% em nações de baixa e média renda. Para os cientistas, esse cenário é o reflexo de várias falhas de políticas públicas. "Indiscutivelmente, não há outra condição de saúde que seja tão comum, tão onerosa, tão universal ou tão tratável quanto a depressão, mas que recebe pouca atenção política e recursos", declarou, em um comunicado à imprensa, Christian Kieling, copresidente da comissão e professor associado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Os pesquisadores também destacam a má compreensão dessa condição e a falta de recursos psicossociais e financeiros como fatores que influenciam o grande número de casos não tratados. "Tratamentos psicossociais e médicos eficazes são de difícil acesso, enquanto altos níveis de estigma ainda impedem muitas pessoas, principalmente adolescentes e jovens em risco ou experimentando depressão, de buscar a ajuda necessária para ter uma vida saudável e produtiva", acrescentou o especialista.

Classificação

Para mudar esse cenário, os especialistas apresentam uma série de recomendações, entre elas, uma mudança no sistema de classificação da doença usado atualmente. Para os cientistas, o uso de apenas duas categorias — depressão clínica ou não — é simplista. Eles argumentam que esta é uma condição complexa, com uma diversidade de sinais e distintos níveis de gravidade. O grupo apoia uma abordagem personalizada e por etapas, que reconheça a cronologia e a intensidade dos sintomas e recomende intervenções adaptadas às necessidades específicas do indivíduo e à forma da doença. "Dois pacientes não compartilham a história de vida e constituição exatas, o que acaba levando a uma experiência única de depressão e diferentes necessidades de ajuda, apoio e tratamento", explicou Vikram Patel, um dos membros da comissão e pesquisador da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.

Os especialistas também defendem o trabalho de pessoas recrutadas em pequenos nichos locais, como agentes comunitários de saúde, que podem ajudar a resolver o problema da escassez aguda de profissionais especializados no tema, principalmente em países de baixa renda. Para os cientistas, esses agentes também poderiam informar melhor a população sobre o tema e, dessa forma, contribuir para reduzir o estigma da doença. Além de mais pesquisas, os pesquisadores acreditam que o investimento em programas de prevenção da é algo extremamente necessário e que deve ser intensificado nos próximos anos, devido principalmente aos danos psicológicos desencadeados durante a pandemia de covid-19.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação