Pandemia

Forma grave da covid-19 pode causar malefícios à microbiota humana

Amostras de pacientes britânicos mortos pela doença revelam que o coronavírus altera ambiente gastrointestinal, desregulando uma importante estratégia de defesa do organismo. Descoberta pode levar a tratamentos mais efetivos

Na forma grave, a covid-19 pode causar malefícios à microbiota humana, segundo uma pesquisa inglesa. No estudo, publicado na última edição da revista Frontiers in Immunology, os especialistas analisaram amostras do intestino de pacientes que morreram devido ao novo coronavírus e constataram o impacto da infecção no sistema imunológico do órgão. Os especialistas acreditam que os dados vistos podem, futuramente, servir como base para o desenvolvimento de novas estratégias de combate ao micro-organismo.

"Embora a disfunção respiratória seja o sintoma mais comum do novo coronavírus, foram identificados, em muitos pacientes, problemas envolvendo o trato gastrointestinal, incluindo vômitos e diarreia", justificaram os autores, no estudo. "Além disso, o RNA viral foi encontrado em amostras de fezes de muitos doentes, o que nos fez acreditar que esse patógeno poderia causar danos aos microrganismos que compõem o intestino."

Para esclarecer essa questão, os pesquisadores analisaram amostras do trato gastrointestinal de nove pacientes (sete homens e duas mulheres) que morreram após serem diagnosticados com covid-19 durante a primeira onda da pandemia no Reino Unido. Eles observaram que o sistema responsável por regular a composição das comunidades microbianas — também conhecido como placa de Peyer — sofreu desequilíbrio no organismo dessas pessoas.

Os cientistas explicam que os folículos linfoides que compõem a placa de Peyer e que revestem todo o intestino delgado sofreram uma série de alterações nos pacientes analisados. De acordo com os pesquisadores, essas mudanças observadas são extremamente relevantes, já que os folículos são responsáveis pela produção de células de defesa do corpo. "Essas células são produtoras de anticorpos, e os desequilíbrios visualizados podem ter atrapalhado, nos pacientes que morreram de covid, a resposta de defesa do organismo", detalharam os autores.

Os pesquisadores explicam que essa baixa imunidade local pode reduzir a diversidade microbiana, um problema de saúde conhecido como disbiose, que é prejudicial ao equilíbrio do organismo. "O estudo mostra que, na covid-19 grave, a função desse componente-chave do sistema imunológico é interrompida, independentemente da presença do Sars-CoV-2 no intestino, o que demonstra a força da infecção no organismo humano", explicou Jo Spencer, pesquisador do King's College London, no Reino Unido, e um dos autores do estudo. 

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Vacina

Os cientistas também destacam que as descobertas sugerem que o uso de vacinas orais para o coronavírus pode não ser uma boa estratégia, já que, caso o paciente esteja doente, seu sistema imunológico do intestino pode estar comprometido. "Uma vez que a imunidade do intestino está comprometida, isso indica que o órgão não teria a capacidade de montar uma resposta de defesa eficiente, e os imunizantes não gerariam o efeito esperado", detalharam.

Segundo os especialistas, novas análises são necessárias, já que o número de avaliados no estudo foi pequeno, mas eles acreditam que os dados observados na pesquisa podem contribuir para o desenvolvimento de estratégias que ajudem a tratar o novo coronavírus com mais eficácia. "Nossa amostra é bem reduzida, mas os dados, provavelmente, devem ser semelhantes aos de outros pacientes que tiveram covid-19 e apresentaram sintomas intestinais diversos", detalhou Spencer. "No futuro, será importante entender os fatores que impulsionam essa desregulação de bactérias em respostas inflamatórias graves para conseguiremos entender como driblar esses danos gerado pelo patógeno."

Antibióticos prejudicam bebês

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Na forma grave, a covid-19 pode causar malefícios à microbiota humana, segundo uma pesquisa inglesa. No estudo, publicado na última edição da revista Frontiers in Immunology, os especialistas analisaram amostras do intestino de pacientes que morreram devido ao novo coronavírus e constataram o impacto da infecção no sistema imunológico do órgão. Os especialistas acreditam que os dados vistos podem, futuramente, servir como base para o desenvolvimento de novas estratégias de combate ao micro-organismo.

"Embora a disfunção respiratória seja o sintoma mais comum do novo coronavírus, foram identificados, em muitos pacientes, problemas envolvendo o trato gastrointestinal, incluindo vômitos e diarreia", justificaram os autores, no estudo. "Além disso, o RNA viral foi encontrado em amostras de fezes de muitos doentes, o que nos fez acreditar que esse patógeno poderia causar danos aos microrganismos que compõem o intestino."

Para esclarecer essa questão, os pesquisadores analisaram amostras do trato gastrointestinal de nove pacientes (sete homens e duas mulheres) que morreram após serem diagnosticados com covid-19 durante a primeira onda da pandemia no Reino Unido. Eles observaram que o sistema responsável por regular a composição das comunidades microbianas — também conhecido como placa de Peyer — sofreu desequilíbrio no organismo dessas pessoas.

Os cientistas explicam que os folículos linfoides que compõem a placa de Peyer e que revestem todo o intestino delgado sofreram uma série de alterações nos pacientes analisados. De acordo com os pesquisadores, essas mudanças observadas são extremamente relevantes, já que os folículos são responsáveis pela produção de células de defesa do corpo. "Essas células são produtoras de anticorpos, e os desequilíbrios visualizados podem ter atrapalhado, nos pacientes que morreram de covid, a resposta de defesa do organismo", detalharam os autores.

Os pesquisadores explicam que essa baixa imunidade local pode reduzir a diversidade microbiana, um problema de saúde conhecido como disbiose, que é prejudicial ao equilíbrio do organismo. "O estudo mostra que, na covid-19 grave, a função desse componente-chave do sistema imunológico é interrompida, independentemente da presença do Sars-CoV-2 no intestino, o que demonstra a força da infecção no organismo humano", explicou Jo Spencer, pesquisador do King's College London, no Reino Unido, e um dos autores do estudo. 

Vacina

Os cientistas também destacam que as descobertas sugerem que o uso de vacinas orais para o coronavírus pode não ser uma boa estratégia, já que, caso o paciente esteja doente, seu sistema imunológico do intestino pode estar comprometido. "Uma vez que a imunidade do intestino está comprometida, isso indica que o órgão não teria a capacidade de montar uma resposta de defesa eficiente, e os imunizantes não gerariam o efeito esperado", detalharam.

Segundo os especialistas, novas análises são necessárias, já que o número de avaliados no estudo foi pequeno, mas eles acreditam que os dados observados na pesquisa podem contribuir para o desenvolvimento de estratégias que ajudem a tratar o novo coronavírus com mais eficácia. "Nossa amostra é bem reduzida, mas os dados, provavelmente, devem ser semelhantes aos de outros pacientes que tiveram covid-19 e apresentaram sintomas intestinais diversos", detalhou Spencer. "No futuro, será importante entender os fatores que impulsionam essa desregulação de bactérias em respostas inflamatórias graves para conseguiremos entender como driblar esses danos gerado pelo patógeno."