Arqueologia

Pesquisa ajuda a explicar como sítio de Stonehenge era usado como calendário

Descobertas recentes sobre a história do círculo de pedra, juntamente com a análise de outros sistemas de contagem do tempo, levaram o professor Timothy Darvill, da Universidade de Bournemouth, a rever a localidade

Correio Braziliense
postado em 02/03/2022 06:00
 (crédito: ADRIAN DENNIS)
(crédito: ADRIAN DENNIS)

Há muito se pensava que o famoso sítio arqueológico de Stonehenge, na Inglaterra, servia como um calendário antigo, dado seu alinhamento com os solstícios. Agora, uma pesquisa identificou como isso pode ter funcionado. Descobertas recentes sobre a história do círculo de pedra, juntamente com a análise de outros sistemas de contagem do tempo, levaram o professor Timothy Darvill, da Universidade de Bournemouth, a rever a localidade, chegando a novas conclusões.

As análises, publicadas na revista Antiquity, concluíram que o local foi projetado como um calendário solar. "O claro alinhamento solsticial de Stonehenge levou as pessoas a sugerirem que o local incluía algum tipo de calendário desde as hipóteses levantadas pelo antiquário William Stukeley (no século 17)", disse Darvill, da Universidade de Bournemouth. Crucialmente, pesquisas recentes mostraram que as pedras sarracenas (tipo de bloco calcário) de Stonehenge foram adicionadas durante a mesma fase de construção, por volta de 2,5 mil a.C. Elas são provenientes da mesma área, indicando que foram trabalhadas em uma única unidade.

O professor Darvill analisou essas pedras, examinando sua numerologia e comparando-as com outros calendários conhecidos desse período. Ele identificou um sistema de contagem de tempo, sugerindo que as formações calcárias serviam como uma representação física do ano, o que ajudava os antigos habitantes de Wiltshire a acompanhar os dias, semanas e meses.

Mês intercalar

"O calendário proposto funciona de uma forma muito simples. Cada uma das 30 pedras no círculo representa um dia dentro de um mês, dividido em três semanas, cada uma de 10 dias", disse Darvill, observando que as pedras distintas no círculo marcam o início de cada semana. Além disso, um mês intercalar de cinco dias e um dia bissexto a cada quatro anos eram necessários para corresponder ao ano solar. "O mês intercalar, provavelmente dedicado às divindades do local, é representado pelos cinco trilitos no centro do local", disse o professor Darvill. Tirilitos são as grandes pedras na vertical, com uma na horizontal por cima, características de Stonehenge. "As quatro Pedras da Estação fora do Círculo Sarraceno fornecem marcadores para o salto até um salto dia."

Os solstícios de inverno e verão seriam emoldurados pelos mesmos pares de pedras todos os anos. Um dos trilitos também enquadra o solstício de inverno, indicando que pode ter sido o ano novo. Esse alinhamento também ajuda a calibrar o calendário — quaisquer erros na contagem dos dias seriam facilmente detectáveis, pois o Sol estaria no lugar errado. Tal calendário, com semanas de 10 dias e meses extras, pode parecer incomum hoje. No entanto, sistemas como ele foram adotados por muitas culturas orientais durante esse período.

Darvill espera que pesquisas futuras possam esclarecer essas possibilidades. DNA antigo e artefatos arqueológicos podem revelar conexões entre essas culturas. No entanto, a identificação de um calendário solar em Stonehenge deve transformar a forma como o vemos, acredita. "Encontrar um calendário solar representado na arquitetura de Stonehenge abre uma nova maneira de ver o monumento, como um lugar onde o tempo das cerimônias e festivais estava conectado ao próprio tecido do universo e aos movimentos celestes."

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação