Pandemia

Variantes genéticas ligadas ao agravamento da covid

Correio Braziliense
postado em 08/03/2022 00:01
 (crédito: YASUYOSHI CHIBA)
(crédito: YASUYOSHI CHIBA)

Um estudo com dados de mais de 50 mil pessoas revela novas peças genéticas relacionadas à forma grave da covid-19. No trabalho, cientistas identificaram genes associados a problemas como coagulação do sangue, intensidade da inflamação e resposta errônea do sistema imune em infectados pelo Sars-CoV-2 que evoluíram para quadros graves. Detalhes do trabalho foram apresentados na revista especializada Nature.

"Esses resultados explicam por que algumas pessoas desenvolvem covid-19 com risco de vida, enquanto outras não apresentam nenhum sintoma. Mas o mais importante é que ele nos dá uma compreensão profunda do processo da doença e é um grande passo à frente na busca por tratamentos mais eficazes", enfatiza, em comunicado, Kenneth Baillie, principal autor do estudo e pesquisador da Universidade de Edimburgo, na Escócia.

A equipe do GenOMICC, um grupo científico de colaboração global para a análise de doenças críticas, sequenciou o genoma de 7.491 pessoas tratadas em centros médicos do Reino Unido devido à infecção pelo novo coronavírus. Esse material foi comparado com o DNA de 48.400 indivíduos que não tiveram a doença e com o de um terceiro grupo, composto por 1.630 voluntários com covid leve.

A análise indicou diferenças significativas em 16 genes presentes no DNA de infectados que precisaram de tratamento na UTI, quando comparados ao restante da amostra. Os cientistas também observaram o envolvimento de sete outras variações genéticas já associadas à forma severa da covid-19 em estudos anteriores conduzidos por eles. Os pesquisadores, então, deram destaque a um gene que interrompe uma molécula mensageira-chave na sinalização do sistema imunológico, a interferon alfa-10. Quando presente, essa variante foi suficiente para aumentar o risco de agravamento da infecção pelo Sars-CoV-2.

Segundo a equipe, os resultados podem ser usados para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes e até ajudar a prever quais infectados apresentam maior risco de complicação. "A coagulação do sangue é uma das principais razões pelas quais os pacientes com covid desenvolvem falta de oxigênio. Portanto, isso é potencialmente direcionável para impedir a formação desses coágulos", ilustra Baillie.

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Danos cerebrais

Também publicado na Nature, um estudo da Universidade de Oxford, no Reino Unido, indica uma série de alterações no cérebro após a covid leve. Ao avaliar 785 voluntários com 51 a 81 anos, os cientistas identificaram maior redução na espessura da substância cinzenta no córtex orbito-frontal e no giro para-hipocampal (regiões associadas ao olfato e à memória). Os pacientes também sofreram danos em tecidos de regiões do córtex olfativo, ligado ao olfato, e redução média no tamanho do cérebro. Os participantes foram submetidos a exames de imagem cerebral e a testes cognitivos.

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