Surto atípico

Varíola do macaco pode ser controlada, diz OMS

A agência das Nações Unidas convocou, na sexta-feira, uma reunião de emergência para discutir a disseminação do vírus

Correio Braziliense
postado em 24/05/2022 06:00
 (crédito: RICHARD JUILLIART)
(crédito: RICHARD JUILLIART)

O aumento de casos de varíola do macaco em países da Europa, nos Estados Unidos, na Austrália e no Canadá — são ao menos 200 pessoas infectadas desde o último dia 7 — "pode ser detido nessas regiões não endêmicas da doença", afirmou ontem a Organização Mundial da Saúde. A agência das Nações Unidas convocou, na sexta-feira, uma reunião de emergência para discutir a disseminação do vírus e segue tratando o fenômeno como um surto atípico.

"É a primeira vez que vemos casos em muitos países e, ao mesmo tempo, em pessoas que não viajaram para regiões endêmicas da África", disse Rosamund Lewis, que dirige a secretaria da OMS para a varíola do macaco no programa de emergências da agência da ONU. Nigéria, Camarões, República Centro-Africana e República Democrática do Congo são países em que há registros recorrentes da doença, cujo primeiro caso foi diagnosticado em 1970 em uma criança de 12 anos.

Segundo Lewis, ainda não se sabe se o vírus que tem infectado pessoas fora do continente africano sofreu mutações, mas que o grupo ao qual ele pertence, o orthopoxvírus, "tende a permanecer estável". A transmissão se dá principalmente a partir do contato com sangue, fluidos corporais, lesões na pele ou membranas mucosas de animais infectados.

De humano para humano, o contágio é baixo, o que segundo a OMS, favorece as medidas de contenção do vírus. "Queremos deter a transmissão de pessoa para pessoa. Podemos fazer isso nos países não endêmicos (...) É uma situação que pode ser controlada", declarou Maria Van Kerkhove, diretora da agência para o combate às doenças emergentes e zoonoses.

Isolamento

Na avaliação da especialista, estamos em uma situação em que é possível "recorrer a ferramentas de saúde pública de detecção precoce e isolamento supervisionado de casos". Ela explica que a transmissão ocorre por "contato físico próximo: contato pele a pele", e que, na maioria dos casos identificados, as pessoas não desenvolveram nenhuma forma grave da doença.

Na mesma linha, o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) enfatizou, ontem, que o risco de contágio por varíola do macaco é "muito baixo" entre a população em geral, diferentemente do que pode acontecer entre pessoas com múltiplos parceiros sexuais. Isso porque "é considerada alta a probabilidade de o vírus se espalhar mais por contatos próximos, por exemplo, em atos sexuais ou entre pessoas que têm múltiplos parceiros sexuais", explicou.

Ainda de acordo com o ECDC, crianças pequenas, mulheres grávidas e pessoas imunossuprimidas podem ser acometidos por formas mais graves desse tipo de varíola. A agência também alertou para o risco de ocorrência de transmissão do patógeno de humano para animal. Nesse caso, "existe o risco de a doença se tornar endêmica na Europa".

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Sem tratamento

Não há tratamento para a varíola do macaco, mas seus sintomas geralmente desaparecem dentro de duas a três semanas. O mais característico são as erupções cutâneas na face, nas palmas das mãos e nas solas dos pés. Os infectados também podem ser acometidos por febre, dores de cabeça e musculares, linfonodos inchados, calafrios e fadiga.

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