Os antioxidantes são valiosos para a saúde porque conseguem evitar os danos relacionados ao envelhecimento e combater os radicais livres, elementos químicos produzidos pelo corpo que, em excesso, podem ser tóxicos. Pesquisadores têm se dedicado a estudar o comportamento dessas moléculas na tentativa de desenvolver estratégias que potencializem os benefícios já constatados. Um dos principais campos de investigação são frutas e legumes naturalmente ricos nessas substâncias poderosas.
Uma equipe da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos, investiga os efeitos das ameixas secas, dando foco a mulheres mais velhas que consomem o alimento frequentemente. "As intervenções nutricionais não farmacêuticas estão se tornando cada vez mais populares, e esse fruto tem sido extensivamente estudado como uma intervenção potencial em algumas populações que sofrem com problemas ósseos, como a osteoporose", relata, em comunicado, Connie J. Rogers. A pesquisadora e colegas divulgaram os resultados do estudo em um artigo publicado recentemente na revista Advances in Nutrition.
No trabalho, os pesquisadores revisaram mais de 18 estudos científicos e concluíram que as voluntárias na pós-menopausa que consumiam de 50g e 100g por dia de ameixa seca apresentavam menos risco de sofrer com perda óssea. Com base em diversos ensaios clínicos (humanos) e pré-clínicos (animais), os pesquisadores sugerem que os compostos fenólicos (grupo de antioxidantes) e o teor de fibra alimentar presente na fruta podem alterar o microbioma intestinal, diminuindo a circulação de marcadores inflamatórios e melhorando a renovação óssea.
"Há evidências crescentes, incluindo agora o nosso trabalho, de que esses efeitos protetores ósseos das ameixas secas podem estar ligados a sua atividade antioxidante e anti-inflamatória", enfatiza Rogers. Na avaliação de Iara Calazans, nutricionista da Clínica Corporeum, em Brasília, os dados obtidos pela equipe americana contribuem para o desenvolvimento de estratégias que podem ajudar a favorecer um envelhecimento mais saudável.
"Em uma época em que a população cresce muito e, principalmente, em longevidade, uma pesquisa assim é muito válida. Ela aposta em uma fruta desidratada, fala da ação antioxidante e anti-inflamatória exercida pelos compostos fenólicos e pela quantidade de fibras presentes na ameixa", diz.
Cristiano Sampaio, nutricionista ortomolecular do Hospital Santa Marta, em Brasília, tem opinião semelhante. "O trabalho tem uma boa abordagem, tendo em vista o crescimento da necessidade do conhecimento ortomolecular sobre a prevenção e o tratamento de doenças e a manutenção da saúde e da longevidade", afirma. "Acredito que novos estudos devem ser feitos para uma melhor análise e um amplo conhecimento sobre o assunto."
Segundo Sampaio, como é um alimento rico em nutrientes e compostos fenólicos, a ameixa pode melhorar o perfil antioxidante de quem a ingere diariamente. "Um dos fatores que pode ser destacado nesse alimento é a grande quantidade de magnésio e cálcio. Costumo chamar o magnésio de mineral rei, pois participa de 650 reações fisiológicas conhecidas e estudadas em nosso corpo", detalha. "Já o magnésio participa intensamente no processo antioxidante do organismo humano. Através dele, uma substância chamada glutationa é produzida, e ela é um dos principais antioxidantes que o corpo produz."
Efeitos combinados
Na Polônia, cientistas da Universidade de Ciências da Vida de Pozna apostam em uma combinação de alimentos: o pepino, que é rico em antioxidantes, e o creme de leite. Em um estudo publicado no Journal of Dairy Science, a equipe relata que adicionou o vegetal fresco ou em conserva ao laticínio e obteve resultados promissores.
Os cientistas colocaram, em recipientes distintos, creme azedo, creme azedo com pepino fresco ou creme azedo com pepino em conserva e mantiveram as misturas expostas à luz durante três semanas. No fim do período de descanso e fermentação, constatou-se que, na combinação de creme de leite com pepino em conserva, houve uma diminuição significativa no teor de colesterol, além de um aumento significativo na atividade antioxidante.
Nas outras combinações, os fenômenos não foram observados. "Embora trabalhos futuros sejam necessários para entender melhor como as bactérias lácticas se comportaram nesse cenário, esse estudo mostra que a adição de pepinos em conserva ao creme de leite pode reduzir o colesterol e melhorar as propriedades antioxidantes de laticínios, e essa é uma alternativa que pode facilmente ser adotada pela indústria", enfatizam os autores.
Uma das integrantes da equipe de cientistas, Dorota Cais-Sokoliska justifica a escolha pelo pepino. "É uma matéria-prima ideal para a produção de alimentos fermentados. Já os pepinos em conserva, produzidos por fermentação espontânea, apresentam uma quantidade e variedade de micro-organismos maior. Resolvemos avaliar se usar esse produto traria ainda mais benefícios nutricionais ao ser adicionado aos industrializados."
Para o nutricionista Cristiano Sampaio, os cientistas acertaram ao traçar uma linha de conhecimento em relação a produtos fermentados — que são repletos de probióticos, que influenciam na saúde do intestino e do corpo —, os testando como um forte antioxidante. "Podemos concluir que novos estudos sobre o assunto serão bem-vindos, pois poderão nos revelar informações ainda mais valiosas relacionadas a esses alimentos", afirma.