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Julho Turquesa: oftalmologista fala sobre a Síndrome do Olho Seco

No Brasil celebrando o Julho Turquesa: Mês da Conscientização do Olho Seco,ressalta a importância da procura ao oftalmologista para o correto diagnóstico e tratamento

Luísa Mariana Moura*
postado em 22/07/2022 14:18
 (crédito: Freepik/Divulgação)
(crédito: Freepik/Divulgação)

A Síndrome do Olho Seco é uma doença que acomete a saúde ocular, gera desconforto e prejudica a visão. Neste mês é comemorado o Julho Turquesa: Mês da Conscientização do Olho Seco, com o objetivo de informar a população sobre a doença que interfere diretamente a qualidade de vida e visão. O diagnóstico dessa doença pode ser feito em consulta de rotina, inclusive em casos assintomáticos.

O Correio conversou com a oftalmologista Dra. Renata Magalhães, especialista em córnea e cirurgia refrativa do Hospital de Olhos INOB, que explicou um pouco sobre a doença e tirou algumas dúvidas. Ela explica que a síndrome do olho seco ocorre quando há evaporação excessiva das lágrimas e/ou sua produção é insuficiente. É importante ressaltar que fatores ambientais como elevada altitude, baixa umidade do ar, calor excessivo, uso prolongado de telas podem acelerar a perda de lágrimas mesmo em olhos normais.

"O filme lacrimal é essencial para a nutrição, lubrificação e proteção das estruturas oculares, além de exercer importante papel nas propriedades óticas do olho. A produção lacrimal pode ser afetada por diversos fatores como uso de determinados medicamentos (por exemplo, anticoncepcionais orais, antidepressivos e anti-histamínicos), algumas doenças sistêmicas (ex: Artrite reumatóide, Lúpus, Síndrome de Sjogren) e lesão direta às glândulas lacrimais ou às estruturas relacionadas a sua regulação, como ocorre, por exemplo, nas queimaduras químicas oculares", detalha a médica.

" A evaporação excessiva pode ocorrer isoladamente ou acompanhando a diminuição da produção lacrimal e ocorre normalmente em decorrência de doenças perioculares como a blefarite ou pela exposição excessiva da superfície ocular.", continua a doutora. Veja as respostas para outras dúvidas comuns sobre a doença:


Quais os sintomas da síndrome do olho seco? É possível diagnosticá-la numa consulta de rotina?

Nem todo paciente com olho seco terá queixas e a intensidade dos sinais e sintomas podem variar significativamente. Independentemente da causa, a maioria dos casos de olho seco apresentam sintomas semelhantes como ardência, coceira, sensação de corpo estranho, fotofobia, cansaço ocular e vermelhidão que podem surgir isoladamente ou associados. Pode ocorrer ainda visão embaçada e sensação de ressecamento dos olhos. Normalmente esses sintomas são progressivos ao longo do dia e pioram em determinadas condições como, por exemplo, ambientes com ar condicionado ou quando se trabalha muitas horas diante de um computador.


Usuários de lentes de contato estão particularmente sujeitos a desconforto, especialmente durante o período de seca já que a maior evaporação da lágrima vai aumentar o atrito das lentes com a superfície ocular podendo provocar irritação e até mesmo lesões corneanas.


Essa síndrome tem cura?

Tem tratamento e este dependerá da causa. Um quadro de olho seco puramente evaporativo poderá ficar independente de medicações de uso contínuo se tratada a causa base do desequilíbrio do filme lacrimal e retirando-se os fatores ambientais de maior influência. Em outros casos os tratamentos terão o objetivo de amenizar os sintomas e minimizar os impactos no dia a dia.

Quais os fatores de risco? Como prevenir?

Alguns grupos estão mais sujeitos a desenvolver olho seco, como idosos, mulheres, especialmente após a menopausa, portadores de doenças autoimunes, diabéticos, entre outros. É importante assinalar que em decorrência de mudanças no estilo de vida, incluindo o uso excessivo de telas desde a infância, o número de crianças e adolescentes que chegam ao consultório com queixas relacionadas a olho seco tem aumentado.


Adotar medidas como o uso de umidificadores de ambiente, evitar que o ar-condicionado ou ventilador fiquem direcionados ao rosto, programar intervalos durante o uso dos eletrônicos, garantir a ingestão adequada de líquidos, evitar coçar os olhos e o uso de lubrificantes prescritos por seu médico oftalmologista podem ajudar a diminuir os sintomas.

Qual é o tratamento ideal?

Na maioria das vezes a causa da doença é multifatorial, incluindo fatores do indivíduo e do ambiente e por isso, muitas vezes o seu manejo irá incluir além do médico oftalmologista, outros especialistas como o reumatologista e o dermatologista.


O tratamento vai variar dependendo da causa, da gravidade do comprometimento e da condição da superfície ocular. Assim poderá ser desde uso esporádico de lubrificantes oculares e controle dos fatores do ambiente a uso de antiinflamatórios e antibióticos e até cirurgias.
A correta identificação de fatores que contribuem para o olho seco é essencial para determinar o tratamento específico mais apropriado para cada caso.

Quais são os principais prejuízos de não seguir corretamente o tratamento?

Casos mais graves da síndrome do olho seco podem levar a alterações permanentes da superfície ocular, como aderências e cicatrizes podendo, inclusive, resultar em uma baixa significativa da visão.

Um conselho de médica?

Visite seu oftalmologista pelo menos uma vez por ano. Isso vai ajudar na prevenção e detecção de doenças que podem afetar sua saúde ocular. Muitas doenças são assintomáticas nos estágios iniciais e só serão identificadas em consulta.

 

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