SÃO PAULO

6G: Pesquisador brasileiro explica tecnologia que substituirá o 5G em 2030

Segundo Paulo Rufino, que já tem até livro sobre o tema, quando uma nova geração é lançada, pesquisadores já começam os trabalhos para o seu substituto

Camilla Germano
postado em 19/10/2022 10:45
 (crédito:  Divulgacão/Futurecom)
(crédito: Divulgacão/Futurecom)

São Paulo - Mal estão instalados os sinais 5G nas principais capitais brasileiras e estudiosos da tecnologia já trabalham para desenvolver o 6G, que tem como uma das principais visões o olhar para o humano. A previsão de entrega da tecnologia está mais perto do que longe.

Segundo o especialista na tecnologia, Paulo Rufino, assim que uma é entregue, os especialistas já passam a estudar o que está por vir. Esse é o caso do 6G que já está sendo mapeado e pensado desde o final de 2019, uma vez que a previsão de entrega do 5G era em 2020, mas foi adiada mediante a pandemia. A nova tecnologia tem entrega prevista para 2030.

“Agora está se falando, no Brasil, de desenvolvimento e entrega e, no mundo geral, de um 5G que é voltado principalmente ao consumidor comum. O 5G que vai para a indústria, para aplicações específicas, é um 5G chamado de release 17 — que traz aplicações que são baseadas em otimização específicas que, imagine só, é um 5G voltado para diferentes áreas da indústria e do setor de mídia e de comércio, porque eles terão rádios específicos para uma série de coisas”, explica o especialista.

De acordo com ele, a ideia do 6G é ultrapassar a aquilo que o 5G não pode entregar ou por não ter a tecnologia madura o suficiente para integrar ou por não ter mais espaço para pesquisas e investimentos em inovação, para que se torne o grande sonho do que é a superação de uma geração de rede de celular para uma outra. “Universidades do mundo inteiro estão, neste momento, estudando o 6G”, garante.

O pesquisador brasileiro, que atualmente reside em Paris (França) e cursa mestrado na Aarhus University/ CGC da Dinamarca, é autor da obra 6G: A estrada para a futura rede sem fio em 2030, em parceria com o professor Ramjee Prasad e é um dos principais palestrantes da Futurecom, que ocorre até 20 de setembro em São Paulo.

Segundo Paulo, 90% da Terra estão cobertos por redes celulares e de rádio, mesmo que apenas 50% da população mundial tenham acesso à internet. O abismo digital ficou ainda mais claro na pandemia e com intensificação do uso da tecnologia. “A preocupação sobre a tecnologia 6G permeia o desenvolvimento humano e sustentável das novas gerações da sociedade, sem esquecer da inclusão das gerações mais seniores. A ideia é que o 6G sirva a todos”, explica Paulo.

A principal diferença entre o 5G e o 6G não é apenas a velocidade — o 5G (ideal) tendo pico máximo de 1 giga por segundo, enquanto o 6G alcançará 1 tera por segundo — mas também no ponto de vista humano. “2030 é um ano de grandes promessas, a ONU tem grandes agendas e o desenvolvimento sustentável de 2030 faz parte do ‘roadmap’ (caminho) do 6G”. Um exemplo, segundo Paulo, é a grande agenda da ONU para o ano, além de levar em conta as mudanças climáticas.

Paulo pondera ainda que as redes de celulares hoje consomem muita energia e precisa-se otimizar a energia e ter uma energia que seja mais controlada e que tenha um gasto muito menor.

“Então o 6G vem se propondo a ser uma rede verde, que tem um baixo consumo de energia, vai levar tudo para trabalhar na nuvem e uma grande quantidade de inteligência artificial”, ressalta.

“O 6G é uma tecnologia que traz um grande esforço científico desta vez não só da área de ciência, tecnologia, engenharia e matemática, mas também antropologia, medicina, bem estar social e ética, porque estamos na era da inteligência artificial, proteção de dados”, explica também.

Segundo Paulo, os investimentos europeus na tecnologia movimentam bilhões de euros e englobam também questões sobre ética para com o 6G.

Aplicações e previsões

Paulo antecipa que uma das possíveis aplicações do 6G pode ser a já conhecida “chamada de vídeo", mas que agora será feita com um holograma sensível em que será possível sentir a pessoa do outro lado da tela.

De acordo com o especialista, os testes são feitos em uma sala em que a pessoa entra e decripta toda a imagem de uma pessoa e a transporta para um outro local onde se pode falar e vice-versa. “Porém, os desafios para que essa tecnologia se torne uma realidade hoje é que precisa de muita banda (larga) e o tempo para se digitalizar uma pessoa e transformar em um avatar e criar-se em um outro lugar, consome muita computação. Então, precisa-se de tempo e maturação de tecnologia e também de banda”, constata o pesquisador.

O que é o Futurecom?

O Futurecom existe há mais de 20 anos e é a maior plataforma phygital (integração do mundo físico e digital) de conteúdo e relacionamento sobre o universo de conectividade da América Latina.

O evento presencial de 2022 será realizado no São Paulo Expo até 20 de outubro das 10h às 20h e, além das palestras e atividades presenciais, conta com uma extensão de conteúdo e networking na plataforma online.

*A repórter viajou a convite do IEEE e SPMJ Comunicação.

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