Mudanças Climáticas

Relatório aponta aumento crítico da temperatura na Europa

O continente registra o aquecimento mais rápido entre as regiões definidas pelas Nações Unidas. Entre 1991 e 2021, os termômetros marcaram uma alta superior ao dobro da média mundial, informa relatório divulgado às vésperas da COP27

Correio Braziliense
postado em 03/11/2022 05:59 / atualizado em 03/11/2022 06:00
 (crédito: INA FASSBENDER)
(crédito: INA FASSBENDER)

A quatro dias do início da COP27, conferência climática promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU) no Egito, um novo relatório faz um alerta sobre a Europa. Segundo o documento, nas últimas três décadas, as temperaturas no continente aumentaram mais do que o dobro da média mundial, uma progressão mais rápida do que em outras partes do planeta.

De acordo com relatório divulgado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) e o serviço europeu sobre mudança climática Copernicus, no período 1991-2021, os termômetros europeus registraram uma elevação de pelo menos 0,5°C por década.

"É o aquecimento mais rápido entre as seis regiões definidas pela OMM", enfatizou o secretário-geral da agência, o finlandês Petteri Taalas, no prólogo do relatório sobre o clima no Velho Continente. O Ártico, que, em seu conjunto, está esquentando mais rápido do que a Europa, não é considerado como uma região pela organização, explicou a porta-voz Clare Nullis à agência France Presse.

Como consequência do rápido aquecimento da Europa, as geleiras dos Alpes perderam 30 metros de espessura entre 1997 e 2021. Além disso, a camada de gelo da Groenlândia está derretendo, o que contribui para acelerar o aumento do nível do mar. No verão do ano passado, a Groenlândia registrou chuvas, pela primeira vez, em seu ponto mais alto, a estação Summit.

Fenômenos extremos

Petteri Taalas advertiu que "a Europa oferece uma imagem viva de um planeta que esquenta e nos lembra que mesmo as sociedades bem preparadas não estão a salvo dos fenômenos meteorológicos extremos". O chefe da OMM destacou que, em 2021, houve uma série de fenômenos meteorológicos e climáticos extremos em várias partes do continente.

"As inundações excepcionalmente graves que causaram um número sem precedentes de mortes e de danos em partes da Europa Ocidental e Central em julho, e os incêndios destrutivos que devastaram o sudeste da Europa neste verão permanecerão na memória das nações afetadas e no registro climático internacional", afirmou o finlandês.

Todos esses de forte impacto deixaram centenas de mortos no Velho Continente, afetaram mais de meio milhão de pessoas e causaram danos econômicos de mais de US$ 50 bilhões (cerca de R$ 257 bilhões), de acordo com levantamento da OMM. Em torno de 84% dos casos foram inundações, ou tempestades.

Outro relatório divulgado pelas Nações Unidas, no mês passado, fez uma previsão sombria. Os especialistas advertiram que o planeta caminha para um aquecimento de 2,6°C até o fim do século. É muito mais do que o estabelecido como objetivo no Acordo de Paris sobre o Clima, firmado em 2015. No pacto, os países se comprometeram em conter o aumento da temperatura média do planeta abaixo de 2°C — e, se possível, abaixo de 1,5°C — em relação à era pré-industrial.

Segundo as estimativas da OMM, qualquer que seja o ritmo do aquecimento global, as temperaturas em todas as zonas da Europa subirão mais do que a média mundial, como se observou até agora. Isso pode intensificar as ondas de calor, incêndios florestais e inundações.

Lado positivo

O levantamento da OMM assinala, no entanto, que nem todas as notícias são ruins. Vários países europeus estão bem encaminhados para uma redução de suas emissões de gases de efeito estufa. Essas emissões já caíram 31% entre 1990 e 2020 na União Europeia. E, até 2030, a ambição é atingir uma redução líquida de 55%.

"A Europa pode desempenhar um papel decisivo no surgimento de uma sociedade neutra em carbono até meados do século, para cumprir o Acordo de Paris", disse Taalas.

Os especialistas ressaltam ainda que o continente é uma das regiões mais avançadas em termos de cooperação transfronteiriça para a adaptação à mudança climática. Sem contar que cerca de 75% de sua população está protegida das catástrofes naturais e meteorológicas, graças a sistemas eficazes de alerta precoce. "Além disso, seus planos de ação contra as ondas de calor salvaram muitas vidas", reconheceu a OMM.

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