EXPLORAÇÃO ESPACIAL

Estudo mostra efeitos em astronautas após longa permanência no espaço

Os pesquisadores querem entender o comportamento humano, para facilitar viagens espaciais para a Lua e Marte

Raphaela Peixoto*
postado em 19/12/2022 18:02 / atualizado em 19/12/2022 18:23
 (crédito: William West/AFP)
(crédito: William West/AFP)

Estudo realizado pelo projeto internacional Scientific International Research in Unique Terrestrial Station (SIRIUS), no Instituto de Problemas Biomédicos, em Moscou, aponta as consequências físicas e psicológicas que podem estar reservadas para futuros colonos marcianos ou lunares. Trata-se um experimento imersivo que monitora uma equipe de astronauta vivendo em uma conjuntura extraterrestre.

Dados obtidos em experimentos realizados em 2017 e 2019, em que uma tripulação ficou isolada em um ambiente extraterrestre durante 17 e 120 dias, respectivamente, publicados na revista Frontiers in Physiology, em 2021 revela preocupações já existentes, visto que “manifestações do fenômeno de 'descolamento' na comunicação da tripulação — centro de controle da missão (MCC) previamente identificadas no projeto Mars-500 foram confirmadas”, afirma o estudo. Tanto no experimento Mars-500 quanto no SIRIUS-19 a simulação de pouso no meio do isolamento aumentou temporariamente a comunicação da tripulação com o MCC.

Em suma, o estudo constatou que os tripulantes tornaram-se cada vez mais autônomos e consequentemente expressavam com menor frequência os sentimentos com o controle da missão. Ademais, os pesquisadores também notaram mudanças nos estilos de comunicação de tripulantes masculinos e femininos. No fim do experimento, constataram uma convergência na forma como os tripulantes do SIRIUS se comunicaram e também um aumento na coesão da equipe.

O coautor do estudo Dmitry Shved, da Academia Russa de Ciências e do Instituto de Aviação de Moscou, ressaltou que, apesar da análise trazer pontos positivos, uma desconexão do MCC é um fenômeno preocupante. "O lado negativo é que o controle da missão perde a possibilidade de entender as necessidades e problemas da tripulação, o que consequentemente dificulta a capacidade do controle da missão de fornecer suporte", explicou, ao site CNET .

Shved assegurou que os pesquisadores pretendem dar continuidade ao estudo. E ele recomenda para agências públicas e privadas que desejam iniciar a colonização extraterrestre que discutem os pontos mais relevantes revelados pela análise de sua equipe sejam, idealmente, discutidos antes da missão. "Considerando os meios técnicos de comunicação, mensagens de vídeo da tripulação, colonos e costas parecem ser preferíveis", disse ele, "pois fornecem melhor conexão emocional, mesmo sob o atraso do sinal e o efeito de atraso", afirma Dmitry.

Cobertura do Correio Braziliense

Quer ficar por dentro sobre as principais notícias do Brasil e do mundo? Siga o Correio Braziliense nas redes sociais. Estamos no Twitter, no Facebook, no Instagram, no TikTok e no YouTube. Acompanhe!

Newsletter

Assine a newsletter do Correio Braziliense. E fique bem informado sobre as principais notícias do dia, no começo da manhã. Clique aqui.

* Estagiária sob supervisão de Roberto Fonseca

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação