Alzheimer

Seis minutos de exercício já podem proteger o cérebro contra o Alzheimer

Os autores da pesquisa destacam que a pesquisa faz parte de um esforço mundial para promover o envelhecimento saudável

Paloma Oliveto
postado em 17/01/2023 06:00
 (crédito: Minervino Junior/CB/D.A Press)
(crédito: Minervino Junior/CB/D.A Press)

Bastam seis minutos de exercício de alta intensidade para prevenir doenças neurodegenerativas como Alzheimer e mal de Parkinson. Segundo um estudo publicado no The Journal of Physiology, um período curto, mas vigoroso, de ciclismo aumenta, no cérebro, a produção de uma proteína essencial para as funções de aprendizado e memória, protegendo contra o declínio cognitivo relacionado à idade. Os autores destacam que a pesquisa faz parte de um esforço mundial para desenvolver abordagens não farmacológicas acessíveis, que qualquer pessoa possa adotar, para promover o envelhecimento saudável.

A proteína especializada chamada fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) promove a neuroplasticidade — a capacidade do cérebro de criar conexões e caminhos — e a sobrevivência dos neurônios. Estudos em animais mostraram que o aumento da disponibilidade de BDNF estimula a formação e o armazenamento de memórias, melhora o aprendizado e, em geral, aumenta o desempenho cognitivo.

"O BDNF tem se mostrado muito promissor em modelos animais, mas as intervenções farmacêutica, até agora, falharam em aproveitar, com segurança, o poder protetor da proteína em humanos", disse o principal autor, Travis Gibbons, da Universidade de Otago, na Nova Zelândia. Por isso, os pesquisadores resolveram investigar se o aumento natural da proteína poderia preservar a saúde do cérebro. Para isso, compararam efeitos isolados e combinados do exercício de baixa intensidade por 90 minutos, da atividade física vigorosa e do jejum de 20 horas.

Eficiência

Os cientistas descobriram que exercícios breves, mas vigorosos, eram a maneira mais eficiente de aumentar o BDNF em comparação com um dia de jejum com ou sem uma longa sessão de atividades leves. Os níveis da proteína aumentaram de quatro a cinco vezes, em comparação à restrição de ingestão de alimentos ou de exercícios físicos prolongados.

A causa dessas diferenças ainda não é conhecida e mais pesquisas são necessárias para entender os mecanismos envolvidos. Uma hipótese está relacionada à troca de substrato cerebral e ao metabolismo da glicose, a principal fonte de combustível do cérebro. O aumento observado de BDNF durante a atividade física vigorosa também pode ser devido ao aumento do número de plaquetas, células que armazenam grandes quantidades da proteína.

"O estudo é pequeno, foi feito com 12 pessoas, mas parece bem elaborado, com conclusões sólidas sobre a concentração de BDNF sérico e plasmático", destaca Amanda Heslegrave, do Instituto de Pesquisa de Demência da Universidade College Londres, que não participou da pesquisa. "As implicações para o mundo real são o destaque conferido à importância da saúde metabólica na preservação do cérebro. Mais pesquisas nesta área seria um passo importante para permitir que intervenções não farmacêuticas sejam incluídas em programas de saúde", acredita.

Não existe cura para o Alzheimer e, atualmente, os medicamentos atuam apenas sobre alguns sintomas. Recentemente, os Estados Unidos aprovaram uma droga que age na patologia; mas os resultados foram modestos e apenas para pacientes iniciais.

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