Pacientes que sofreram a forma grave da covid-19 relatam maiores impactos na qualidade de vida e apresentam piores desfechos em eventos cardiovasculares, novas hospitalizações, ansiedade/estresse-pós-traumático, dificuldade de retorno ao trabalho e na realização de atividades diárias, além de maior mortalidade, mostra um artigo publicado, na semana passada, na revista Intensive Care Medicine, da Sociedade Europeia de Medicina Intensiva. O estudo é da Coalizão Covid-19 Brasil e descreve a covid longa em 1.508 pacientes tratados no país e avaliados durante um ano após receberem alta.
Os pesquisadores da coalizão, uma aliança de oito hospitais e centros de pesquisa brasileiros, descobriram que pessoas cujos quadros foram mais graves, como aquelas que precisaram de ventilação mecânica, tiveram os piores desfechos clínicos passados 12 meses. Um em quatro pacientes intubados na fase aguda foi re-hospitalizado no período, 5,6% sofreram infarto, AVC ou morreram de doença cardiovascular — o dobro da taxa comparando a dos que não necessitaram de suporte respiratório quando tratavam da infecção.
Traumas
Outra descoberta é a de que 47% dos pacientes que precisaram de ventilação mecânica relataram novas incapacidades, como dificuldade de se locomover, de cuidar da própria higiene, fazer compras e administrar as finanças. Os impactos em longo prazo na saúde mental também foram maiores nas pessoas que tiveram covid grave: a prevalência de estresse pós-traumático foi o dobro, comparado à população em geral.
Uma em quatro teve sintomas de ansiedade. A taxa de mortalidade pós-alta hospitalar nos pacientes intubados foi de 8% ao longo dos 12 meses. Já entre os que não precisaram de suporte ventilatório, o índice foi de 2%.
