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Ciência

Humanos ainda têm os genes para serem hirsutos, entenda condição

A pesquisa revela que esses genes não desapareceram, mas foram silenciados, e o método usado pode abrir caminho para o tratamento de condições genéticas, da calvície ao câncer

Uma pesquisa realizada pela Carnegie Mellon-Universidade de Pitsburgo, nos Estados Unidos, descobriu que os seres humanos ainda têm os genes para serem hirsutos (que tem pelos longos, rijos e espessos).

Há cerca de um milhão de anos, os seres humanos perderam a maior parte dos pelos corporais, um momento-chave na evolução, que envolveu grandes mudanças no mesmo conjunto de genes de outros mamíferos, como golfinhos, ratos-toupeira e elefantes.

Um grupo de cientistas do programa de doutorado em biologia computacional da universidade realizou um estudo, publicado na revista eLife, comparando os genes humanos com os de 62 outros mamíferos, incluindo elefantes, peixes-boi e tatus, examinando como a ausência de pelos evoluiu em diferentes espécies e em diferentes épocas.

“A perda inicial de cabelo em muitas espécies provavelmente foi muito adaptativa”, afirma Clark Nathan, geneticista da Universidade de Pittsburgh. “Quando você pensa sobre isso, claramente um golfinho nadando na água, ou uma baleia ou um peixe-boi, seria muito mais lento. Eles precisam ser simplificados. Eles não precisam mais daquela cobertura de cabelo", explica.

O trabalho também identificou novos genes e reguladores de genes ligados aos pelos do corpo, uma descoberta que pode um dia ser usada para o tratamento de condições genéticas, da calvície ao câncer.

Esse ressurgimento de uma característica em linhagens não relacionadas é conhecido como evolução convergente. No caso da ausência de pelos, ela evoluiu independentemente pelo menos nove vezes ao longo de diferentes ramos da árvore genealógica dos mamíferos.

Os pesquisadores descobriram que as mudanças genéticas nas espécies sem pelos surgiram principalmente de mutações nos mesmos conjuntos de genes. Muitos desses genes de coleta de mutações estavam relacionados à estrutura do próprio cabelo, como genes que codificam proteínas de queratina, as sequências que regulam o desenvolvimento do cabelo.

"Como os animais estão sob pressão evolucionária para perder cabelo, os genes que codificam o cabelo tornam-se menos importantes", explica Clark.

"É por isso que eles aceleram a taxa de mudanças genéticas permitidas pela seleção natural. Algumas mudanças genéticas podem ser responsáveis pela perda de cabelo. Outras podem ser danos colaterais depois que o cabelo para de crescer", completa.

Embora ainda retenhamos muitos de nossos genes codificadores de peles ancestrais, os mostradores de regulação foram definidos como 'silenciados' devido ao acúmulo dessas mutações.

Cabelos perdidos em tratamentos 

A equipe também identificou centenas de novos genes reguladores relacionados ao cabelo e alguns potenciais novos genes codificadores de cabelo. Isso pode ser importante para pessoas que tentam recuperar o cabelo perdido devido a distúrbios ou quimioterapia.

"Há um bom número de genes sobre os quais não sabemos muito", diz Amanda Kowalczyk, membro da equipe de pesquisa. "Achamos que eles poderiam ter papéis no crescimento e manutenção do cabelo", completa.

A abordagem da equipe também pode ser aplicada a diferentes características de evolução convergente. Eles agora estão usando um método computadorizado para examinar outras condições de saúde.

"Esta é uma forma de determinar mecanismos genéticos globais subjacentes a diferentes características", conclui Clark.