Doença autoimune

Diabetes 1: descoberto marcador que pode ser medido antes da doença

Cientistas identificam um conjunto de proteínas alteradas que anteveem uma condição conhecida como autoimunidade de ilhotas, presente em todos os pacientes que desenvolverão o diabetes tipo 1

Correio Braziliense
postado em 30/06/2023 00:01
 Thomas Metz, líder da pesquisa:
Thomas Metz, líder da pesquisa: "Trabalho abre as portas para a detecção de autoimunidade mais cedo do que podemos agora" - (crédito: Pacific Northwest National Laboratory website)

Cientistas do Pacific Northwest National Laboratory, nos Estados Unidos, avançaram na busca por prever o aparecimento da diabetes tipo 1. Eles identificaram um conjunto de proteínas alteradas que anteveem uma condição conhecida como autoimunidade de ilhotas, um precursor para todos que desenvolverão a doença autoimune. Detalhes do trabalho foram divulgados, nesta quinta-feira (29/06), na revista Cell Reports Medicine.

"O que é empolgante sobre esse trabalho é que ele abre as portas para a detecção de autoimunidade mais cedo do que podemos agora. Isso nos dá a oportunidade de aprender mais sobre o que faz com que o sistema imunológico ligue o corpo e pode nos ajudar a desvendar e entender os mecanismos em jogo no desenvolvimento do diabetes, além de fornecer alvos potenciais para intervenção", afirma, em nota, Thomas Metz, líder da pesquisa.

Para o ensaio, que levou cerca de nove anos, os pesquisadores analisaram centenas de proteínas obtidas a partir de 8 mil amostras de sangue de quase mil crianças, com idade de 0 a 6 anos, moradoras da América do Norte e Europa. Os voluntários dessa pesquisa participaram de um estudo mais abrangente conhecido como TEDDY — Determinantes Ambientais do Diabetes em Jovens. A iniciativa, que completa 20 anos, busca entender a influência de características genéticas e por que algumas crianças desenvolvem a doença e outras, não.

Etapas

Segundo o artigo, os cientistas dividiram o estudo em duas fases. Na etapa de descoberta, avaliaram 2.252 amostras de sangue de 184 crianças. Em seguida, identificaram 376 proteínas que foram alteradas em pacientes que, mais tarde desenvolveram, autoimunidade de ilhotas ou diabetes tipo 1. Depois, realizaram um estudo de validação mais aprofundado, analisando 6.426 amostras de sangue de 990 crianças.

Oitenta e três proteínas do sangue identificadas na etapa de validação foram consideradas essenciais para vários processos importantes no corpo, incluindo ativação de antígenos e coagulação do sangue, sinalização inflamatória e metabolismo. A lista de proteínas combina com aquelas que são ativas no pâncreas de pacientes com diabetes.

Os cientistas explicam que, por enquanto, não há como saber se ou quando a autoimunidade das ilhotas ou o diabetes acometerá as crianças com essa predisposição. Segundo eles, o ensaio atual é o início da investigação. "Nessa fase, estamos tentando entender como podemos ser capazes de prever o diabetes. Em última análise, o objetivo é evitar que as células produtoras de insulina morram e prevenir completamente o diabetes", disse Ernesto Nakayasu, o primeiro autor do estudo.

 

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