Ciência

Por que voo inaugural da Virgin Galactic é novo marco da era do turismo espacial

A missão comercial de 72 minutos decolou do Spaceport America às 8h30, horário local, e foi transmitida ao vivo para todo o mundo


Levou 'apenas' 20 anos, mas o milionário Richard Branson finalmente iniciou as operações comerciais do seu avião-foguete Unity, da Virgin Galactic.

O veículo sobrevoou o deserto do Novo México nesta quinta-feira (29) para permitir que três pesquisadores italianos conduzissem experimentos científicos em condições de baixíssima gravidade. Foi a primeira missão comercial do foguete - antes ele tinha apenas feito voos de teste.

A missão comercial de 72 minutos decolou do Spaceport America às 8h30, horário local, e foi transmitida ao vivo para todo o mundo.

Com pouco menos de uma hora de missão, depois de atingir uma altitude de 13.600 metros, o avião transportador Eve liberou o Unity, que ligou seu motor para impulsioná-lo até a estratosfera. No topo de sua subida, o avião-foguete atingiu 85 km de altura.

"Este voo histórico foi nosso primeiro voo comercial e nossa primeira missão de pesquisa comercial dedicada – inaugurando uma nova era de acesso repetível e confiável ao espaço para passageiros particulares e pesquisadores", disse Michael Colglazier, CEO da empresa.

Corrida espacial comercial

A Virgin Galactic perdeu a corrida para levar passageiros pagantes ao espaço para a Blue Origin, empresa de Jeff Bezos, que levou o primeiro passageiro em 2021.

O multimilionário americano Dennis Tito se tornou o primeiro turista espacial do mundo pagando US$ 20 milhões.

O fundador da Amazon tem um sistema de foguetes e cápsulas que ele chama de New Shepard. É uma abordagem diferente do Unity, mas faz essencialmente o mesmo trabalho de levar as pessoas a viagens curtas acima da atmosfera.

Agora, a entrada da Virgin Galactic no mercado marca uma nova era no turismo especial, com voos regulares de mais empresas - além da Virgin e da Blue Origin, também atua nesse mercado a Space X, de Elon Musk.

Turismo espacial

Agora o Unity vai começar a levar as 800 pessoas que compraram ingressos para fazer turismo espacial. O primeiro voo do tipo será em agosto.

Algumas das pessoas estão esperando há mais de uma década para ter a chance de visitar o espaço; e a maioria ainda terá uma longa espera.

O Unity pode transportar apenas um punhado de passageiros por vez e, com uma taxa de missão de uma saída por mês, levará um tempo para levar todos na fila.

O ritmo não vai melhorar até que a Virgin Galactic introduza uma nova classe de aviões-foguete que devem fazer sua estreia comercial em 2026. Esses veículos terão uma cadência de voo de uma vez por semana. A introdução da nova classe de foguetes em 2026 também será vital para obter lucro para Virgin Galactic.

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Richard Branson criou sua empresa de viagens para a estratosfera nos anos 2000

Pesquisa italiana

A missão de quinta-feira foi comprada para a Força Aérea Italiana e o Conselho Nacional de Pesquisa Italiano.

O coronel Walter Villadei, o tenente-coronel Angelo Landolfi e o engenheiro Pantaleone Carlucci supervisionaram uma série de experimentos durante o voo, incluindo um estudo de como a quase ausência de gravidade afeta a mistura de líquidos e o comportamento das células biológicas.

O trio foi acompanhado na cabine de passageiros pelo instrutor astronauta Colin Bennett; e na frente, no comando da Unity, pelos pilotos Mike Masucci e Nicola Pecile.

Voo curto

O Unity é um veículo suborbital. Isso significa que ele não pode atingir a velocidade e a altitude necessárias para ficar em órbita, ou seja, se manter no espaço e circundar o globo. Em pouco tempo, a gravidade puxa o veículo de volta à terra. Mas a espaçonave foi projetada para oferecer aos passageiros vistas deslumbrantes no topo de sua subida e permitir que eles experimentem a ausência de gravidade por alguns minutos. Os passageiros podem desafivelar o cinto para flutuar até uma janela, antes que o avião estabilize sua queda e deslize de volta para a terra.

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