ESPAÇO

"Funeral espacial": 196 restos mortais serão enviados para orbitar o Sol

Restos mortais, incluindo os do falecido criador de Jornada nas Estrelas, farão parte de uma missão inaugural no espaço para orbitar permanentemente o Sol como seu local de descanso final

Helena Dornelas
postado em 13/07/2023 15:59 / atualizado em 13/07/2023 16:02
Algumas das cápsulas que vão ao espaço com a missão Enterprise  -  (crédito: Reprodução/Celestis)
Algumas das cápsulas que vão ao espaço com a missão Enterprise - (crédito: Reprodução/Celestis)

Enquanto o turismo espacial ainda é um privilégio de muito poucos, uma empresa americana anunciou que vai realizar uma espécie de "enterro espacial" com restos mortais de humanos ainda este ano. A Celestis Inc. disse que vai levar 196 cápsulas com o material pela missão Enterprise, da Nasa. A bordo do voo, estarão amostras de DNA, entre elas as cinzas de Nichelle Nichols, atriz que interpretou a personagem Uhura, na saga Star Trek; além de folículo capilar dos ex-presidentes dos EUA: George Washington, Dwight Eisenhower e John F. Kennedy.

A Enterprise deve ser lançada até o fim do ano com um foguete Vulcan Centaur, e a ideia é que as cápsulas fiquem em órbita ao redor do Sol indefinidamente. E, ao invés de serem "transportadas" para o espaço, as cápsulas de voo pessoal serão lançadas para o universo por meio de um foguete, durante um evento em Cabo Canaveral, na Flórida, berço do programa espacial americano.

Além disso, a empresa também oferece uma ferramenta de rastreamento em tempo real, para que familiares e amigos possam acompanhar a jornada de seus entes queridos enquanto seus restos mortais orbitam pelo espaço profundo.

Outros notáveis que já morreram e devem fazer parte da próxima viagem espacial: a primeira mulher astrogeóloga da Nasa, Mareta West, e o astronauta L. Gordon Cooper, Jr.; Masaru Tomita, que foi duas vezes jogador profissional de beisebol japonês; e o herói do campo de batalha, ganhador da estrela de bronze e Coração Púrpura, SSGT John James Cleaver.

A Celestis já participou de uma missão bem-sucedida da Nasa que enviou cinzas do lendário cientista Dr. Eugene Shoemaker à Lua, em 1998 e, desde então, realizou dezenas de voos espaciais de ida e volta. No total, até 2018, a Celestis colocou cerca de 1.200 cápsulas de voo individuais no espaço a bordo de uma variedade de espaçonaves - lançando mais pessoas (pelo menos simbolicamente) no espaço do que qualquer empresa.

"Restos vivos" também podem 

Mas as viagens não são só para restos de pessoas mortas. Um casal vivo do Arizona, por exemplo, vai enviar seu DNA na missão. Para eles, a chance é uma "a viagem definitiva". "Todos nós queremos ser imortais de alguma forma, e essa foi uma oportunidade para que pudéssemos fazer algo que ninguém mais fez, para ir aonde ninguém mais foi antes," declarou o casal ao jornal Cybernews.

Especializada em funerais no espaço 

A Celestis se declara como a primeira a realizar com sucesso "Missões Espaciais Memoriais". Baseada em Houston, Texas, a empresa já concluiu 17 missões espaciais desde 1997. O primeiro "funeral espacial" registrado foi realizado em outubro de 1992, pela Nasa, a bordo do ônibus espacial Columbia. Entre os objetos pessoais do astronauta Jim Weatherbee, havia um cilindro de aço inoxidável contendo uma parte dos restos cremados do criador de Jornada nas Estrelas, Gene Roddenberry.

Famosa entre personalidades internacionais, atores como Jonathan Frakes, Patrick Stewart e Tom Hanks anunciaram seu próprio interesse em um funeral espacial. Filmes, incluindo o premiado francês Amelie Poulain, fizeram referências ao serviço do Celestis Memorial Spaceflight; além de músicas populares, do country e western à música eletrônica, que foram compostas e lançadas destacando o serviço da Celestis.

Os valores para quem quer lançar DNA ou restos mortais começam a partir de US$ 2.995 para enviar à órbita da superfície lunar, ou a partir de US$ 12.995 para o espaço profundo.

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