Cannabis

Lugares onde a maconha é legalizada têm queda no tratamento de saúde mental

Um estudo aponta que lugares que legalizaram o uso recreativo de maconha para adultos também observaram uma queda nas internações para tratamento de saúde mental

Cecília Sóter
postado em 25/07/2023 13:44 / atualizado em 25/07/2023 13:49
O estudo foi baseado em dados de dez estados dos Estados Unidos que legalizaram a cannabis -  (crédito: Reprodução/Unsplash)
O estudo foi baseado em dados de dez estados dos Estados Unidos que legalizaram a cannabis - (crédito: Reprodução/Unsplash)

Um estudo realizado por um pesquisador da Escola O'Neill de Saúde Pública da Universidade de Indiana, publicado no último dia 30 de junho na revista Health Economics, aponta que lugares que legalizaram o uso recreativo de maconha para adultos também observaram uma queda nas internações para tratamento de saúde mental.

O estudo realizado pelo professor Alberto Ortega, da Escola O'Neill de Saúde Pública da Universidade de Indiana, foi baseado em dados de dez estados dos Estados Unidos que legalizaram a cannabis para uso adulto.

“As leis sobre a maconha recreativa continuam crescendo em popularidade, mas os efeitos no tratamento da saúde mental não são claros”, escreveu Alberto Ortega

No resumo do trabalho, Ortega afirma que o artigo “usa um estudo de evento dentro de uma estrutura de diferenças-em-diferenças para estudar o impacto de curto prazo das leis estaduais nas admissões em instalações de tratamento de saúde mental”.

“Os resultados indicam que logo após um estado adotar uma lei sobre o uso recreativo da maconha, eles experimentam uma diminuição no número médio de internações para tratamento de saúde mental”, escreveu Ortega.

“As descobertas são impulsionadas por admissões de brancos, negros e financiados pelo Medicaid e são consistentes para admissões de homens e mulheres. Os resultados são robustos para especificações alternativas e análise de sensibilidade", pontua o professor.

Ele diz ainda que "há uma redução clara, imediata e estatisticamente significativa no total de admissões” depois que um estado adota leis de maconha recreativa e que o “efeito se torna mais pronunciado com o passar do tempo e permanece negativo até o quarto ano do evento”.

No geral, o estudo estima que, nos primeiros anos após a aprovação, as leis de maconha recreativa “levaram a uma redução de aproximadamente 37% no total de admissões para tratamento de saúde mental ou cerca de 92 admissões a menos por 10 mil indivíduos em um estado”.

“Os resultados são impulsionados por pessoas com menos de 65 anos, negras e brancas. Há também uma diminuição significativa nas admissões de tratamento financiadas pelo Medicaid, com um efeito estatisticamente insignificante muito menor para admissões não relacionadas ao Medicaid”, relata.

A pesquisa, no entanto, não consegue definir a causa dessa diminuição.

“Devido a limitações de dados, é difícil identificar os mecanismos que levam à diminuição do tratamento de saúde mental encontrados acima”, reconheceu Ortega. “Uma possibilidade é que [as leis de maconha recreativa] aumentem o uso de maconha e isso melhore a saúde mental", completa.

Outra possibilidade, acredita Ortega, é “que os indivíduos que precisam de tratamento de saúde mental possam substituir ou se automedicar mais facilmente com maconha, pós-[lei da maconha recreativa]”.

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