MATERNIDADE

Dia da Gestante: mães podem amamentar durante a gravidez?

Algumas mulheres optam por amamentar uma criança mesmo quando outra está por vir. Especialistas tiram dúvidas a respeito da decisão e da gravidez

O leite materno contém diversos nutrientes e é muito importante para o desenvolvimento do bebê  -  (crédito: Freepik/Reprodução)
O leite materno contém diversos nutrientes e é muito importante para o desenvolvimento do bebê - (crédito: Freepik/Reprodução)
Yasmin Rajab
postado em 15/08/2023 16:54 / atualizado em 15/08/2023 22:29

Nesta terça-feira (15/8) comemora-se o Dia da Gestante. A data homenageia o processo que dá origem a uma nova vida. Durante essa fase, as mulheres passam por várias etapas, incluindo a gestação, o parto e o puerpério. Esses momentos fazem com que as mulheres sofram grandes mudanças físicas e emocionais. 

Apesar do momento único do nascimento de uma criança, a gravidez também possui fases de dificuldades. É durante a gestação que surgem dúvidas, preocupações e frustações. Há, ainda, a fase de adaptação na vida das mulheres para receber uma nova vida que está por vir. 

Algumas das maiores mudanças que acontecem durante a gravidez giram em torno da amamentação. Algumas mulheres optam, inclusive, por continuar amamentando uma criança mesmo quando outra está por vir. No entanto, essa é uma opção saudável para a mãe e o bebê?

É possível amamentar estando grávida?

A enfermeira e consultora em amamentação Bruna Grazi explica que a gestação não é contraindicação para amamentar. Sendo assim, a gestante pode continuar amamentando, se desejar, e se não houver contraindicação médica, como ameaça de aborto ou histórico de partos prematuros.

"Deve-se ter uma alimentação saudável e beber muita água. No entanto, o desmame pode ocorrer por aumento da sensibilidade dos mamilos, alterações hormonais da gestação que podem causar fadiga e sonolência, queda da produção e alteração do gosto do leite e perda do espaço destinado ao colo. De toda forma, o obstetra e pediatra deve ser consultado para verificar se há alguma contraindicação para amamentar durante a gestação", indica a especialista.

A consultora em amamentação acrescenta que é indicado interromper a lactação diante da ameaça de parto prematuro. "Gestantes com fatores de risco para prematuridade ou outras condições como pré-eclâmpsia e restrição de crescimento intrauterino, deficiência nutricional materna, a amamentação deve ser interrompida. O profissional deve monitorar a situação de saúde desta gestante para analisar situações especiais, para identificar possíveis riscos e benefícios associados", ressalta.

Mudanças durante a amamentação

Bruna Grazi também explica as mudanças que ocorrem durante a jornada de amamentação após o nascimento de um bebê. Para a especialista, a jornada de cada mãe é diferente. "Após o parto, ainda não são percebidas mudanças nas mamas, mas entre o segundo e quinto dia, ocorre a apojadura, isto é, o leite 'desce'", explica.

Esse é o momento onde as mamas aumentam de volume, ficam quentes e endurecidas e sai o colostro, um líquido espesso e amarelado, rico em anticorpos que desempenham um papel fundamental na imunidade e desenvolvimento saudável do bebê. 

Em relação a produção de leite pela mãe, a especialista ressalta que a frequência está relacionada com a quantidade de vezes que o bebê mama. "Quanto mais o bebê mamar, maior será a produção de leite, a diminuição do tamanho do útero, diminuição do sangramento vaginal e do inchaço", esclarece.

"Outro efeito da amamentação sobre o corpo da mulher é que, por algum tempo, será mais fácil perder peso. Isso acontece porque a produção de leite gasta muita energia do organismo materno, queimando cerca de 200 a 500 calorias a mais por dia", complementa. 

Importância do colostro

O médico especialista em ginecologia e obstetrícia Alexandre Silva e Silva explica que o colostro é o primeiro tipo de leite produzido pelas mães logo após o parto. O alimento é rico em nutrientes, anticorpos e fatores de crescimento, além de ser essencial para fortalecer o sistema imunológico e nutrir o recém-nascido nos primeiros dias de vida.

"Ele fornece a primeira nutrição vital para o recém-nascido, ajudando a fortalecer o sistema imunológico e a protegê-lo contra infecções. Além disso, o colostro também auxilia na formação do sistema digestivo do bebê e na passagem do mecônio, a primeira eliminação de resíduos do intestino. Portanto, o colostro desempenha um papel crucial no início da vida do bebê", explica.

Alexandre conta que o colostro começa a ser produzido nos seios da mãe durante a gravidez, mas só é liberado em maior quantidade nos primeiros dias após o parto.

Benefícios da amamentação

Muitos sabem que o leite materno é um alimento completo, fazendo com que o bebê não precise de nenhum outro alimento até os 6 meses. Mas, além disso, o leite materno possui diversos outros benefícios. Bruna Grazi listou alguns: 

  • O leite materno é de mais fácil digestão do que qualquer outro leite e funciona como uma vacina, pois é rico em anticorpos, protegendo a criança de muitas doenças e oferecendo proteção a doenças como diarreia, infecções respiratórias e alergias, além de reduzir o risco de hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade; 
  • Quanto mais duradouro o período de amamentação na infância, maiores os níveis de inteligência;
  • Sugar o peito é um excelente exercício para o desenvolvimento da face da criança, ajuda a ter dentes bonitos, a desenvolver a fala e a ter uma boa respiração;
  • A amamentação é capaz de reduzir até 13% a mortalidade por causas evitáveis em crianças menores de 5 anos e a cada ano que a mulher amamenta; 
  • A amamentação diminui os custos com tratamentos nos sistemas de saúde e ajuda a combater a fome e a desnutrição em todas as suas formas, bem como garante a segurança alimentar de crianças por todo o mundo;
  • Quanto mais tempo o bebê receber leite materno, mais vantagens terá - especialmente para a saúde.

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