EVOLUÇÃO

Fóssil sugere que ancestrais humanos estiveram na Europa antes da África

Na análise do fóssil, a equipe estudou um crânio parcial significativamente bem preservado, que inclui a maior parte da estrutura facial e a parte frontal da caixa craniana

Na análise do fóssil, a equipe se debruçou em um crânio parcial significativamente bem preservado, que inclui a maior parte da estrutura facial e a parte frontal da caixa craniana -  (crédito: Divulgação/Sevim-Erol, A., Begun, DR, Sözer, Ç.S)
Na análise do fóssil, a equipe se debruçou em um crânio parcial significativamente bem preservado, que inclui a maior parte da estrutura facial e a parte frontal da caixa craniana - (crédito: Divulgação/Sevim-Erol, A., Begun, DR, Sözer, Ç.S)
Correio Braziliense
postado em 28/08/2023 11:27 / atualizado em 28/08/2023 11:35

Um novo fóssil de macaco, encontrado em sítio arqueológico de 8,7 milhões de anos, na Turquia, sugere que os ancentrais dos primatas e dos humanos evoluíram na Europa antes de migrarem para a África. Um grupo de pesquisadores internacionais analisou um macaco recém-identificado, chamado Anadoluvius turkae.

“As nossas descobertas sugerem ainda que os hominídeos não só evoluíram na Europa Ocidental e Central, mas passaram mais de 5 milhões de anos a evoluir lá e a espalhar-se pelo Mediterrâneo Oriental antes de eventualmente se dispersarem em África, provavelmente como consequência da mudança de ambientes e da diminuição das florestas. Os membros desta ramificação à qual Anadoluvius pertence são atualmente identificados apenas na Europa e na Anatólia", explica o professor David Begun, da Universidade de Toronto.

Na análise do fóssil, a equipe se debruçou em um crânio parcial significativamente bem preservado, que inclui a maior parte da estrutura facial e a parte frontal da caixa craniana. “A integridade do fóssil nos permitiu fazer uma análise mais ampla e detalhada usando muitos caracteres e atributos que são codificados em um programa projetado para calcular relações evolutivas. O rosto fica quase completo, após a aplicação da imagem espelhada. A nova parte é a testa, com osso preservado até a coroa do crânio. Os fósseis descritos anteriormente não têm esta grande parte da caixa cerebral", detalhou Begun.

Os pesquisadores estimam que o macaco Anadoluvius turkae tinha aproximadamente o tamanho de um chimpanzé macho, entre 50kg e 60kg, e vivia em um ambiente de floresta seca. Segundo o estudo, os ancentrais parecem terem se dispersado na África a partir do Mediterrâneo oriental, há cerca de 8 milhões de anos.

"Anadoluvius e outros macacos fósseis das vizinhas Grécia (Ouranopithecus) e Bulgária (Graecopithecus) formam um grupo que mais se aproxima em muitos detalhes de anatomia e ecologia dos primeiros hominídeos conhecidos, ou humanos. Os novos fósseis são os espécimes mais bem preservados deste grupo de primeiros hominídeos e fornecem a evidência mais forte até à data de que o grupo se originou na Europa e mais tarde se dispersou em África. A análise detalhada do estudo também revela que os macacos dos Balcãs e da Anatólia evoluíram a partir de ancestrais na Europa Ocidental e Central", aponta a pesquisa.

Entretanto, os pesquisadores ressaltam que a hipótese ainda precisa ser mais investigada e testada, por meio da descoberta e análise de mais fósseis da Europa e de África, entre 7 e 8 milhões de anos. "Estas descobertas contrastam com a visão de longa data de que os macacos e os humanos africanos evoluíram exclusivamente em África. Embora os restos dos primeiros hominídeos sejam abundantes na Europa e na Anatólia, eles estavam completamente ausentes da África até o primeiro hominídeo aparecer lá, há cerca de sete milhões de anos.", frisa o professor Begun.

O estudo foi publicado na Nature Communications Biology e pode ser acessado na íntegra neste link.

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