Egito

Mumificação de ama de leite de faraó indica que ela era privilegiada

Os ingredientes usados na mumificação de Senetnay, que trabalhava para o Faraó Amenhotep II, foram diferenciados, mostra estudo

Senetnay viveu por volta de 1.450 a.C e tinha o título de
Senetnay viveu por volta de 1.450 a.C e tinha o título de "Ornamento do Rei" - (crédito: Museum August Kestner, Hannover/Divulgação )
Correio Braziliense
postado em 01/09/2023 06:00 / atualizado em 01/09/2023 06:04

Os ingredientes dos bálsamos usados na mumificação de uma antiga nobre egípcia chamada Senetnay — cujos restos mortais foram escavados por Howard Carter em 1900 — foram revelados por pesquisadores em um estudo da Scientific Reports. As origens e a complexidade dessas substâncias fornecem pistas sobre a elevada posição da mulher, afirmaram os cientistas.

Pesquisas anteriores identificaram que Senetnay viveu no Egito por volta de 1.450 a.C, foi ama de leite do Faraó Amenhotep II e tinha o título de "Ornamento do Rei". Após sua morte, os órgãos mumificados foram armazenados em quatro jarros em uma tumba real no Vale dos Reis.

Barbara Huber, do Instituto Max Planck, na Alemanha, e colegas analisaram as substâncias encontradas em seis amostras de bálsamo de dois frascos usados para armazenar os pulmões e o fígado de Senetnay. Eles relatam que os ingredientes continham cera de abelha, óleos vegetais, gorduras animais, betume natural do petróleo e resinas da família das árvores coníferas, que inclui pinheiros, entre outros compostos.

Embora a composição dos bálsamos dos frascos parecesse muito semelhante, os autores identificaram duas substâncias que só estavam presentes naquele usado para armazenar os pulmões de Senetnay. Tratava-se do larixol — encontrado na resina de larício — e outra substância perfumada que eles sugerem ser o dammar, obtido de árvores dipterocarpos, que crescem na Índia e no sudeste da Ásia. Também poderia ser um produto obtido de árvores Pistacia — um grupo que faz parte da família do caju. A presença desses ingredientes em apenas uma das embalagens poderia indicar que diferentes bálsamos eram usados para preservar órgãos distintos.

Com base em uma revisão de análises anteriores de bálsamos de mumificação, os autores relatam que a composição daqueles aplicados aos órgãos de Senetnay era relativamente complexa, em comparação com outros do mesmo período. Além disso, sugere que a maioria dos ingredientes provavelmente teria sido importada. Os autores propõem que a complexidade dos bálsamos e a utilização das substâncias na mumificação de Senetnay refletem o seu elevado estatuto social e indicam que ela era uma integrante altamente valorizada da comitiva do faraó.

 

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