Astronomia

Nasa leva sonda a asteroide que pode conter ferro e ouro

Missão inédita da Nasa leva sonda a um asteroide muito denso que se formou há 4,5 bilhões, mesma época do nascimento do Sistema Solar

A nave decolou a bordo de um foguete da SpaceX e percorrerá cerca de 3,5 bilhões de quilômetros  -  (crédito:  AFP)
A nave decolou a bordo de um foguete da SpaceX e percorrerá cerca de 3,5 bilhões de quilômetros  - (crédito: AFP)
postado em 14/10/2023 06:00

A Nasa, agência espacial norte-americana, lançou, com sucesso, uma missão ao distante asteroide Psyche, um mundo feito de metal até então não estudado, que os cientistas acreditam que poderia ser o núcleo de um antigo corpo celeste. A sonda decolou às 10h19, horário local (11h19 de Brasília), do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, a bordo de um foguete Falcon Heavy da SpaceX. 

"A humanidade já visitou mundos feitos de rochas, gelo, ou gás. Mas esta será a primeira vez que o fará em um mundo com uma superfície metálica", disse Lindy Elkins-Tanton, gestora científica da missão, em coletiva de imprensa. Será uma longa viagem: Psyche está localizada na parte externa do cinturão de asteroides, entre as órbitas de Marte e Júpiter. A sonda da Nasa percorrerá cerca de 3,5 bilhões de quilômetros para chegar até lá, provavelmente no verão boreal de 2029.

Graças à luz refletida em sua superfície, os cientistas sabem que Psyche é muito denso e feito de metal, além de algum outro material, talvez rochas. "Não sabemos realmente como é Psyche", explicou a pesquisadora. "Costumo brincar que tem o formato de uma batata, porque as batatas têm vários formatos diferentes, então não estou errada." 

Núcleo

Os cientistas pensam que Psyche, com mais de 200 quilômetros de comprimento, pode ser o núcleo de um antigo corpo celeste, cuja superfície foi arrancada por impactos de asteroides. A Terra, como Marte, Vênus e Mercúrio, têm um núcleo metálico. "Nunca os veremos, são locais muito quentes e muito profundos", assinalou Lindy Elkins-Tanton. "A missão a Psyche é, portanto, nossa única maneira de ver um núcleo."

Psyche se formou há cerca de 4,5 bilhões de anos, no nascimento do Sistema Solar. É possível que tenha sofrido erupções vulcânicas, das quais restos permaneceram na forma de antigos fluxos de lava. Então, quando esfriou, sua contração pode ter causado a formação de enormes rachaduras. Os cientistas também estão ansiosos para saber como são as crateras de um corpo celeste metálico: o material impulsionado pelo impacto dos asteroides provavelmente congelou no ar em forma pontiaguda. 

A sonda permanecerá em órbita ao redor de Psyche por pouco mais de dois anos para estudá-la, alternando entre diversas altitudes. Serão utilizados três instrumentos científicos: imagens multiespectrais para fotografá-lo, espectrômetros para determinar sua composição e magnetômetros para medir o campo magnético.

Propulsores

Para se deslocar, a sonda também utilizará propulsores de efeito Hall, uma novidade nas viagens interplanetárias. Esses motores utilizam a eletricidade fornecida pelos painéis solares da nave para obter íons de um gás nobre (gás xenônio), celerados pela passagem por um campo elétrico. "Eles são, então, ejetados em alta velocidade, cinco vezes mais rápido que o combustível que sai de um foguete convencional", disse David Oh, engenheiro da Nasa. "É o tipo de coisa que vimos em Star Wars e Star Trek, mas hoje estamos tornando o futuro uma realidade", disse ele. 

À medida que as missões espaciais exigem velocidades de dados cada vez mais elevadas, a Nasa está a recorrendo a sistemas baseados em laser para complementar as comunicações de radiofrequência. "A missão Psyche levará a bordo um experimento tecnológico que permitirá multiplicar por 10 as velocidades de dados das telecomunicações tradicionais", disse Abi Biswas, do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) Isto permitirá a transmissão de imagens com maior resolução, mais dados científicos e vídeos.

A agência espacial dos Estados Unidos disparará seu laser do observatório Table Mountain do JPL, na Califórnia, e a espaçonave enviará o sinal de volta ao observatório Palomar, também neste estado norte- americano. A tecnologia já foi testada, mas será utilizada pela primeira vez em distâncias maiores, para além da órbita lunar. A ideia é poder utilizá-la em missões futuras a Marte.

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