A vacina contra o papilomavírus humano previne com sucesso infecções que causam verrugas genitais, câncer cervical e alguns outros tipos tumores. Porém, segundo um estudo publicado na revista Cell Host & Microbe, quando os micro-organismos mais notórios por desencadear a doença são eliminados, outros tipos de HPVs entram em cena. O artigo, do Instituto Karolinksa, na Suécia, e da Universidade de Oulu, na Finlândia, reforça a importância da imunização em meninos e meninas e defende mudanças nas abordagens de rastreio de doenças oncológicas associadas ao patógeno.
"Até hoje, os epidemiologistas disseram que é muito improvável que a substituição da cepa viral induzida pela vacina aconteça entre os papilomavírus que infectam humanos", disse, em nota, o geneticista evolucionista Ville Pimenoff, principal autor do estudo e pesquisador das duas instituições. "Mas parece que os HPV estão sujeitos a novas pressões evolutivas impostas pelas vacinas."
De acordo com Pimenoff, os pesquisadores observaram, pela primeira vez, a substituição de cepas da família viral. As informações do estudo referem-se a 60 mil mulheres jovens nascidas entre 1992 e 1994 em 33 cidades finlandesas. Elas foram acompanhadas quatro e oito anos após a primeira imunização.
Os resultados mostraram que a vacina contra o HPV reduziu significativamente os tipos de HPV causadores de câncer quatro anos depois. Porém, houve um aumento de outras cepas que não são alvo da vacina. "É importante ressaltar que o aumento de outros tipos de HPVs não aumentou o risco de câncer", observou Pimenoff.
Para ele, é preciso repensar as abordagens de busca do HPV para prevenção do câncer de colo de útero, pois os testes atuais incluem a identificação de papilomavírus humanos que não interferem no risco. Stephen Duffy, professor de rastreio de câncer da Universidade Queen Mary, em Londres, concorda. "Seria prudente verificar se esses resultados são replicados em outros locais e considerar as implicações para as populações", acredita Duffy, que não participou do estudo. (PO)
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