meio ambiente

Oceano absorve mais carbono da atmosfera do que o previsto, diz estudo

sta absorção ocorre graças ao fitoplâncton, que transforma o CO2 em tecido orgânico por fotossíntese. Ao morrer, parte desse fitoplâncton flui da superfície do oceano sob a forma de "neve marinha"

O oceano absorve, através do fitoplâncton, 20% de carbono a mais que o estimado até agora, segundo um estudo científico publicado nesta quarta-feira (6) na revista Nature -  (crédito: henrique setim/Unsplash)
O oceano absorve, através do fitoplâncton, 20% de carbono a mais que o estimado até agora, segundo um estudo científico publicado nesta quarta-feira (6) na revista Nature - (crédito: henrique setim/Unsplash)
postado em 06/12/2023 23:29 / atualizado em 06/12/2023 23:29

O oceano absorve, através do fitoplâncton, 20% de carbono a mais que o estimado até agora, segundo um estudo científico publicado nesta quarta-feira (6) na revista Nature.

"É um cálculo importante e reforça o papel da biologia dos oceanos na absorção de carbono no longo prazo", declarou à AFP Frédéric Le Moigne, oceanógrafo e biólogo marinho no Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS), coautor deste estudo, realizado com pesquisadores chineses e americanos.

O novo cálculo chega a 15 bilhões de toneladas anuais, ou seja, um aumento de 20% em relação aos cálculos mencionados pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), formado por especialistas em clima, em 2021, segundo um comunicado do CNRS.

Esta absorção ocorre graças ao fitoplâncton, que transforma o CO2 em tecido orgânico por fotossíntese. Ao morrer, parte desse fitoplâncton flui da superfície do oceano sob a forma de "neve marinha". 

Para medir estes fluxos de "neve marinha", os pesquisadores se baseiam em dados existentes de concentração de carbono no oceano, medidos por navios oceanográficos", ressalta o pesquisador.

"Graças a esta simulação digital, conseguiu-se reconstruir os fluxos globais e especialmente regionais onde não se fazia nenhuma medição dos fluxos", acrescenta.

Trata-se "de calcular quanto (carbono) chega realmente ao fundo do oceano", a 3.800 metros de profundidade média, sem ser devorado por organismos marinhos, afirma Le Moigne.

Ao chegar ao fundo do oceano, esta "neve marinha" se transforma em sedimento e em pedra, absorvendo carbono por períodos longuíssimos.

O cálculo feito pelos cientistas mostra que "preservar a biodiversidade é crucial para garantir este processo de absorção biológica de carbono, pois estamos diante de um fluxo ainda mais importante do que se pensava", ressalta o pesquisador do Laboratório das Ciências do Meio Ambiente Marinho (LEMAR) de Plouzané, perto de Brest (noroeste).

"O aquecimento global poderia fragilizar este processo de absorção biológica", adverte.

Atualmente, estima-se que o oceano absorva cerca de 30% do carbono liberado na atmosfera pelas atividades humanas, principalmente através da dissolução do carbono nos mares polares.

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