Por: Thiago Sodré

'Não adianta mudar o corpo se a dor é interna', alerta terapeuta após cirurgias de Viih Tube

Especialista diz que pressão estética na maternidade empurra mulheres para procedimentos antes de curar o que realmente machuca

Após revelar que enfrentou depressão pós-parto e foi alvo de críticas por realizar cirurgias plásticas, a influenciadora Viih Tube reacendeu um debate urgente: qual o limite entre o autocuidado e a tentativa de apagar, com bisturi, dores emocionais profundas?

Quem explica é a psicanalista clínica e terapeuta comportamental Vânia Euzébio, que vê no caso de Viih um reflexo de muitas mães que se sentem esmagadas por uma cobrança social invisível , mas constante. “O problema não é querer se cuidar ou se sentir bem, mas sim quando esse desejo vem para tentar tapar um vazio interno. A dor é interna, e se não for olhada, o sofrimento continua, mesmo com o corpo transformado”, afirma a especialista.

Foto arquivo pessoal - Vânia Euzébio

Para Vânia, a maternidade apesar de linda , também traz à tona dores antigas, inseguranças e feridas emocionais muitas vezes herdadas de gerações anteriores. “A mulher sente que precisa ser forte, perfeita, voltar ao corpo de antes... Tudo isso enquanto cuida de uma vida que depende 100% dela”, comenta.

E no caso das famosas, a pressão se multiplica. “A cobrança pelo corpo ideal é ainda mais cruel quando se vive diante das câmeras. A mulher se vê obrigada a parecer plena enquanto ainda está aprendendo a lidar com as próprias mudanças.”

A reflexão, segundo a terapeuta, vale para todas: cuidar do corpo pode ser um gesto de amor, sim — mas precisa vir junto de um olhar gentil para dentro. “Senão, a gente só muda por fora e segue doendo por dentro.”

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