Crescimento dos Serviços de Conserto de Microondas Movimenta BH

Setor registra aumento de 40% na demanda por reparos nos últimos dois anos, impulsionado pela alta dos preços de eletrodomésticos e maior consciência ambiental

BELO HORIZONTE - O mercado de consertos de microondas na capital mineira vive um momento de aquecimento. Dados da Associação dos Técnicos em Eletrodomésticos de Minas Gerais (ATEMG) apontam crescimento de 40% na procura por serviços de reparo nos últimos 24 meses, reflexo direto do aumento nos preços dos eletrodomésticos e da mudança de comportamento dos consumidores.

"Antes, quando o microondas quebrava, a pessoa ia direto na loja comprar outro. Hoje ela pensa duas vezes", explica Roberto Silva, técnico especializado há 18 anos e proprietário de uma oficina no bairro Floresta. "Um microondas básico que custava R$ 250 em 2022 hoje sai por R$ 450. Vale muito mais a pena consertar."

Economia Doméstica Impulsiona Setor

A alta nos preços dos eletrodomésticos, que acumula inflação de 32% nos últimos dois anos segundo o IBGE, transformou o conserto numa alternativa economicamente viável. Enquanto um microondas novo de marca conhecida custa entre R$ 400 e R$ 800, os reparos mais comuns ficam na faixa de R$ 80 a R$ 150.

Maria José Santos, dona de casa de 54 anos, moradora do bairro Prado, descobriu essa economia na prática. "Meu microondas Brastemp parou de esquentar depois de 8 anos. Pensei em jogar fora, mas minha vizinha me indicou um técnico. Gastei R$ 120 e ficou novinho", relata.

Problemas Mais Frequentes

Os técnicos da região identificaram um padrão nos defeitos mais comuns. "Cerca de 60% dos casos são problemas no magnetron, que é a válvula responsável por gerar as microondas", detalha Carlos Mendes, que atende a região da Pampulha há 12 anos. "Depois vem os problemas na porta, fusíveis queimados e defeitos no prato giratório."

Segundo levantamento da ATEMG, os defeitos mais recorrentes são:

  • Magnetron danificado (35% dos casos)
  • Problemas na trava da porta (25%)
  • Fusíveis queimados (20%)
  • Defeitos no sistema de rotação (15%)
  • Problemas no painel eletrônico (5%)

Sustentabilidade em Foco

O movimento também reflete uma consciência ambiental crescente. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente de BH registrou redução de 28% no descarte de microondas em pontos de coleta de lixo eletrônico entre 2022 e 2024.

"Consertar ao invés de descartar é um comportamento que beneficia tanto o bolso quanto o meio ambiente", observa a bióloga Marina Costa, especialista em sustentabilidade urbana. "Um microondas leva décadas para se decompor e contém metais pesados que podem contaminar o solo."

Desafios do Setor

Apesar do crescimento, o setor enfrenta dificuldades. A principal delas é a disponibilidade de peças de reposição. "Algumas marcas descontinuam componentes muito rápido. Às vezes temos que improvisar ou procurar peças usadas", conta José Oliveira, que trabalha na região do Barreiro.

Outro obstáculo é a falta de técnicos qualificados. A ATEMG estima déficit de 200 profissionais especializados na região metropolitana. "Tem muito trabalho, mas falta gente capacitada. É uma área que oferece boa renda para quem se especializa", afirma o presidente da entidade, Antônio Ferreira.

Dicas para Consumidores

Os especialistas recomendam alguns cuidados para prolongar a vida útil do equipamento:

  • Limpeza regular do interior com produtos neutros
  • Não usar recipientes metálicos
  • Verificar se a porta fecha corretamente
  • Evitar sobrecarregar o prato giratório
  • Fazer manutenção preventiva anualmente

Para quem precisa de conserto, a orientação é pesquisar e pedir orçamento em mais de uma oficina. "Um bom técnico sempre explica o problema e mostra a peça defeituosa. Desconfie de quem não dá garantia do serviço", aconselha Roberto Silva.

O setor de consertos de microondas em BH demonstra que, diante das pressões econômicas e ambientais, o velho ditado "é melhor consertar do que trocar" voltou a fazer sentido para muitas famílias mineiras.

 

Mais Lidas