Os empresários Siomar Perreira e Cássio Freitas sempre souberam de duas coisas: queriam construir uma família e desejavam fazer isso juntos. Hoje, são pais dos gêmeos Antônio e Bento, de apenas três meses, e compartilham nas redes sociais cada etapa dessa jornada, com o objetivo de informar e apoiar outros casais que pensam em seguir o mesmo caminho da reprodução assistida — mais conhecida como barriga de aluguel.
Desde o início do relacionamento, em 2019, o desejo de ter filhos esteve presente. “Desde o primeiro encontro, já falávamos sobre isso. Era uma certeza pra nós dois”, lembra Cássio. Depois do casamento, o casal decidiu dar o próximo passo: pesquisar as possibilidades. Mas logo se depararam com uma série de restrições legais no Brasil, o que os levou a optar por realizar o procedimento nos Estados Unidos.
Nos EUA, a barriga de aluguel é legalizada e amplamente praticada. Já no Brasil, apenas a chamada “barriga solidária” é permitida, desde que não envolva pagamento e siga critérios rigorosos definidos pela Resolução nº 2294/21 do Conselho Federal de Medicina (CFM), como o grau de parentesco com o casal e condições de saúde da mulher que se dispõe a engravidar.
“Precisaríamos de uma parente de até segundo grau, o que já é um desafio. Hoje o CFM permite até o quarto grau, mas, mesmo assim, não tínhamos ninguém que se encaixasse”, explica Siomar.
Sem referências próximas e com pouca informação disponível, os dois enfrentaram um processo solitário. “Quando pesquisávamos sobre barriga de aluguel no Brasil, não encontrávamos quase nada. A única referência era o Paulo Gustavo”, conta Siomar. A saída foi buscar informações em comunidades estrangeiras e acompanhar o trabalho de clínicas norte-americanas até escolherem o local ideal para iniciar o processo.
A jornada incluiu a contratação de uma clínica de fertilização, uma agência de doadoras de óvulos e outra responsável pela intermediação com as chamadas “gestantes substitutas”. Tudo é feito dentro da legalidade nos Estados Unidos, com acompanhamento médico, psicológico e jurídico para todas as partes envolvidas.
A escolha da barriga de aluguel envolve uma série de critérios, como histórico médico, características físicas e perfil psicológico. Após a seleção e aprovação da candidata, ela inicia o tratamento hormonal para a inseminação. “No nosso caso, implantamos dois embriões: um com material genético do Cássio e outro com o meu. Era exatamente o que a gente sonhava”, relembra Siomar.
A inseminação foi realizada em 5 de setembro de 2024 e, menos de dez dias depois, veio a confirmação da gravidez gemelar. “Uma semana depois, no primeiro exame, já deu pra ouvir os dois coraçõezinhos”, diz ele, emocionado.
O custo total do processo girou em torno de 200 mil dólares — cerca de R$ 1,1 milhão —, valor que incluiu todos os serviços médicos, jurídicos e logísticos da gestação.
Hoje, além de curtirem a nova rotina com os gêmeos, Siomar e Cássio usam suas plataformas digitais para orientar e inspirar outras famílias que também desejam trilhar esse caminho.
