Investir no exterior ficou mais simples e acessível nos últimos anos. Segundo estudo da Convexa Investimentos, publicado em 2025, um número crescente de brasileiros consegue acessar ETFs vinculados a índices americanos com aporte mínimo de menos de R$?100, sem abrir conta internacional ou lidar com câmbio diretamente
A modalidade mais popular entre investidores brasileiros é o ETF listado na B3 que replica índices globais como S&P 500, Nasdaq ou MSCI World. Títulos como WRLD11 e USDB11 permitem exposição a ativos americanos sem necessidade de movimentar moeda estrangeira. É possível comprar cotas diretamente da própria corretora brasileira. “Esse modelo tornou possível entrar em investimentos globais com menos de cem reais. Quem acha que sair do Brasil exige abrir conta no exterior está enganado”, afirma Otávio Paranhos, consultor de investimentos.
Além dos ETFs, outra alternativa é investir em BDRs, que são recibos de ações estrangeiras negociados em reais. Com eles, investidores adquirem frações de empresas globais como Apple, Google ou Microsoft na própria B3. A vantagem é a praticidade e isenção de remessas internacionais. "Os BDRs oferecem uma porta direta para participar do sucesso de grandes empresas globais, sem o terror de remessas, impostos diferentes ou complicações burocráticas", explica Otávio.
Mesmo investindo por meio das bolsas no Brasil, os custos continuam relevantes. É necessário considerar a taxa de administração dos ETFs, corretagem (embora várias corretoras já isentem pequenas operações) e o imposto de renda sobre ganhos (15%). Otávio ressalta que esses custos são menores do que os de abrir uma conta no exterior, lidar com taxas de câmbio e IOF, sendo algo mais simples. “Para quem está começando, a combinação de baixo aporte e simplicidade faz a diferença. A rentabilidade líquida pode ser superior”, afirma.
Do ponto de vista estratégico, Otávio sugere que aqueles que desejam aprender sobre o mercado global com segurança utilizem um mix de ETF e BDR. “Crie uma pequena carteira global diretamente via B3, vá reaplicando e acumulando conhecimento. Só depois, quando tiver apetite e maturidade e necessidade de blindagem patrimonial maior, pense em conta internacional para diversificar ainda mais”, aconselha.
Ele complementa que esse método ajuda a evitar erros comuns. Abrir conta em corretora no exterior sem preparo pode levar a taxas ocultas, problemas de compliance e dificuldade na declaração do imposto de renda. “Tem gente com dinheiro parado na corretora americana, rendendo menos que inflação e sem saber como resgatar. Isso é risco real e custa caro”, alerta.
Por fim, Otávio destaca a importância da educação financeira nessa trajetória. “Muitos iniciam com instrumentos simples e acabam ampliando o portfólio. Esse processo gradual, aliado a estudos e acompanhamento, gera autonomia e evita frustrações.” Conforme os recursos aumentam ou o perfil evolui, o investidor poderá sim migrar para uma conta internacional e acessar ativos estratégicos mais sofisticados. Até lá, os ETFs e BDRs negociados na B3 oferecem acesso global com escalabilidade e controle.
Em tempos de incerteza econômica, a possibilidade de proteger patrimônio com exposição a mercados mais estáveis está ao alcance de brasileiros comuns. Por meio das alternativas disponíveis na bolsa brasileira, é possível construir um portfólio global, educativo e eficiente, sem sair do país nem da zona de controle.
