De repente, mãe!

Se, com planejamento, encarar a maternidade nem sempre é tarefa fácil, imagine quando ela chega de surpresa.

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Sou mãe! E agora ?

Se a maternidade planejada já traz uma série de dúvidas e apreensões, imagina quando ela chega de surpresa. Conheça a história de cinco mulheres que, de repente, se viram grávidas. E hoje celebram a vida ao lado dos filhos

"Parabéns! Você vai ser mamãe!" Não se pode negar que a frase é forte e, às vezes, assusta. Para algumas, a notícia era até esperada, mas, para outras, a novidade veio no susto. Sim, elas não planejaram, mas um bebê está a caminho. Choque, medo, insegurança. Ao mesmo tempo, felicidade, ansiedade e amor.

Eles vieram sem avisar e chegaram mudando tudo. As mudanças físicas, aos poucos, vão aparecendo, e as psicológicas, também. Para a psicóloga Maria Tereza Maldonado, autora do livro Psicologia da gravidez, a gestação muitas vezes causa uma duplicidade de sentimentos na mulher, principalmente nos casos em que ela não foi planejada. "Querer, mas ter medo, não saber se vai dar conta, se é o momento certo gera o que a gente chama de ambivalência: essa balança do querer e do não querer."

Maria Tereza ainda explica que é no decorrer da gravidez, com as ultrassons e os movimentos do bebê, que a mulher vai se acostumando com a ideia de ser mãe. "Isso vai mudando a balança do quero e não quero e vai puxando para o lado do quero. Ele está presente, ele está ali e isso vai tomando forma à medida que a gravidez vai evoluindo", justifica.

O processo de relação entre mãe e filho também se dá de modo natural. De acordo com a psicóloga, aos poucos, as mães vão entendendo a comunicação do neném, como os choros e os risos. Para ela, o importante é ver os desafios como uma oportunidade de aprendizagem. "A vida não é previsível nem oferece garantias, mas a gente precisa sempre estar aberto a experiências. Mães e pais aprendem muito com os filhos. Os pais oferecem muitas coisas, mas recebem também."

Vivenciar cada momento da gestação descoberta de surpresa se torna ainda mais importante pelo fato de que maioria dessas mamães só descobre a gravidez depois de 20 semanas. "Muitas só percebem quando sentem o bebê se mexendo e pensam que estão com algum problema de saúde. Quase todas, quando perguntamos se há chances de gravidez, negam veementemente", diz Janaína Sturari, ginecologista e obstetra do Hospital Santa Lúcia. A descoberta tardia faz com que o processo seja ainda mais rápido.

Assim, muitas mulheres vão ultrapassando os desafios e se mostrando verdadeiras mãezonas. Algumas julgavam não estar preparadas e a pergunta "será que vou dar conta?" era uma espécie de mantra entre elas. A uma semana do Dia das Mães, a Revista compartilha histórias de algumas heroínas que responderam a essa pergunta na prática.

Tem até programa

O programa Eu não sabia que estava grávida, exibido pelo canal norte-americano Discovery Home and Health, mostra casos de mulheres que descobriram a gestação no momento do parto. O caso de Larissa e das mulheres retratadas no programa é raro e pode ter diversas causas. A ginecologista e obstetra Janaína Sturari explica que entre as causas está o sobrepeso da mãe, que não permite que o crescimento do ventre seja observado; mulheres que não percebem a ausência da menstruação por terem ciclos irregulares, seja causado por síndromes, seja por excesso de atividade física; e posicionamento mais profundo da pélvis, com o útero um pouco mais interno no organismo. "O bebê cresce, mas não se pronuncia para fora", detalha Janaína.

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De repente, ele veio!

Se descobrir uma gestação inesperada já assusta, imagina saber que não só está grávida, mas que está prestes a ganhar o bebê? Parece inacreditável, mas foi o que aconteceu com a jornalista Larissa Galvão, 29 anos. Ela mal recebeu a notícia que estava esperando um neném e em dois dias entrou em trabalho de parto.

Arthur veio caladinho, sem dar muitos sinais. Ele vinha se formando no útero de Larissa sem ela nem notar. A jornalista estava focada em conseguir a tão sonhada vaga no Corpo de Bombeiros. Com o objetivo de se sair bem no Teste de Aptidão Física (TAF), a rotina dela se baseava em fazer exercícios. "Eu comecei a malhar muito pesado, parei de estudar para focar no treino. De manhã, ia para a academia e, à tarde, corria ou nadava", conta.

O bebê até tentou dar alguns sinais. Larissa não conseguia mais dormir e sentia fortes dores nas costas. "Eu achava que não dormia por causa da ansiedade do concurso e que as dores eram por causa do treino." Aconselhada pela mãe, a jornalista decidiu ir ao hospital em busca de remédios para relaxar. Porém, o problema era maior.

Larissa também estava com a pressão muito alta.

Com a pressão descontrolada, ela buscou ajuda médica várias outras vezes. Nas idas e vindas ao hospital, a jovem chegou a fazer vários exames, entre eles o de gravidez. O nefrologista achou estranho não conseguir sentir os rins da paciente. "Ele falava que tinha uma massa e pediu uma biópsia. Nisso, outros médicos também já tinham perguntado se havia risco de eu estar grávida. Eu disse que não, porque estava tomando anticoncepcional contínuo. Mesmo assim, foi pedido um beta e uma ecografia", relata.

Larissa conta que nem precisou fazer tais exames. Os resultados dos anteriores saíram e, por telefone, o médico pediu para ela voltar ao hospital com urgência, pois o teste de gravidez tinha dado positivo. Como toda futura mãe que não espera uma notícia dessas, o medo tomou conta de Larissa. "Eu chorava muito. Estava grávida, e agora?", lembra. O namorado de Larissa ficou feliz com a novidade e até tentou acalmá-la.

Tudo muito rápido

A jovem nem imaginava que a surpresa maior ainda estava por vir. Antes mesmo de fazer a primeira ecografia e voltar ao médico, a futura mamãe sentiu fortes dores e um sangramento. Saiu às pressas para um centro de saúde com o namorado e a irmã. Eles decidiram ir ao pronto-socorro do hospital público de Sobradinho, porque ficava mais próximo de casa. No local, a surpresa! As dores eram Arthur avisando que estava chegando. "Pediram para eu deitar. Mediram minha pressão e estava alta. Quando fizeram o toque, levaram um susto, viram que o bebê estava nascendo. Eu comecei a gritar, quis sair correndo, entrei em desespero", relata.

Segundo a médica que fez o parto, a obstetra Débora Pipas, Larissa já estava com 9cm de dilatação. Uma surpresa até para a equipe. "Ela realmente não tinha uma barriga de gestante no fim de gravidez, mas tinha uma barriga saliente para uma jovem com a rotina de exercícios dela."

A médica ressalta que o caso de Larissa não é rotineiro, mas pode acontecer. O tamanho de Arthur também colaborou para a surpresa. "A hipertensão na gestação pode causar alterações tanto para a mãe quanto para o feto. O bebê pode ter um crescimento restrito pela dificuldade da nutrição do sangue. A hipertensão faz essa alteração vascular, então esse bebê provavelmente teve um crescimento intrauterino restrito", explica.

Arthur nasceu com 1,3kg e 39cm. Do parto, foi direto para Unidade de Terapia Intensiva (UTI), pois precisava ganhar peso. No Hospital da Criança, para onde foi transferido, os médicos constataram que ele nasceu com 38 semanas e 3 dias. O pequeno ainda permaneceu na UTI por 26 dias.

Aos poucos, a jornalista foi se acostumando com a novidade de ser mãe. "Eles me encaminharam a um psicólogo e houve um processo natural de aceitação. Não foi algo forçado, foi uma aceitação tranquila, mas todo mundo ficou com medo de eu ter depressão pós-parto."

As amigas de Larissa providenciaram fraldas e roupas para o pequeno, pois a nova mamãe não teve nem tempo de pensar em enxoval. Hoje, bem mais calma, a jornalista lembra da história incrível que ficou marcada não só na vida dela, mas de todos que participaram desse momento. O pequeno Arthur já está com 10 meses, é superapegado à mãe e virou a paixão da jornalista. "Eu não sei viver mais sem ele. Nem sei mais como era a vida antes dele, porque ele é tudo."

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O susto que muda vidas

Parecia brincadeira de 1º de abril. O dia era da mentira, mas a história, real: Amina Freitas estava grávida. Hoje, com 24 anos, a fotógrafa conta, com um sorriso, como os amigos e o namorado pensaram que era apenas uma pegadinha. Apesar de agora a história parecer engraçada, na época, a notícia deixou a jovem em choque.

Amina já estava havia alguns dias se sentindo mal, mas a possibilidade de estar grávida não estava evidente para ela. A mãe até desconfiou, mas a fotógrafa não deu importância. "Eu sempre pintei o cabelo, mas, um dia, pintei com produtos fortes e acordei passando muito mal", lembra.

No hospital, Amina fez vários exames, entre eles o de gravidez. Para a surpresa de todos, o resultado deu positivo. A data ela lembra bem: 1° de abril; o sentimento, também: desespero. Amina ainda estava na universidade e sofria de uma séria depressão. "Fiquei muito nervosa, chorei muito. Meu pai estava supercalmo, tentando me consolar, e eu tremendo."

Comecei a pensar que, se ela estava vindo, era porque tinha um propósito

Amina Freitas, mãe de Anya

Nessa hora, o apoio do namorado e da família foi fundamental. A jovem lembra que o tio dizia que o bebê era uma luz que estava vindo para a vida dela. "Então, comecei a pensar que, se ela estava vindo, era porque tinha um propósito, era porque era para vir", ressalta Amina.

O que à primeira vista soou como um problema, na verdade vinha a ser uma grande solução. Segundo a fotógrafa, depois da gravidez, ela não encontrou mais espaço na vida para a depressão. "É uma coisa incrível. Eu comecei a me perguntar por que estava triste. Antes, eu via tantos motivos, mas, depois que eu engravidei, quando me vi com um barrigão, a depressão sumiu."

Os nove meses de espera foram de grandes desafios. Amina sofreu algumas complicações durante a gestação. Teve descolamento de placenta, além de uma forte infecção urinária. Era 13 de novembro de 2015 quando a pequena Anya nasceu. O fim da gravidez e o início de uma nova fase na vida de Amina.

Os desafios da maternidade

Na prática, a jovem foi aprendendo o que era ser mãe e os mitos e verdades sobre a maternidade. "Eu ouvia muita mãe falar que amamentar dói e, acreditem, dói mesmo. É um momento maravilhoso essa conexão de mãe e filha, mas é um sofrimento."

Diferentemente de muitos bebês, Anya dormia a noite inteira, mas relaxar era algo difícil para a nova mamãe. "Mesmo a criança dormindo bem, se alimentando bem, a gente fica com medo. Toda hora, eu ia ver se ela estava respirando."

Amina conta que, de fato, a menina foi um presente e, como o tio dizia, a luz da família. "Ele sempre foi muito presente e me ajudava em tudo. Era como um segundo pai. Ele morreu no dia 13 de fevereiro e o meu consolo e de todo mundo da casa foi a Anya", destaca.

Hoje, a pequena tem 2 anos e causou uma reviravolta na vida de Amina. A fotógrafa aprendeu a ter paciência, ficou mais responsável e, mais que isso, passou a compreender as mães e a dividir melhor o tempo. Hoje, ela ressalta que a filha se tornou sua companheira.

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Socorro, estou grávida

Aos 17 anos, a empresária Raíssa Oliveira Guimarães, hoje com 28, descobriu que estava grávida. A surpresa e o desespero da hora da descoberta foram só dela. Ao desconfiar, comprou o teste e o fez sozinha. "Quando vi aqueles dois pontinhos, tive uma crise de choro. Eu era muito nova, cursava ainda o 3º ano do ensino médio. Por mais que sempre tivesse sonhado em ser mãe, não tinha nenhuma estrutura", lembra.

Apesar da mistura de sentimentos, Raíssa conta que, naquela mesma hora, percebeu e se sentiu mãe. "Eu me tornei mãe no momento em que vi aquele teste positivo. Passa um filme de toda a sua vida pela cabeça e tudo se torna menos importante."

Raíssa namorava o pai da filha havia menos de quatro meses, e descobriu a gravidez aos dois meses de gestação. O pai de Suri Guimarães Corezzi, 9 anos, faria a prova do Programa de Avaliação Seriada (PAS) no mesmo dia em que o teste de Raíssa deu positivo. "Tentei segurar e não contar, para garantir que ele conseguisse fazer a prova, mas não consegui."

No quinto mês de gestação, chegou a hora de dar a notícia aos pais. O então namorado de Raíssa contou primeiro, e foi a sogra dela quem a levou para a primeiro ultrassom. "Foi ali que descobri que era uma menina e fiquei com mais medo ainda. Meu pai tem quatro filhas e é rodeado de mulheres, eu achava que, se fosse um menino, para ser companheiro dele, ele poderia reagir melhor", lembra aos risos.

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Rede de apoio

A mãe de Raíssa reagiu bem à notícia, até melhor do que a empresária esperava, mas ficou triste por não ter sido a primeira a saber. Na hora de contar ao pai, porém, Raíssa recuou. Delegou à mãe a tarefa. "Ele entrou no quarto chorando e dizendo que eu era filha dele e sempre estaria ao meu lado, mas, naquele momento, precisava ir ao hospital", relembra. O futuro vovô ficou tão chocado com a notícia que acabou tendo um princípio de infarto.

Apesar do susto e do medo, Raíssa garante que o sentimento predominante sempre foi de felicidade por se tornar mãe - experiência que ela define como a mais rica e complexa que se pode viver. A jovem afirma que o apoio, tanto da família quanto dos amigos, para as mamães de surpresa é fundamental. A rede de apoio permite que a mulher absorva aquela notícia e possa aproveitar o momento.

Sem a família, Raíssa e Suri não poderiam ter passado tanto tempo juntas e a empresária não teria conseguido, por exemplo, terminar os estudos. Sem os amigos, Raíssa acabaria se isolando. Foram os amigos da escola que a acompanharam na primeira vez que Suri saiu de casa e que ajudavam a jovem mãe com a bebê nos passeios que faziam.

Eu me tornei mãe no momento em que vi aquele teste positivo

Raíssa Oliveira Guimarães, mãe de Suri

Nem tão jovem nem tão velha

Mulheres que engravidam antes dos 18 anos e depois dos 40 precisam tomar alguns cuidados especiais. Segundo Renato de Oliveira, ginecologista responsável pela área de reprodução humana da clínica Criogênesis, nas mulheres menores de 18, o sistema reprodutor ainda não foi totalmente desenvolvido, aumentando os riscos de aborto espontâneo, parto prematuro e hipertensão arterial. Após os 40, há um aumento nos casos de diabetes gestacional, prematuridade, surgimento de doenças genéticas, devido ao envelhecimento do óvulo, e hipertensão durante a gestação. Nessas faixas etárias, é importante que o pré-natal seja mais rigoroso, com consultas e exames frequentes, garantindo que os possíveis problemas sejam identificados e tratados logo que se manifestem.

Depois dos 40...

Ser mãe já fazia parte dos planos de Sandra Melo. A bancária de 43 anos apenas adiava a decisão. Trabalho, estágio, faculdade, tudo era motivo para postergar a maternidade. Mas, finalmente, Sandra decidiu arriscar e parar com os métodos contraceptivos. Resultado? Engravidou do primeiro filho aos 39 anos de idade.

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A surpresa mesmo veio depois de oito meses do nascimento da pequena Cecília. Aos 41 e ainda amamentando, uma notícia surpreendeu a bancária. Sandra estava grávida novamente. O susto foi inevitável. A bancária tomava anticoncepcional e não imaginava que engravidaria tão cedo. "Fiquei chocada, apavorada. Como eu ia fazer? Tinha acabado de voltar da licença-maternidade. Ao mesmo tempo, sentia uma sensação de poder e de que daria conta", lembra.

A alegria se misturava às incertezas, principalmente pelo fato de Cecília ser ainda tão nova. Sandra sabia que teria que se dividir entre Cecília e o bebê que estava a caminho. "Eu fiquei com pena da neném, ela ainda era muito pequena e ia precisar muito da mãe."

Sandra conta que até pensava em ter o segundo filho, mas não naquele momento. Porém, destaca que, apesar do susto, foi uma das melhores coisas que aconteceram, pois a ideia do segundo filho provavelmente seria adiada por qualquer motivo, assim como aconteceu com o primeiro.

O susto incial foi dando lugar a um sentimento de plenitude.

Sandra Melo, mãe de Cecília e Francisco

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Hora de relaxar

Quando Cecília fez 1 ano, Sandra já estava com um barrigão. As inseguranças sobre o futuro permaneciam, mas a alegria era maior. A bancária decidiu, então, aproveitar o momento. "Eu respirei e decidi curtir a gravidez. Afinal, aquela seria a minha última. Não vou dizer que será o último filho, porque posso querer adotar um, mas gestação, provavelmente, será a última", ressalta.

Francisco nasceu e Sandra tirou a maternidade de segunda viagem de letra. A bancária viveu na prática o ditado de que "em coração de mãe sempre cabe mais um", mesmo que seja em um curto espaço de tempo. "Eu amamentei Francisco com Cecília na outra perna. O susto inicial foi dando lugar a um sentimento de plenitude", frisa.

Hoje, Cecília está com 3 anos e Francisco com 1 ano e 8 meses. Os pequenos se dão muito bem. Sandra conta como a pequena ama fazer o irmão sorrir. "Ele é apaixonado por ela. Quando ele chora, eu peço para ela fazê-lo rir. Ela vai lá e ele solta uma gargalhada", derrete-se.

Sandra não tem mais dúvidas, Francisco foi mesmo um presente. Não teve anticoncepcional nem idade que impedisse o garoto de vir ao mundo e, hoje, é uma das grandes alegrias da vida da bancária. "A gente se mata, fica cansada, mas eu acho incrível ver eles dois juntos", garante.

Duas décadas depois, uma nova gestação

Assim como Sandra, Leila Simone Amorim dos Santos, 42 anos, foi mãe aos 41. A diferença é que a dentista também viveu a maternidade aos 20. A primeira gravidez foi planejada. Como perdeu a mãe muito cedo, para Leila, quanto antes tivesse uma filha, mais tempo teria para viver ao lado dela. Foi assim que nasceu Maria Luiza Amorim dos Santos, hoje com 22 anos.

Duas décadas depois, Leila optou por interromper o anticoncepcional e tentar ser mãe novamente. Ela acabou engravidando, mas sofreu uma perda gestacional. Depois do momento difícil, Leila resolveu abrir mão do planejamento e deixar acontecer. Foi surpreendente quando, apenas dois meses depois, se descobriu grávida de novo. "Eu não esperava de jeito nenhum. Os médicos disseram que demoraria para o organismo se recuperar, mas, de repente, veio a Isabela."

Com a primeira filha, os desafios foram diferentes. "Temos o sonho, a vontade, mas falta tempo e dinheiro. Eu deixei de viver muita coisa com a Maria Luiza, pois estava estudando, tentando garantir que tivesse uma estrutura." Hoje, com Isabella Amorim Retamozo Palacios, de 1 ano, a dentista tem mais tempo e pode acompanhar todo o processo de crescimento.

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Ela conta que se sente"mãe-avó". Com Isabella, é mais permissiva do que foi com a primogênita. Maria Luiza acrescenta que a mãe com quem cresceu não é a mesma que a irmã tem. "A vantagem é que hoje ela pode curtir muito mais este momento da maternidade, coisa que não pôde fazer comigo. A desvantagem é que ela mima demais a Isabella e eu fico tentando controlar, acabo sendo a irmã chata", brinca.

A chegada de Isabella acabou unindo ainda mais a família. As três passam muito tempo juntas e Maria Luiza auxilia a mãe nos cuidados com a irmã. "É engraçado que, antes, eu queria ser mãe bem nova, hoje, vendo o trabalho que dá, quero esperar mais", diz a estudante.

Duas realidades

Os períodos de gestação também foram bastante diferentes. Quando teve Maria Luiza, os meses foram tranquilos, sem enjoos, sem complicações e sem grandes oscilações no organismo. Já durante a gestação de Isabella, os três primeiros meses foram marcados pelos enjoos e, a partir do quinto, Leila teve sobrepeso e desenvolveu uma bursite no quadril. "Antecipei o parto porque não tinha mais como esperar. A questão da idade me afetou muito nesse aspecto."

Já no parto, Leila conta que sofreu menos aos 41. Ela optou por uma cesariana e Isabella nasceu em 25 minutos. Da primeira vez, a dentista queria "viver a experiência completa" e escolheu o parto natural, que durou 13 horas.

Leila conta que até os medos são diferentes. Ao ter Maria Luiza, pensava no tempo que teria pela frente, mas tinha muito medo de não dar conta de oferecer à filha tudo o que queria. Com Isabella, o medo maior é não ter tempo suficiente para vê-la crescer. "As duas foram vivências muito diferentes e cada uma tem suas particularidades, mas eu amo ser mãe e foi muito rico poder viver esse momento de formas tão distintas. Aprendi muito."

As duas foram vivências muito diferentes e cada uma tem suas particularidades, mas eu amo ser mãe e foi muito rico poder viver esse momento de formas tão distintas

Leila Simone Amorim dos Santos, mãe dMaria Luiza e Isabella

As chances de engravidar em cada idade

20 anos - O período é considerado ideal para a gravidez, pois, nessa fase, a fertilidade da mulher está em alta e há um risco menor de ter problemas gestacionais, como malformação genética, pois os óvulos são mais jovens.


30 anos - Para muitas mulheres, esse é o melhor período para pensar na maternidade. "A decisão de postergar a gestação é consequência, principalmente, de fatores sociais, como a competitividade na vida profissional e a espera de uma melhor situação econômica. Nesse cenário, mulheres com 30 anos têm 15% de probabilidade de engravidar a cada mês de tentativa e 80% de chance de gravidez dentro de um ano", explica Renato de Oliveira, ginecologista responsável pela área de reprodução humana da clínica Criogênesis.


30 anos - Após 35 anos - Ao nascer, a menina já perde 70% dos oócitos, que são os gametas femininos, resultando em, aproximadamente, dois milhões de gametas. "Na menarca, ou seja, primeira menstruação, a mulher possui de 300 a 500 mil oócitos. Aos 30 anos, estima-se que apenas 500 oócitos serão selecionados para serem ovulados. E, depois dos 35, há uma queda importante tanto da quantidade quanto na qualidade dos oócitos maternos, que por possuírem a idade da mãe, ficam mais suscetíveis a alterações genéticas e erros na divisão celular quando fecundados. Assim, principalmente após os 38, aumenta a probabilidade tanto de aborto quanto de nascimento de uma criança com alguma síndrome genética", explica o médico.

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Homenagem eterna

Chef de um dos restaurantes mais tradicionais da cidade guarda caderno de receitas da mãe

David Lechtig é o que se pode chamar de cidadão do mundo. Nascido no Peru, passou boa parte da infância e da adolescência na Guatemala, morou por um período nos Estados Unidos e, há quase duas décadas, se naturalizou brasileiro. E daqui não pretende sair mais. Além da paixão e dos laços que criou no Brasil, não quer ficar longe da mãe, morta em 1986 e cujo corpo descansa no Campo da Esperança.

Das boas lembranças que guarda de dona Rosa Garcia de Lechtig, uma David carrega sempre com ele: um caderno de receitas. Nas páginas amareladas, algumas já soltas e outras sujas de gordura, tira inspiração para alguns dos pratos que serve no seu restaurante, o El Paso Texas, um dos mais tradicionais da cidade.

David calcula que os manuscritos foram iniciados em 1965 - ou até um pouco antes - por sua avó materna, Rosa Albujar de Garcia. Diante da perspectiva da mudança da filha, recém-casada com um pediatra que tinha acabado de conseguir umemprego nas Nações Unidas, a matriarca começou a escrever as receitas de família.

De fato, naquele ano, os pais de David deixaram a cidade natal de Chiclayo, no norte do Peru, para viver em Ica, do lado oposto do país. Foi lá que o primogênito nasceu. "Na véspera do meu nascimento, houve um terremoto. Minha mãe ficou muito nervosa. Meu pai, então, decidiu antecipar o parto e aproveitar para inaugurar o hospital da cidade, do qual seria diretor", diverte-se.

Poucos anos depois, a família deDavid voltou a se mudar, desta vez, para a Guatemala. O pai, um workaholic assumido, vivia viajando pelo interior do país levando ajuda às crianças desnutridas. Cabia à dona Rosa cuidar de perto da criação dos filhos - David e duas irmãs. "Eles eram donos de uma construtura, que era administrada por minha mãe. Mas ela fazia questão de trabalhar apenas um período para ficar próximo a nós."

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Aji de galinha

Ingredientes

  • 2 peitos de frango
  • 1 pacote de pão de forma descascado
  • 1/2 kg de batata cozida
  • 1 cebola branca picada
  • 3 dentes de alho moídos
  • 3 ajis amarillos ou dedo de moça amarela sem sementes e picados
  • 3/4 litro de leite integral
  • Nozes picadas a gosto
  • Sal, pimenta-do-reino branca e cominho a gosto

Modo de Fazer

Cozinhe o frango em água com sal e desfie. Reserve o caldo. Deixe de molho o pão no caldo de frango até amolecer bem e bata no liquidificador, tirando o excesso de caldo. Numa panela, refogue o alho, a cebola e a pimenta amarela. Agregue o pão e o frango desfiado e deixe ferver por uns minutos. Acrescente as nozes e tempere com sal, pimenta e cominho. Agregue, se quiser, uma pitada de açafrão. Coloque o leite e retire do fogo assim que ferver. Sirva sobre as batatas cozidas, cortadas em metades, e decore com alface americano, ovo cozido e azeitonas.

Alfajores

Ingredientes

  • 150g de manteiga vegetal
  • 250g de açúcar de confeiteiro
  • 3 gemas
  • 1 clara
  • 350g de maisena
  • 100g de farinha de trigo
  • 1 colher de café de fermento em pó
  • Raspas de meio limão
  • 1/2 taça de pisco
  • 1 colher de café de baunilha
  • Doce de leite

Modo de Fazer

Bata em um bowl, com uma colher de madeira, a manteiga e o açúcar de confeiteiro até formar um creme. Depois, adicione as gemas e a clara de ovo. Continue batendo! Adicione o pisco, a maisena, a farinha e o fermento em pó, todos previamente peneirados. Finalmente, acrescente a essência de baunilha e as raspas de limão. Deve-se abrir a massa em um local com farinha, deixando-a descansar por 15 minutos. Estique a massa com um rolo e a corte com um copo de vidro. Asse em fogo baixo por 20 minutos em forma untada. Deixe esfriar e junte os pares de alfajores com doce de leite (quantidade a gosto). Salpique o açúcar de confeiteiro e está pronto!

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Duas realidades

Cozinheira das boas, era dona Rosa quem preparava as refeições da família, quase sempre observada por David. "Ela até me ensinava, mas, por segurança, só me deixou pegar na panela quando completei 13 anos", recorda- se. Muitos desses experimentos culinários estão catalogados no caderninho. "Não são receitas autorais, mas de família ou repassadas por amigas. Tem muitos pratos peruanos e guatemaltecos, mas também de vários lugares do mundo", ressalta.

O chef lembra que, no dia a dia, os almoços e jantares eram feitos com receitas da Guatemala mesmo. Em ocasiões especiais, porém, eram servidos pratos típicos do Peru. "Minha mãe fazia questão de nos ensinar sobre a história, a cultura e os costumes do país onde nasceu."

Em 1982, o pai de David foi sequestrado pela guerrilha e a família viveu momento de muita aflição. Era chegada a hora de uma nova mudança. O destino? Brasil. "No início da década de 1980, o Nordeste brasileiro estava vivendo sérios problemas de desnutrição das suas crianças. Meu pai veio tentar solucionar esse problema. Ele, inclusive, esteve ao lado de Zilda Arns na fundação da Pastoral da Criança", orgulha-se.

A família ficou estabelecida em Brasília, enquanto Aaron Lechtig rodava o Brasil a trabalho. Em 1986, a matriarca foi acometida por um câncer de pulmão, apesar de nunca ter fumado. "Eu tranquei a faculdade para cuidar da minha mãe. Fiquei com ela até o fim", emociona-se. Como ela não gostava de dar trabalho e para evitar os trâmites com traslado do corpo, dona Rosa pediu para ser enterrada aqui.

"Com a morte da minha mãe, meu pai ficou completamente desnorteado e decidiu que ia se mudar para Moçambique. Eu cursava publicidade na UnB e ele queria mandar as minhas irmãs para os Estados Unidos, mas eu bati o pé e disse que cuidaria delas aqui em Brasília." Os três ficaram em terras candangas, mas, durante um mês do ano, a família voltava a se reunir no Texas, onde o dr. Aaron dava aulas na Universidade de Houston.

As irmãs de David se casaram e se mudaram para os Estados Unidos, enquanto ele terminou a faculdade e foi fazer mestrado em marketing em São Paulo. Quando acabou o curso e sem poder renovar o visto de estudante, David entrou no Ministério da Justiça com o pedido de cidadania, alegando questões humanitárias, já que não tinha identidade com nenhuma pátria. "Hoje, sou mais brasileiro que muita gente que nasceu aqui", diz

Ofício do chef

A profissão de chef David começou quase por um acaso, apesar de ter crescido com a paixão pela gastronomia. "Ainda não sabia ao certo o que ia fazer da vida. Estava passando pelo Setor Bancário Norte e vi um ponto comercial muito bom abandonado. Tive a ideia de montar um restaurante. E, assim, eu e o meu companheiro abrimos, em 1993, o Sancho Pança, um self service que existe até hoje, mas que já não nos pertence."

Com a moda do tex mex chegando ao Brasil e tantas idas a Houston, o chef teve a ideia de, em 2003, abrir o El Paso na 404 Sul. Hoje, são três casas. "Teve uma época que chegamos a ter oito restaurantes. Por questão de qualidade de vida, porém, ficamos apenas com o El Paso." O restaurante virou em tex mex na cidade, mas, mais uma vez, David viu uma oportunidade de inovar. Com a culinária peruana invadindo o mundo, incluiu no cardápio pratos típicos do seu país natal.

Com a coluna, ele compartilha as receitas de dois deles, retiradas do caderninho da mãe: o aji de gallina e os alfajores. O doce, tão conhecido na Argentina, nesse caso, é preparado ao estilo chiclayano. "A receita foi elaborada por minha avó e passada em manuscrito para a minha mãe. Para adaptar ao clima tropical brasileiro, acrescentei uma bola de sorvete. É um sucesso no restaurante."

No ano passado, o pai de David morreu em Lima e o filho também ficou ao seu lado até o fim. Hoje, em todos os natais, ele, as irmãs e os sobrinhos se reúnem nos Estados Unidos, onde ainda moram. O caderninho de receitas sempre acompanha David na viagem. Dele, são retiradas todas as receitas da ceia. Assim, mesmo depois de mais de 30 anos, a matriarca continua a unir a família.

El Paso Texas


SCLS 404, Bloco C, Loja 19 (Asa Sul)

Telefone: (61) 3323-4618


CLN 110 Norte, Bloco B (Asa Norte)

Telefone: (61) 3349-6820


Terraço Shopping

Telefone: (61) 3233-5197

Malhando com o bebê

Retomar a atividade física no pós-parto auxilia na autoestima e na volta da boa forma. E o melhor: dá para se exercitar com o filho

As mulheres no pós-parto passam por muitos desafios. Entre as noites maldormidas, a falta de tempo para tomar um bom banho e as dúvidas sobre a maternidade, elas ainda precisam lidar com a forma atual do corpo e o fato de se sentirem pouco atraentes. Apesar de, muitas vezes, ser um desafio à nova rotina das mães, voltar à atividade física nesse período é fundamental.

Idealizadora do projeto Renascendo após a maternidade, a psicóloga perinatal e lifecoach Bianca Amorim explica que o pós-parto é um período de transição, portanto o corpo que está ali não é real. Outro ponto importante é que, logo após o nascimento do filho, a mãe vivencia alguns lutos - um deles o surgimento de um novo corpo, irreconhecível aos seus olhos. "É preciso um tempo para ela processar a informação, chorar e se entristecer por essa perda".

Matheus Menescal/CB/DA.press Matheus Menescal/CB/DA.press

O próximo passo, explica Bianca, está nessa mulher criar forças para ser uma agente transformadora da atual realidade. "E a atividade física é o principal instrumento para que as mamães tenham um tempo para si, sintam-se cuidadas e melhorem a autoestima", pontua.

Anna Caroline Moura Lima, 33 anos, fisioterapeuta e mãe de Bernardo, 8 meses, praticou pilates durante a gravidez, porém sem assiduidade. Ela confessa que a volta à atividade física após o nascimento do filho foi difícil, porque houve complicações no pós-parto que adiaram o retorno à rotina de exercícios. Atualmente, a malhação de Anna é voltada para mobilidade, força e relaxamento, tanto físico quanto mental.

Os treinos dela são sempre acompanhados pelo filho. "Com ele por perto, posso acompanhar seu crescimento e criar um vínculo afetivo. Na academia que frequento, tenho a liberdade de trazê-lo quando quero e preciso. Na companhia de Bernardo, eu me animo mais, porque quero ser um exemplo."

Ray Castro de Brito, especialista em programas especializados em gestantes e pilates na academia Veritas, explica que há aulas coletivas para as mamães no pós-parto com até oito mulheres ou, se o plano for "personal", com, no máximo, três. "As turmas são pequenas porque elas demandam um cuidado maior com a postura, os movimentos e os bebês presentes nas aulas."

As aulas de 50 minutos evitam os exercícios de alto impacto e os abdominais tradicionais. "Precisamos fortalecer o abdômen e o assoalho pélvico (órgãos da região baixa do abdômen), muito exigidos durante a gravidez e na hora do parto. O principal, porém, é não chegar à fadiga, respeitar os limites físicos e mentais da mãe, trabalhar um pouco de força", diz Ray.




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Sling Dance

Mais do que ter o filho por perto, ele pode participar ativamente da aula. É o caso do sling dance, prática corporal que promove o bem-estar físico e mental para a mãe e o bebê. A atividade é feita por meio da dança. A mulher usa o sling (carregador de pano) para colocar o bebê e praticar movimentos movare - criados para possibilitar o desbloqueio corporal, auxiliando a pessoa a sentir o corpo mais solto e flexível.

Mariana Russo, psicóloga e idealizadora do sling dance, explica que essa atividade corporal promove acolhimento, bom sono ao bebê, cria vínculos positivos entre mãe e filho, melhora o humor da mulher, auxilia na postura e alivia dores corporais. Já o uso do sling promove o desenvolvimento psico neuromotor - os embalos acalmam e acolhem o bebê.

Nara Vieira, 41 anos, psicóloga e mãe de Luis Henrique, de 6 meses, pratica dança, natação, ioga e hidroginástica. Ela começou a fazer o sling e a inserir a caminhada diária quando o bebê tinha 3 meses. "Cheguei para uma aula experimental e estou até hoje. Amei. Aqui, trabalho o corpo e a mente com a música. Sempre saio leve, porque dancei e cantei com meu filho no colo. E ele fica tranquilo e sorri. Sente minha energia tranquila, isso é sintonia."

A dinâmica da aula sling dance foi especialmente criada para atender as mães no pós-parto. A prática inicia-se com uma roda, na qual a professora conduz, para as mães, alongamento e exercícios de respiração, e para os bebês, shantala (massagem). É um momento em que as mães se conectam ao filho, reforçando o vínculo afetivo.

"Em seguida, são realizados movimentos de dança. Embalados pela música, mães e bebês relaxam e se divertem. Os ritmos são marcantes e cadenciados. Muitas vezes, são utilizadas coreografias para facilitar a aprendizagem, mas também há dinâmicas corporais para estimular a mulher a aprender a se soltar, estimulando para que dancem com sling em casa. É uma excelente atividade física para praticar com o bebê", acrescenta Mariana.

Superação

A carioca, amante de atividade física e modelo fitness Patrícia Costa dos Santos, 36 anos, é um sucesso no Instagram. Ela é um exemplo e inspiração para muitas mulheres que querem se exercitar e voltar à rotina após o parto. Três meses após o nascimento do filho, em março de 2016, ela iniciou os treinos sem abrir mão de acompanhar o crescimento de Leo.

"Como eu já fazia musculação antes da gestação, quando me vi no espelho, após o nascimento do meu filho, não gostei. Eu estava fora de forma. Queria estar bem comigo e com minha saúde, sentir-me bonita e ser exemplo para o meu filho. Então, para mudar aquela realidade, comecei a praticar funcional na praia e muay thai", conta Patrícia. O grande detalhe é que a carioca sempre levava o filho aos treinos. "Foi maravilhoso tê-lo sempre comigo, nunca me atrapalhou em nada. Pelo contrário, ele me ajudava, muitas vezes, era o meu 'peso'."

Quando voltar ?

O período ideal para voltar às atividades físicas depende das condições físicas da mulher, do tipo de parto, da existência ou não de complicações no pós-parto e dos exercícios que a mulher pretende fazer. Segundo o especialista em ginecologia e obstetrícia José Gomes de Moura Neto, para as pacientes submetidas ao parto normal, sem complicações, o retorno pode ser em 15 dias. Lembrando que os exercícios devem ser iniciados com caminhadas leves.
Musculação, ginástica e esportes devem ser realizados com cautela, dando ênfase ao fortalecimento da musculatura abdominal. "Para as pacientes submetidas a cesárea, os exercícios físicos só devem ser retomados após 30 dias, pois é o período suficiente para que haja resistência da musculatura abdominal, principalmente no local onde ocorreu a incisão cirúrgica.
Nesse caso, as atividades precisam ser lentas e progressivas. Os abdominais não devem ser amplos, com poucas repetições e de leve intensidade", explica. As atividades aquáticas, como hidroginástica ou natação, são uma boa opção, por serem exercícios de menor impacto, porém, segundo o médico, devem ser realizadas após 42 dias do parto. A ioga também é uma boa opção para as mulheres sedentárias anteriormente à gestação.