Música

Com direção brasiliense, Yoùn lança documentário 'Da Baixada pro mundo'

Dividido em três episódios, o documentário conta a trajetória do duo até alcançar bons números nas plataformas digitais. Segundo episódio foi liberado nesta quarta (29/7)

Lucas Batista*
postado em 29/07/2020 08:00
 (crédito: Gabriel Pinheiro/@mtvphs/Divulgação)
(crédito: Gabriel Pinheiro/@mtvphs/Divulgação)

Conhecido pelas canções Nova York, Se foi, Meu grande amor e Só love, o duo Yoùn atravessou as fronteiras da música para lançar o documentário Da Baixada pro mundo. Contando com a direção do cineasta brasiliense Gabriel Pinheiro, a série é dividida em três episódios, divulgados no canal oficial da dupla, e conta a trajetória de Alisson Jazz e GP até conseguirem crescimento na carreira musical. O segundo episódio foi ao ar nesta quarta-feira (29/7).

Yoùn é uma palavra da língua crioula que significa “um só”. O termo reflete bem a amizade de Alisson e Gian Pedro, moradores da Baixada Fluminense, que surgiu ainda nos tempos de escola. Ambos vêm de famílias musicistas e tiveram as primeiras influências na igreja, mas, quando se encontraram, a conexão foi inevitável.

“Nós respiramos música desde cedo e o tempo todo, seja em casa com um tio ou irmão estudando, ou na igreja com irmão ou pai tocando, e mesmo quando voltava da igreja, era ouvindo a música também. Então ela se fez presente a todo momento. Só que, tanto eu quanto GP, não tínhamos um diálogo de música no nosso bairro, nosso lance de música era ou na igreja, ou família. Então quando nos conhecemos na escola, esse novo mundo se abriu para gente porque passamos a ter um amigo que também curtia”, relembra Alisson em entrevista ao Correio. “Além de curtir música, a gente tinha os mesmos gostos, ouvíamos canções que tinham a mesma vibe. Assim que a gente se identificou, começou a se amar e em oito anos de amizade nunca nos separamos”, complementa GP.

O passo definitivo que possibilitou a carreira dos artistas foi se aventurar nos vagões de trem e metrô do Rio de Janeiro, se apresentando em viagens entre as estações de Nova Iguaçu e Central do Brasil, na linha Japeri, no Rio de Janeiro. “Estávamos desempregados, tentando conseguir dinheiro e pensamos ‘podemos trabalhar para alguém ou tentar fazer algo que a gente ama’”, conta Alisson.

Se engana quem pensa que se apresentar na rua é tarefa simples. “A gente teve que aprender a trabalhar. Queríamos fazer música de qualquer jeito, mas com o tempo aprendemos como se fala no vagão, como cativar o pessoal e como nos apresentar tanto no trem quanto no metrô”, diz GP.

Quando começaram a se apresentar na rua o sonho de fazer sucesso já era distante, mas a esperança foi reacendida com o apoio do público dos vagões. “Não vislumbrávamos carreira, até porque a vontade de comer, dar um rolé, eram maiores do que o sonho. Já estava com uns 25 anos, só queria ir para rua para conseguir dinheiro para sair com minha namorada, por exemplo”, relata Alisson.

Para Alisson, o estalo de seguir carreira surgiu quando o público do metrô começou a gostar das apresentações. “Existe uma diferença social, entre os frequentadores do trem e do metrô, que impacta no feedback da galera. O público do trem é mais afetuoso e sempre dava incentivo, muitos de lá ouviram um violino pela primeira vez por meio do GP. No metrô não, a galera já pensava ‘o que você vai fazer com esse violino aí?’. Quando o pessoal do metrô começou a ter afetividade com a gente foi que percebemos que nosso nível tinha subido”, acrescenta o cantor.

Formado por Alisson Jazz e GP, o duo Yoùn se aventurou nos vagões de trem e metrô antes de crescer nas plataformas digitais
Formado por Alisson Jazz e GP, o duo Yoùn se aventurou nos vagões de trem e metrô antes de crescer nas plataformas digitais (foto: Gabriel Pinheiro/@mtvphs/Divulgação)

O encontro com a produtora Jo!nt Music foi fundamental para o passo seguinte da trajetória dos artistas. “Me convidaram para tocar violino em uma produção e foi lá que conheci o Pedro Bonn, rolou uma conexão e ele fez o caminho para juntar o Yoùn com a Jo!nt. Desde então a gente só vem crescendo”, lembra Gian.

A parceria funcionou e o single de estreia Meu grande amor está próximo das 900 mil visualizações. “Eu sempre tive o objetivo de fortalecer os nossos, as pessoas pretas que tem talento e precisam de oportunidade. Quando eu vi pela primeira vez o som do Nós três, era nem Yoùn ainda, eles tinham uma gravação bem mediana, mas o talento já estava ali exposto. A primeira música eu confesso que não teria essa comoção toda nas primeiras semanas de lançamento, foi tudo no orgânico, sem um centavo de marketing digital, apenas pela qualidade da canção. Surgiram muitos fãs e percebemos que tinha uma lacuna de música de qualidade sendo feita por dois artistas homens pretos e o primeiro lançamento veio para fortalecer isso”, recorda Pedro Bonn, o produtor do Yoùn.

“Sempre achei que, quando nosso som batesse na rua, iria fluir, porque já tínhamos um feedback da rua muito bom, então não seria o YouTube que ia dizer que a nossa música era boa ou não. Eu acho muito importante porque a gente tinha zero inscritos no canal quando lançamos a música, e agora estamos quase batendo um milhão na Meu grande amor”, ressalta Alisson.

A qualidade do som chamou atenção do YouTube que rendeu o convite para os artistas se apresentarem no projeto YouTube Music Night. “2019 abriu portas para a gente e nos fez conhecer outros artistas, como a Tássia Reis, que nos chamou para acompanhá-la nesse show do YouTube. A gente não tinha nem um show completo, com banda, e foi nossa primeira grande apresentação e um momento especial para a gente”, completa GP.

Hoje, o duo é uma das referências do R&B, trazendo um som original que mistura o estilo com rap, jazz, soul, além da beleza sonora do violino de GP.

Audiovisual

O duo também se destaca pela excelência dos clipes e muito disso tem a participação de Alisson e GP. “A gente gosta de se aventurar e mostrar nossa cara, a ideia do VHS em Só love é nossa, por exemplo, porque gostamos dessa vibe retrô. Em Nova York, o roteiro é a nossa vida. Em Se foi, nós escolhemos o diretor (Gabriel Pinheiro). Nos preocupamos muito com conceito e vemos que no Brasil é tudo meio parecido e nós somos ouvintes chatos. Aqui é muito compilado, um cara com seus manos, umas minas, é um conceito, mas a gente tenta trazer os conceitos que gostamos de ouvir e ver, porque acreditamos que cada clipe é uma história”, explica Alisson.

Confira o primeiro episódio do documentário:

*Estagiário sob a supervisão de Adriana Izel

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