Uma crítica contra a forma como os dados pessoais no mundo virtual podem ser monitorados e usados para controlar e mapear uma sociedade. Esse é o mote do curta Algoritmo, do diretor brasiliense Thiago Foresti, vencedor do prêmio Saruê, oferecido pelo Correio Braziliense, em 2019, no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. O filme tem pré-estreia no canal do YouTube da Forest Comunicação.
Na fita, um sistema operacional chamado Umbra investiga Nicole (Agda Couto), uma estudante de veterinária de 19 anos e pessoas ligadas a ela. A história se passa em futuro distópico em que o governo de um general usa aparelhos com acesso à internet para vasculhar a vida de pessoas e desaparecer com a oposição e movimentos sociais.
“O filme é uma ficção, mas pode se relacionar com o uso de dados por plataformas para envio de notícias falsas de forma segmentada”, afirma Thiago Foresti que percebe certa similaridade do que foi apresentado no filme com o que está sendo discutido no Projeto de Lei 2.630/2020, conhecido popularmente como PL das Fake News. “Por mais que tenham coincidências, é uma história fictícia, outro universo e outra Brasília”, completa Foresti.
“O filme parece ser algo muito distópico e distante da nossa realidade, mas a astúcia do roteiro é te revelar aos poucos que essa realidade não é tão distante assim. Até onde vai a nossa liberdade e privacidade?”, conta Agda Couto. A intérprete de Nicole ainda pontua que por mais que se passe no futuro a discussão é atual. “Confiamos as nossas informações à internet, postamos as nossas rotinas e não pensamos para onde vai e se é, de fato, seguro”, reflete a atriz.
A história gira em torno da personagem Nicole que não acredita que é vigiada pelo governo, mas passa a ser investigada por um descuido nas falas e interações virtuais. A Umbra passa a entendê-la como suspeita de subversão, mas ela só não vê maldade nos comandantes do país. “Eu acredito que isso seja bem atual, a falta de consciência política acaba colocando todos nós em um desgoverno”, avalia Gui Clevitta, ator que interpreta Estevão, um importante militante no curta.
O filme foi uma produção independente de baixíssimo orçamento, todas as cenas foram gravadas com câmeras de celular. No entanto, a produção simples não impede o grupo de pensar alto. “Temos planos de tornar este curta uma série, já temos roteiros prontos para alguns outros episódios e ideias de como seria uma continuação do curta”, conta o diretor, que também acredita que a história terá apelo até fora do país.
*Estagiário sob supervisão de Igor Silveira
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