Viva os espaços culturais!

Apesar dos transtornos criados pela pandemia, diversos locais tradicionais do DF continuam oferecendo cultura e entretenimento para a população

Irlam Rocha Lima
postado em 14/08/2020 22:35
 (crédito: Arquivo pessoal)
(crédito: Arquivo pessoal)

Espaços de múltiplas atividades têm se proliferado em Brasília e se tornam boas opções para quem busca, num mesmo lugar, por exemplo, saborear um café, adquirir livro e curtir boa música. Há outros que comercializam instrumentos musicais, oferecem cursos diversos, estúdios de gravação e palco para apresentações. E existe, ainda, os que promovem palestras, rodas de conversa e até oficina de jardinagem, ao mesmo tempo em que disponibilizam cardápio com tentadores petiscos e pratos bem elaborados
O Correio conversou com cinco proprietários e um gerente desses estabelecimentos, instalados na Asa Norte, na Asa Sul e em Taguatinga. A maioria existe há muitos anos e possuem clientela cativa, formada por pessoas de diferentes faixas etárias. Todos, porém, têm enfrentado problemas com o advento da pandemia da covid-19 e buscam alternativas para continuarem em funcionamento — obedecendo ao protocolo estabelecido pelas autoridades sanitárias.


Livraria Musimed — Profissionais e estudantes de música têm, há 42 anos, na W3 Sul, na altura da 505, a Musimed, uma loja em que podem encontrar instrumentos eruditos, como violão, viola, violoncelo e flauta doce importados, livros de música nacionais e internacionais, partituras (expertise da livraria), além de cordas, metrônomos, afinadores e encordoamento. “Somos a maior livraria de música da América Latina e temos clientes em várias partes do mundo. Recentemente, vendemos uma coleção de partituras de óperas adquiridas na Itália, para um cantor lírico daquele país, onde elas não foram encontradas”, ressalta Bohumil, deixando claro a satisfação. A Musimed costuma oferecer oficinas de música e acolhe, há algum tempo, com regularidade, pequenos grupos para pockets shows. A loja interrompeu as atividades no início da epidemia e voltou a funcionar em julho, seguindo determinação do Governo do Distrito Federal. “Estamos funcionando com alguma precariedade, e a venda de itens da loja, principalmente para outras regiões do país e do exterior”, diz o empresário.

Sebinho Cultural — Ponto de encontro de professores e estudantes dos cursos secundário e superior de várias partes do Distrito Federal, o Sebinho Cultural é vista como uma instituição brasiliense. Instalada na 406 Norte, este mix de livraria, café, restaurante promove, com alguma frequência, lançamento de livros, palestras e shows de música instrumental. “Com um acervo de 80 mil exemplares, de obras clássicas a best sellers nacionais e internacionais, além de livros técnicos e científicos. de diversas áreas, atendemos a um grande espectro de consumidores de literatura. Boa parte das pessoas que vêm aqui para compras, acaba ficando um pouco mais, inclusive para começar a ler o livro que adquiriu; e aproveita para tomar um café, fazer um lanche ou almoçar”, conta o gerente Henrique Alves. Com o advento da covid-19, o café mantém-se fechado, e o horário de funcionamento da livraria é de 12h às 19h. “Na livraria, onde escritores como Luis Rufato, Cassiano Nunes, Nicolas Beher e Noélia Ribeiro lançaram livros, conseguimos manter a equipe. Mas tivemos que dispensar nossos colaboradores que trabalhavam no café. Quando tudo voltar ao normal, esperamos recontratá-los”, adianta Henrique.

GTR Instituto de Música — Há 25 anos, funciona na 111 Sul a GTR Instituto, que formou incontáveis guitarristas, violonistas, baixistas, pianistas e outros instrumentistas. A escola mantém uma equipe de 38 professores e nove funcionários da área administrativa para que atender alunos de diferentes faixas etárias. No local, há também uma loja de conveniência para a venda de instrumentos musicais e acessórios; e salas para ensaios e workshops. “Recebemos aqui para worskshops nomes de destaque da música popular brasileira, como Guinga, Pepeu Gomes, Nelson Faria, Kiko Peres e Celso Salim”, lembra o empresário Marcelo Barbosa, que, paralelamente é guitarrista das bandas Angra e Zero 10. Ele diz que, em tempo de pandemia, o Instituto vem operando com restrições. “Mantivemos a maioria dos nossos alunos, com aulas on-line e teleconferência, mas vimos diminuir o número de novas matrículas. Até agora, com muito esforço, não precisamos fazer dispensa no nosso quadro de colaboradores”, acrescenta.

Melodia Estúdio Café — Uma mistura de loja de instrumentos, escola de música, estúdio e café. É assim que pode ser identificada a Melodia Estúdio Café, instalada desde 1991 na 706 Norte..Ali, é possível adquirir piano, teclados, guitarra, violão, viola caipira e ukulelê; receber aulas de vários instrumentos; como também fazer gravações, vídeos e até assistir a pocket shows. “Nosso estúdio foi utilizado por músicos como Gog, Gustavo Bertoni (Scalene), Digão (Raimundos), Lucas Lucco e Simone & Simaria”, relata o sócio-proprietário Aldo Rodrigues. “Logo que a epidemia surgiu, fechamos a Melodia. Quando houve a liberação, por parte do governador, reabrimos, obedecendo todos os requisitos determinados pelas autoridades sanitárias, mas só para a venda de instrumentos. É isso que, de alguma forma, tem possibilitado o funcionamento da loja”, complementa.

Gentil Café Pausa e Prosa — “Quando, em 2018, abrimos o Gentil Café, a proposta era ser um espaço em que as pessoas pudessem ter uma pausa na correria do dia a dia, ao ocupar as mesas para bater um papo, enquanto degustavam os produtos oferecidos por nosso cardápio. Constatamos que isso vem ocorrendo desde a inauguração”, revela a sócia-proprietária Cristine Gentil. Mas, logo em seguida, ela e os sócios perceberam que poderiam manter os frequentadores por mais tempo, oferecendo algo a mais. Foi, então, que criaram dois projetos: o Quarta do Jazz e o Cafeterapia. Manassés de Souza, Esdras Nogueira, Bosco Oliveira, Pedro Vasconcellos e Patrícia Medeiros são alguns dos músicos que participaram do Quarta do Jazz. Mas o que vem a ser o Cafeterapia? “São rodas de conversa sobre temas diversos e oficina de jardinagem, que tem despertado a atenção e o interesse das pessoas desde que tiveram início”, explica Cristine. “A pandemia, obviamente, nos trouxe prejuízo. Melhorou um pouco depois que fomos autorizados a reabrir, embora com o horário reduzido. Agora, funcionamos das 12h às 19h. Como não podemos ainda voltar com a Quarta do Jazz, os músicos sentem falta, até porque não recebem o cachê, base do orçamento de cada um deles”, completa.

Careca’s Bar — Tradição em Taguatinga, o Kaixa D’Água, mais conhecido como Careca’s Bar, em 45 anos de existência, funcionou antes em dois endereços, mas, há mais de um ano, está instalado na Avenida Comercial (QND 14, Lote 9). Ali, manteve-se como um misto de bar, café, restaurante, palco de shows e espaço para exposições e lançamento de livros. “Ao longo do tempo, tivemos o privilégio de receber artistas renomados, entre os quais Luiz Melodia, Sueli Costa, Vander Lee, Paulinho Pedra Azul e Nazi. Os artistas brasilienses sempre tiveram vez aqui. Cito, por exemplo, Gerson de Veras, Dillo de Araújo, Carlos Piau, Elen Oléria, as bandas Distinto Filhos, Brega & Rosas, além da Brasília Popular Orquestra”, lembra Jaille Ricardo, o Careca. Ele conta que, no período da pandemia, o bar foi cenário para lives de Paulo Mesquita, Bruno Z e Leonardo Martins. Para diminuir o prejuízo, passamos a trabalhar com delivery”, destaca.

 

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