Teatro

Grupo de teatro G7 leva humor ao espaço Arena Drive

Trupe brasiliense vai apresentar as peças 'Auto ajude-se' e 'Cidade avião' no estacionamento do Nilson Nelson

Correio Braziliense
postado em 22/08/2020 06:00 / atualizado em 22/08/2020 16:04
 (crédito: Patricia Moreira/Divulgação)
(crédito: Patricia Moreira/Divulgação)

Ao contrário do ditado popular, os “meninos do G7”, como eles mesmo se chamam, completam 19 anos com carinha de 38. “Os 19 anos nos deram a maturidade e a inteligência de adaptar-nos rapidamente e continuar nossa missão, mas, também, Rodolfo perdeu cabelo, Felipe botou cabelo e Fred continua praticamente igual”, conta o ator e humorista Rodolfo Cordón. Com eles, nem uma pergunta da entrevista passa sem um toque de humor. “Nosso trabalho é alegrar o maior número de pessoas possível, e se der, colocar uma reflexão aqui e acolá, tudo suave, com carinho e muito álcool gel”, define Cordón.

Neste ano, o grupo brasiliense comemora quase duas décadas de carreira. Para celebrar, Rodolfo, Felipe Gracindo e Frederico Braga prepararam o Festival de Aniversário do G7 — TEATRIN, no espaço Arena Drive, no estacionamento ao lado do Ginásio Nilson Nelson. Por ali, alguns clássicos da companhia foram apresentados, como o Manual de sobrevivência ao casamento. Agora, até domingo, o público brasiliense pode acompanhar a ‘primeira comédia coaching do Brasil, agora mais do que nunca… Autoajude-se’, além da matinê com o Cine teatro da peça Cidadão avião.

Este ano, os meninos do G7  comemoram 19 anos de trajetória
Este ano, os meninos do G7 comemoram 19 anos de trajetória (foto: Marketing G7/Divulgação)

“Foi um desafio adaptar os roteiros de nossos espetáculos para o formato drive-in, principalmente a parte em que a plateia subia ao palco e participava conosco, uma de nossas características mais marcantes. Mas nós somos um grupo de artistas empreendedores e, por isso, desafio para nós é combustível criativo”, conta Cordón. Os atores e humoristas não temem mudanças, novos cenários, outras possibilidades. “A única coisa que não muda na vida é a mudança”, pontua Cordón.

O grupo reconhece o profissionalismo e a maturidade que ganharam no decorrer de cada apresentação — são mais de trinta espetáculos apresentados, entre eles um dos grandes sucessos Como passar em concurso público, visto por mais de um milhão de pessoas. No entanto, com trabalho, persistência, criatividade e bom humor, elementos considerados os valores da companhia, segue transformando o simples do cotidiano em espetáculo de humor. Mesmo em tempos de pandemia. “Nos momentos mais difíceis é quando precisamos relaxar, respirar fundo, deixar os problemas de lado e buzinar bastante no TEATRIN, o Festival de 19 anos do G7 que acontece agora no Arena Drive In, localizado no estacionamento do Ginásio Nilson Nelson. Compre logo a vaga do seu carro que antecipado é mais barato e venha espantar a tristeza e o mau humor, relaxar o espírito e quem sabe, refletir um pouquinho também”, convida o ator.

 

Entrevista com o ator e humorista do G7, Rodolfo Cordón

O que define a Cia de Comédia G7?

A nossa missão é fazer as pessoas felizes, se possível, com uma reflexão crítica sobre seu cotidiano e seus hábitos enquanto seres humanos. A Cia. de Comédia surgiu também da necessidade criativa de seus integrantes, da vontade de fazer arte, com carinho e qualidade, da melhor forma que sabemos. São mais de trinta espetáculos apresentados, alguns com muito sucesso nacional e todos com muito sucesso em Brasília. São mais de 1,5 milhão de espectadores fazendo teatro e até hoje não há uma definição clara do que é o G7, pois a definição de "definir" é a de estabelecer limites e nós, como empresa e como artistas, nos vemos ilimitados. O futuro será de inovação e muito provavelmente o G7 migrará em algum momento para outros tipos de arte como o cinema e a literatura, levando sempre adiante a ideia de sorrir das adversidades da vida porém, sem abrir mão do pensamento crítico e autocrítico.

No mesmo ano no qual o grupo comemora 19 anos, Os Melhores do Mundo, outro grupo de teatro de humor de Brasília celebra 25 anos. Como vê esse mercado em Brasília e como foi "nascer" com essas referências? É um desafio?

É um prazer ser de Brasília e ter a influência de vários estilos e grupos, inclusive das bandas de rock dos anos 80. Os Melhores do Mundo é uma Cia. que certamente influenciou o G7, principalmente nos primeiros anos. Contudo, com o advento da peça Como passar em concurso público, o G7 estabeleceu seu estilo próprio e bem diferente, com espetáculos com muita música autoral ao vivo, muito humor físico, dramaturgia mais elaborada e maior complexidade nos temas, buscando sempre promover uma reflexão sobre o assunto, de forma leve. Outra diferença do estilo de humor do G7 e das demais companhias de comédia do Brasil é o pouco uso de estereótipos ou do chamado “humor de ofensa”, buscando mais situações engraçadas e histórias do dia a dia dos brasileiros. O desafio é viver de teatro no Brasil. A existência de boas referências é saudável e não gera concorrência e sim fomenta o teatro. Mas elas não podem ser vistas como um obstáculo ou desafio. Senão ninguém faria cinema depois de Charlie Chaplin.

Acreditam que o trabalho do grupo mudou no decorrer desses 19 anos? Se sim, o que?

Sim! A única coisa que não muda na vida é a mudança! A gente se profissionalizou muito nesses últimos anos, reorganizamos a empresa e estávamos obtendo o maior sucesso de toda nossa carreira no final de 2019 e início de 2020, com vários projetos engatilhados, inclusive na televisão e no cinema. Infelizmente, veio essa pandemia e nós tivemos que frear nossas expectativas e nos reinventar. Nesse sentido, acredito que o humor e a criatividade dos “meninos do G7” continua lá, a nossa descontração, o improviso e a constante preocupação com o público. Mas o profissionalismo, a organização da empresa, sobretudo com a chegada do nosso Produtor/Administrador Marco Wanderlei, melhorou bastante. Os 19 anos nos deram a maturidade e a inteligência de nos adaptar rapidamente e continuar nossa missão, mas também, Rodolfo perdeu cabelo, Felipe botou cabelo e Fred continua praticamente igual.

O grupo tem alguns trabalhos que estão há algum tempo na estrada, entre eles o Como passar em concurso público. O que acham que faz com que essas histórias nunca "percam a graça" no decorrer dos anos? Como é "adaptar os roteiros" para as novas apresentações como fizeram agora na pandemia? De onde saem as referências?

Apesar de estar em constante mudança, também é certo que a história se repete. O teatro, como forma de representação da sociedade, sempre fala sobre o atual momento histórico. Em Brasília, em 2007, a melhor opção, não apenas para nós do G7 como para a maioria dos brasileiros, era passar em algum concurso público e ter a tão sonhada estabilidade. Nós tivemos a sensibilidade artística de captar essa tendência que estava no ar e conseguimos, com muito trabalho e pesquisa, realizar um espetáculo verdadeiro que realmente falasse do assunto com propriedade, inovação, música ao vivo, efeitos especiais, enfim, uma Broadway brasileira. Agora, vivemos um momento de poucos concursos públicos e a peça continua firme e forte pois no fundo fala sobre a relação do ser humano com a necessidade de trabalhar e sobreviver, principalmente no Brasil. As piadas se renovam e é nosso dever atualizá-las, acrescentando fatos novos do noticiário, improvisos e reinventando cenas e personagens.

Foi um desafio adaptar os roteiros de nossos espetáculos para o formato drive in, principalmente a parte em que a plateia subia ao palco e participava conosco, uma de nossas características mais marcantes. Mas nós somos um grupo de artistas empreendedores e por isso desafio para nós é combustível criativo. Pensamos em soluções que funcionaram muito bem, por exemplo, no espetáculo Cenas da quarentena realizamos o Momento Romântico (já tradicional quadro do G7 no qual casais declaram seu amor e concorrem a prêmios), porém sem a presença física das pessoas da plateia no palco. Utilizamos o aplicativo Zoom e projetamos as pessoas no telão e a dinâmica funcionou muito bem. O bom comediante precisa se adaptar bem e rápido para ser atual e continuar engraçado. Acredito que nós do G7 tivemos que inventar nossas próprias referências sobre teatro em drive in, pois fomos o primeiro grupo do Brasil a apresentar cenas nesse formato, inclusive com um espetáculo inteiro pensado para isso. Agora, nos palcos drive ins, nós somos a Cia. de Comédia que mais se apresentou sem dúvida. Parece que, aos 19 anos, estamos nos tornando as referências também.

Qual o "segredo" dos 19 anos de sucesso?

Trabalho, persistência, criatividade e bom humor. Não existe um segredo mas esses são os nossos valores. Pesquisar, estudar, informar-se bem sobre o assunto que irá ser objeto da comédia, não ofender ninguém, não desrespeitar nenhum tipo de fé ou opção sexual, ser o exemplo que queremos ver em grupos de comédia, enfim. Costumamos dizer entre nós que o pior dia no palco é melhor que o melhor dia em qualquer outro lugar. Claro que não é verdade, mas ajuda. Não tem segredo mas o mais próximo disso seria: encontre uma atividade que você ama fazer e que faça bem a você e aos demais e a vida se encarrega do resto.

O humor tem se revelado um grande aliado neste momento da pandemia. Vocês percebem isso?

Sim! O humor é um grande aliado sempre, pois a própria existência já é uma sofrência que não acaba. A comédia é a língua da alma, é uma ferramenta eficaz para sobrevivermos e inclusive está provado que faz bem pra saúde e melhora a imunidade. Nos momentos mais difíceis é quando precisamos relaxar, respirar fundo, deixar os problemas de lado e buzinar bastante no TEATRIN, o Festival de 19 anos do G7 que acontece agora no Arena Drive In, localizado no estacionamento do ginásio Nilson Nelson. Compre logo a vaga do seu carro que antecipado é mais barato e venha espantar a tristeza e o mau humor, relaxar o espírito e quem sabe, refletir um pouquinho também.

Por fim, sabemos que fazer humor hoje, sobretudo em tempos de politicamente correto, de cancelamentos virtuais, não é a mesma coisa que há 19 anos. Como lidam com isso?

Acreditamos que o humor não precisa ofender ninguém nem polemizar os assuntos para ser interessante, engraçado e enriquecedor. Tentamos sempre fazer uma comédia que não desrespeite ninguém, mas que brinque com todos. Se por ventura os tempos mudam e algumas piadas e personagens passam a incomodar algumas pessoas nós não pensamos duas vezes e adaptamos a peça, a situação e tiramos qualquer coisa que possa vir a ser ofensiva. Nosso trabalho é alegrar o maior número de pessoas possível, e se der, colocar uma reflexão aqui e acolá, tudo suave, com carinho e muito álcool gel. Nós nunca tivemos nenhum problema de reclamação ou cancelamento, pois nos preocupamos muito em uma comunicação universal, humana, sem preconceitos e distinções de qualquer tipo. No teatro, como na vida, se uma piada não tem mais graça, seja inteligente, pense um pouco e conte outra. Sempre haverá uma ideia melhor, inofensiva e mais engraçada. Não é possível agradar a todos, mas a gente tenta.


Serviço

Festival de Aniversário do G7 – TEATRIN

Agora mais do que nunca… Autoajude-se!
Sábado (22/8) e domingo (23/8) às 19h30. No Espaço Arena Drive — Estacionamento do Ginásio Nilson Nelson (acesso pelo Eixo Monumental). Não recomendado para menores de 12 anos.


Cine Teatro Cidade avião
Sábado (22/8) e domingo (23/8), às 17h30. No Espaço Arena Drive — Estacionamento do Ginásio Nilson Nelson (acesso pelo Eixo Monumental). Livre para todos os públicos.

Ingressos antecipados a partir de R$ 90 por carro, à venda no site da companhia, na Up Grade (415 Sul) e na bilheteria do Espaço Arena Drive (uma hora antes do espetáculo). Todos os ingressos já são meia-entrada, entretanto, poderão ser doados voluntariamente 1kg de alimento ou 1 livro. Assinantes do Correio têm 30% de desconto no valor dos ingressos.

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