Mantenha terapias cardiovasculares

Correiro Braziliense
postado em 02/09/2020 06:00 / atualizado em 02/09/2020 07:42

Um estudo brasileiro confirmou a segurança no uso de medicamentos para hipertensão e insuficiência cardíaca durante o tratamento da covid-19. Os pesquisadores analisaram mais de 600 pacientes infectados com o novo coronavírus e não observaram taxas de óbitos maiores em indivíduos que mantiveram a terapia para as complicações cardiovasculares enquanto eram tratados da infecção pelo Sars-CoV-2. As análises foram feitas por cientistas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e divulgadas, ontem, durante o maior congresso de cardiologia do mundo, o ESC Congress 2020.
No estudo, os especialistas analisaram os efeitos de dois tipos de medicamentos: os inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA) e os bloqueadores do receptor da angiotensina (ARBs). Segundo os autores, pesquisas anteriores sugeriram que pacientes com problemas cardíacos tratados com esses remédios poderiam apresentar aumento na expressão de ACE2, uma enzina que facilita a entrada do vírus Sars-CoV-2 no organismo humano.
A equipe de pesquisa escolheu, de forma aleatória, 659 pacientes, em 29 hospitais brasileiros, que estavam hospitalizados em decorrência da covid-19 leve ou moderada. Parte dos pacientes fez uso contínuo de IECA e de ARBs durante a internação. Outro grupo teve o tratamento com os medicamentos suspenso por 30 dias.
De acordo com os pesquisadores, os resultados do estudo não mostraram diferença significativa entre os dois tipos de pacientes, com uma taxa de mortalidade de 2,8% para os que mantiveram o tratamento e de 2,7% para os que suspenderam os medicamentos para os problemas cardiovasculares. O primeiro grupo, porém, apresentou um estado clínico ligeiramente melhor em 30 dias.
Os autores acreditam que os dados podem auxiliar especialistas responsáveis pelo tratamento da covid-19. “Essas terapias são importantes para pacientes com hipertensão e insuficiência cardíaca com benefícios bem conhecidos, e esse ensaio clínico fornece evidências científicas robustas e de alta qualidade para orientar seu uso durante o tratamento de pacientes com casos leves e moderados da covid-19”, afirma, em comunicado, Renato Lopes, professor da Unifesp e coordenador da pesquisa.

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