O presidente da Rússia, Vladimir Putin, amargou derrotas simbólicas para aliados do opositor Alexei Navalny. Os adversários do Kremlin reivindicaram vitórias em duas cidades da Sibéria, região onde Navalany foi supostamente envenenado com um agente neurotóxico da categoria Novichok. Após eleições regionais dominadas pelo partido governista Rússia Unida e marcadas por denúncias de irregularidades. Em 41 das 85 regiões russas, eleitores foram convocados a escolher os governadores, representantes nas assembleias regionais, ou municipais, e quatro deputados para o Parlamento nacional.
Os candidatos do Rússia Unida conquistaram a maioria das cadeiras em disputa, de acordo com o líder da sigla, o ex-presidente e ex-primeiro-ministro Dmitri Medvedev. “Nosso partido é o primeiro em todos os lugares onde foram realizadas eleições para os parlamentos regionais e em termos de mandatos obtidos”, celebrou.
Apesar das eleições para governadores, os olhares estavam voltados para as disputas municipais em Tomsk e em Novosibirsk, na Sibéria, onde Navalny fazia uma investigação sobre a corrupção da elite local e organizava a campanha de seus aliados. Em Tomsk, os dois candidatos partidários do opositor foram eleitos para o Parlamento municipal.Andrei Fateev e Ksenia Fadeeva venceram em duas circunscrições, de acordo com os dados preliminares da Comissão Eleitoral.
Ao mesmo tempo, o Rússia Unida, legenda que apoia o presidente Vladimir Putin, foi o mais votado nesta cidade da Sibéria de 500 mil habitantes, com 24,46% dos votos. O resultado está muito longe, no entanto, dos 52,27% obtidos nas eleições. E, no lugar de 32 cadeiras de um total de 37, o Rússia Unida terá apenas 10: as demais vagas foram distribuídas entre vários partidos.
“Acho que todos entenderão que vencer em Tomsk era uma questão de princípio depois do que ocorreu”, tuitou Ksenia Fadeeva, em referência ao envenenamento de Navalny. Em Novosibirsk, terceira maior cidade da Rússia e a mais importante da Sibéria, onde Navalny também fez campanha, sua coalizão conquistou cinco cadeiras, incluindo a de Serguei Boiko, líder de uma coalizão opositora.
O Fundo de Luta Contra a Corrupção (FBK) de Navalny — que quando não tinha candidato pedia votos para o aspirante com mais possibilidades de derrotar o partido do governo — reivindicou sua parte no sucesso de outras siglas. Em um contexto econômico e social difícil, com acusações de corrupção e diante de uma impopular reforma da Previdência, a popularidade do partido de Putin registra forte queda, a um ano das eleições legislativas de setembro de 2021. Para as eleições do próximo ano, Rússia Unida tem apenas 30% das intenções de votos nas pesquisas.
Após as eleições, o governo russo pode celebrar a vitória de seus candidatos — 12 do Rússia Unida, cinco sem partido, um nacionalista — nas disputas pelos 18 cargos de governadores. A organização não governamental Golos denunciou a “arbitrariedade” dos diretores de vários centros de votação, que se recusaram a registrar denúncias de observadores.
Político envenenado melhora e consegue levantar da cama
O estado de saúde de Alexei Navalny, envenenado com Novichok, continua a “melhorar”, anunciou o hospital Charité de Berlim, de acordo com o qual o opositor russo consegue “levantar temporariamente da cama”. “O estado de saúde de Alexei Navalny, que é tratado no Charité desde 22 de agosto de 2020, melhorou ainda mais”, anunciou o hospital, por meio de um comunicado. “Ele está cada vez mais responsivo e já consegue deixar temporariamente seu leito de hospital”, informou. “O paciente poderá ser completamente retirado da ventilação artificial”, acrescentou o estabelecimento. Nesta segunda, laboratórios franceses e suecos confirmaram que Navalny, de 44 anos, foi envenenado com um agente nervoso do tipo Novichok, criado pelos soviéticos na década de 1970.
Lukashenko confirma a Putin desejo de mudar a Constituição
Em um encontro presencial de mais de quatro horas em Sochi, balneário situado no sul da Rússia, o presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko (E) confirmou ao homólogo russo, Vladimir Putin (D), que deseja modificar a Constituição — a única solução proposta por Minsk para tentar pôr fim à crise política. De acordo com o Kremlin, o objetivo do compromisso firmado pelos dois chefes de Estado é debater a “integração” dos dois países desejada por Moscou e à qual os bielorrussos resistem. “Lukashenko confirmou sua intenção de fazer mudanças na Constituição”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, que classificou o encontro de “construtivo”. Os dois presidentes abordaram “relações bilaterais e cooperação econômica”, assim como questões militares e energéticas. Mais cedo, o presidente russo disse estar “convencido” de que Lukashenko poderá resolver a crise que abala Belarus. “Estou convencido de que, considerando sua experiência (...), fará um trabalho neste sentido no mais alto nível e permitirá que o desenvolvimento do sistema político do país alcance novos patamares”, disse Putin.
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