Representar por lazer ou profissão. Os cosplayers aproveitam as circunstâncias possíveis e fazem de qualquer lugar palco para se apresentar. A questão não é se fantasiar, mas, sim, vestir-se a caráter, acompanhado pela interpretação da personagem. Em Brasília, com forte potencial de quem trabalha na área, tanto o cosplayer — quem representa — quanto o cosmaker — quem faz — encontram maneiras de movimentar a capital com a arte que envolve diferentes culturas ao redor do mundo.
“Roupa é um artefato que você usa, mas o resto é interpretação”, afirma Luiz Marques, cosplayer de Brasília, que dá vida a vários personagens, embora tenha o Homem-Aranha como maior identificação e trabalho profissional. Eventos em parques de diversão, festas de aniversário, festivais de cosplay e dias celebrativos em lojas foram alguns compromissos de Luiz que o inspiraram a fazer, ele mesmo, a roupa do Homem-Aranha de ferro, a revestindo toda com piso vinílico.
Na hora de decidir representar um personagem, existe a escolha de tentar fazer a roupa sozinho ou comprar. Neste cenário, entram os cosmakers, especializados em fazer peças para cosplays. João Vitor Cicon optou por fazer cosplay de Tanjiro (do anime Kimetsu), e fez a espada, caixa e brincos usados por ele. São peças muito com muitos detalhes.
Cicon sempre foi consumidor de jogos, quadrinhos, animes e se interessou pela área depois que venceu um concurso em 2015, no qual fez a roupa com base no material EVA. A partir dessa vivência, passou a receber encomendas de amigos e de pessoas que admiravam os cosplays dele. Atualmente, ele trabalha também com impressão 3D, leds e materiais básicos para construção de peças.
Nesse mesmo sentido, a Midgard, uma das primeiras lojas focadas em cosplays e animes de Brasília, localizada na Asa Sul, trabalha com um ateliê de costura e recebe demandas de roupas e acessórios desde 2005. Iolanda Ferreira Guimarães, dona do espaço, relata que abriu a loja por causa do filho, que gostava dos assuntos, e deu continuidade vivenciando a história dos eventos na capital, as mudanças ocorridas e o crescimento do cosplay.
Interpretações
Não só da roupa ganha vida o cosplay, que também depende da interpretação. Um cosplayer pode ter diversos personagens no repertório, mas a afinidade e fidelidade criam relações entre eles. Um exemplo disso são as Love Gems, grupo de cosplay da franquia japonesa Love Live, formado por Larissa Akemi, Amanda Lemos, Sarah Lima, Kamila Marques, Ariany Marques, Camila Mongin, Vanessa Patrício, Lanna Vogel e Thayane Oliveira, e todas têm um personagem fixo. “O diferencial na hora de fazer cosplay é ter essa identificação”, comenta Kamila, ressaltando a ligação entre o cosplay e a personalidade de cada integrante.
O grupo caminha em uma linha tênue entre o profissional e o hobby. São nove integrantes completamente diferentes nos bastidores, com personalidades distintas, que se encontram para vida a personagens. No momento de se apresentar, após dias com várias horas de ensaios, até mesmo a timidez é superada em palco e o prazer de fazer o que gosta releva qualquer estresse.
O cosplay vai além de somente vestir a roupa do Homem-Aranha para Luiz Marques, que também criou um Peter Parker, herói dos quadrinhos, para si mesmo. Ainda que a aparência física não seja próxima a dos atores que interpretaram o amigo da vizinhança nos cinemas, a afinidade com o personagem trouxe inspiração para o brasiliense cursar biologia e ter o desejo de se especializar em aracnídeos.
Diversidade
Os eventos de cosplays, geralmente, são formados por atrações, lojas, oficinas, danças e shows. Em 2009, Brasília sediava vários eventos de animações japonesas, que traziam os cosplayers para os holofotes. A temática, no entanto, diminuiu ao mesmo tempo em que o K-pop, gênero musical da Coreia do Sul, e a cultura geek dos quadrinhos e tecnologias da mídia americana cresceram, o que fez com que os eventos e os cosplayers aumentassem as abrangências, como analisa Larissa Akemi, integrante da Love Gems.
Há mais de 10 anos, a Central Cosplay, grupo do Distrito Federal, atua com eventos, bazares e concursos de cosplay pela cidade, a fim de “apresentar para quem não conhece e unir quem já conhece”, segundo a coordenadora, Laís de Oliveira. A organização realizou a Invasão Geek no Pier 21, por exemplo, além do evento X1 e outros festivais que movimentam Brasília com a cultura do cosplay.
*Estagiária sob supervisão de Igor Silveira
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