“Por que você não chora?” é o questionamento da cineasta e roteirista Cibele Amaral, destacado no título do longa-metragem brasiliense que concorre ao prêmio Kikito, no Festival de Cinema de Gramado. Este ano, o evento será on-line, até 26 de setembro, e tem parceria com o Canal Brasil que exibe os filmes tanto pela TV como pelo suporte de streaming Canal Brasil Play. Por que você não chora? estreou para o público ontem.
Com um forte elenco feminino e ambientado em uma Brasília de aspecto chuvoso e nublado (na fotografia de Maurício Franco), o filme fala sobre saúde mental por meio das atrizes Carolina Monte Rosa e Bárbara Paz, além de Elisa Lucinda, Maria Paula, Cristiana Oliveira, Priscila Camargo e da atriz mirim Valentina Cysne, entre outras. “1Quem cuida de quem cuida?’. O filme também fala disso. Uma pessoa, por vezes, não tem o tempo, a ocasião e ajuda para falar sobre suas questões e aquilo vai implodindo ou explodindo”, analisa a diretora. Na representação e encontro de Jéssica, uma terapeuta que reprime os sentimentos, e de Bárbara, uma mulher de reações explosivas, o filme mostra os dois lados da insalubridade emocional, e a necessidade de haver amparo.
O longa foi gravado em 2017 e, devido à pandemia, não estreou no circuito comercial, mas a apresentação ao público do festival, este mês, coincide com a campanha Setembro Amarelo, que trata da prevenção ao suicídio (um dos temas levantados na premissa, junto ao transtorno Borderline) por meio da abertura de canais de comunicação e apoio emocional.
Quando questionada sobre como retratar temas sensíveis, e ainda pouco discutidos, a cineasta destacou a importância de haver espaço de fala sobre esses sentimentos, por vezes silenciados no senso comum. “Mesmo sendo também psicóloga, procurei um grupo de profissionais que trabalham com prevenção, e mostrei o filme, por não querer um efeito gatilho. Recebi um bom feedback. Quero que ele gere debates, quebre tabus, e que possamos falar sobre isso. É muito angustiante não poder falar com ninguém. As pessoas vão sendo abafadas por esse sentimento. Quero que o filme seja uma voz, mas não um gatilho”, explica.
Como mulher, cineasta e brasiliense, concorrer ao Kikito na categoria Longa Brasileiro, com a ficção, é sinônimo de pioneirismo feminino para Cibele e, de visibilidade para os trabalhos da cidade, assim como para as reflexões do enredo.“Tenho uma história muito bonita com o Festival de Gramado. Fui premiada com quatro Kikitos pelo curta Momento trágico e isso foi um divisor de águas na minha carreira. Voltei como jurada duas vezes e sou muito grata. O festival tem por característica uma grande visibilidade no meio audiovisual. Tenho expectativa de que seja uma vitrine para o filme e para o trabalho de todos que o fizeram”, encerra.
*Estagiária sob supervisão
de Igor Silveira
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