A música pop brasileira é um importante traço da cultura do país, ela apresenta as tendências do público e populariza sons e vozes que antes estavam concentrados em pequenos nichos. No entanto, o pop da música brasileira está muito além de um gênero, é um caldeirão de ritmos, estilos e culturas de cada estado que atingem o público com um apelo mais mercadológico. Afinal, a extensão do país também afeta diretamente a arte que é desenvolvida no território nacional.
Segundo o historiador da música Rodrigo Faour, para classificar o novo pop é necessário enxergar as fases que ele passou para chegar ao que faz sucesso atualmente. Para escritor e estudioso que está há três anos no YouTube com o canal Rodrigo Faour Oficial sobre MPB, as influências de cada época e década eram bem determinadas, mas a música popular brasileira sempre seguiu um caminho próprio. “As referências de alguma forma eram compensadas, na letra e em uma mistura com outras influências”, explica o pesquisador. “Conseguimos de alguma maneira apresentar uma originalidade, um trabalho com a nossa cara”, completa.
Mas, o estudioso critica o rolo compressor dos mercados mundiais nas culturas dos países. De acordo com Rodrigo Faour, a partir da globalização, a música tomou caráter mercadológico demais e se criou uma “cultura do genérico” no pop do Brasil. “Vivemos o clímax da homogeneização da música mundial e no Brasil não é diferente”, comenta Faour, que também admite que apesar de ser algo geral existem exceções.
A cantora Giulia Be, um dos nomes mais expoentes do pop brasileiro, faz parte desse time de ótimas exceções e analisa que “o cenário pop está mudando. A palavra pop vem de popular, é um gênero muito abrangente. Mas o pop brasileiro, até então, caminhava para uma nova MPB ou para o funk. Agora, estamos vendo novos caminhos”, avalia a cantora, que classifica a música que faz como bedroom pop, nome dado para o gênero do pop de produção caseira.
“Estamos vivendo um momento de transição do pop brasileiro”, acrescenta Guilherme Guedes, jornalista e especialista em música. Segundo ele, é possível encontrar trabalhos interessantes do Norte ao Sul do Brasil. Para ele, o pop, assim como toda a cultura brasileira, é uma mistura de referências que vêm de todo território, mas ainda está tomando forma. “A cara do pop do país ainda não é muito clara, só tempo vai dizer qual vai ser a nova música popular brasileira”.
Mas, uma coisa é certa: ela será múltipla e diversificada. Do hip-hop de Baco Exu do blues, a variação eletrônica do forró dos Barões da Pisadinha, passando pela múltipla carreira de Anitta, Iza e Ludmilla, ao pagode romântico de Dilsinho. Diferentemente, do mercado internacional o pop brasileiro está muito mais para uma aquarela sonora do que para um gênero.
“Fazer pop é fazer uma música que tenha consumo fácil, mas, ao mesmo tempo, precisa ter algo para contar. Eu gosto de colocar histórias nas minhas letras, profundidade, e achar uma maneira de fazer com que esse conjunto ainda seja algo prazeroso e divertido”, conta Giulia Be, a cantora que coleciona milhões de reproduções em plataformas de streaming. “O pop é maravilhoso, porque ele sempre se reinventa e te deixa encontrar o seu caminho em tantas possibilidades sonoras. Mais do que combinar ritmos, acho que a música deve ser focada na linguagem, na forma de se comunicar com o público”, completa.
* Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira
Giulia Be
Uma das principais postulantes à diva da próxima geração da música brasileira, Giulia Be começou cantando em inglês em 2018. No entanto, em 2020, a cantora viu a carreira decolar muito devido ao sucesso que fez na plataforma Tik Tok. A principal música da artista, Menina solta, beira a 100 milhões reproduções no Spotify. No entanto, a cantora só entendeu a dimensão após se apresentar no palco do Rock in Rio. “Ali, na verdade, foi quando eu senti o peso que poderia ganhar. Participei do show do Projota, um sonho se realizando, e puxei um ‘vai ter que superar’ à capela. Ao ver aquele mar de gente, cem mil pessoas, cantando a minha música, percebi que eu tinha algo realmente especial em mãos”, lembra Giulia Be.
Urias
Conhecida anteriormente como braço direito de Pabllo Vittar, Urias segue a linha de sua mentora com um pop que leva referências da música brega. A visibilidade da artista começou com o sucesso de Diaba, que teve mais de 8 milhões de visualizações no YouTube e 9 milhões de reproduções no Spotify. No final de 2019, a cantora lançou um EP homônimo e busca se consolidar nas paradas de sucesso.
Agnes Nunes
Com apenas 17 anos, Agnes Nunes é o nome mais promissor para herdar o posto de uma das grandes vozes femininas do Brasil. Uma carreira extremamente recente, com os primeiros lançamentos feitos em 2019, Agnes apresenta-se como uma futura estrela sem nem ter lançado o primeiro álbum completo.
JS Mão de Ouro
Dj e produtor musical conhecido pelo trabalho na onda brega-funk, JS Mão Ouro ficou mais conhecido por remixes, mas tem se firmado entre os artistas de sucesso por fazer boas parcerias com artistas de sucesso. O músico ficou conhecido pela participação em Sentadão, de Pedro Sampaio, mas o que assusta é a produtividade de JS. Ele lançou mais de 20 singles que produziu ou participou apenas em 2020.
Mc Niack
Outro que foi arremessado ao estrelato pela plataforma Tik Tok, o funkeiro teve a canção Na raba toma tapão entre as mais tocadas do primeiro semestre, muito por conta da rede social de vídeos curtos. Após o grande sucesso ,Niack assinou com a Kondzilla e emplacou mais um sucesso com a canção Oh Juliana, que o transformou no primeiro brasileiro nas listas da Billboard. Ele alcançou o 132º lugar na Global 200.
Majur
Outra que começou a carreira em 2018, Majur tem tido uma subida exponencial para alcançar públicos maiores. Cantora de voz potente, ela ficou mais conhecida ao participar de AmarElo, single de Emicida lançado em 2019, mas, de lá para cá, lançou trabalhos próprios e até gravou uma versão de Asa Branca, com Caetano Veloso. A artista apresenta-se como um forte novo nome ligado MPB.
Ruxell
Dos bastidores para os palcos, o cantor Ruxell, que antes produzia músicas de Iza e Pabllo Vittar, agora tem feito o próprio sucesso. O artista é uma daquelas mentes brilhantes que entendem como funcionam os hits e tem feito parceria com nomes de peso como o Rapper Rincón Sapiência e Gloria Groove. Por mais que ainda não tenha um trabalho extenso, já se apresenta como um possível nome do gênero pop.
Barões da Pisadinha
“Eles já são muito famosos no Norte e Nordeste, fazem algo novo e estão prontos para conquistar o mercado nacionalmente”, afirma o crítico musical Guilherme Guedes. O duo baiano formado em 2015 alcançou este ano a lista dos top-15 artistas do Brasil mais ouvidos no Spotify com o tecno forró que tocam. Os Barões apresentam-se como uma tendência nova da música do país.
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