Os cinemas reabriram... E agora?

A liberação das salas de projeção evidencia a necessidade do setor de se reinventar para conquistar novamente o público

Correio Braziliense
postado em 28/10/2020 23:08 / atualizado em 29/10/2020 18:44
 (crédito: Topázio Cinemas/Divulgação)
(crédito: Topázio Cinemas/Divulgação)

Foram seis meses sem que as salas de cinema pudessem receber o público para o tradicional e popular modo de assistir a um filme: num telão, numa poltrona confortável e, na maioria das vezes, acompanhado da boa e velha pipoca. Desde 3 de setembro, o decreto governamental permite a reabertura dos espaços sob uma série de protocolos de segurança contra a covid-19. Mas a retomada tem sido lenta. Só a partir de hoje é que praticamente todas as redes instaladas no Distrito Federal e Entorno estarão com as salas abertas.
O cinema estava entre as atividades culturais que o público mais sentiu falta na quarentena, segundo pesquisa realizada pelo Itaú Cultural em parceria com o Datafolha, sendo apontada por 30% dos entrevistados, ficando a frente de shows (24%) e bibliotecas (7%). Apesar disso, o estudo mostrou que a maioria das pessoas ainda apresenta restrição aos locais fechados. “A pesquisa serve para entendermos a dinâmica do retorno e amadurecer como setor cultural e atender as mais diversas exigências sanitárias e cumprir vínculos com a cultura”, avalia Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural.Por isso, mostrou que o retorno das atividades culturais deve ser em formato híbrido.
É o que acontece com a retomada do cinema nacional, que será encabeçada pelo lançamento do longa-metragem De perto ela não é normal. O filme é um dos primeiros entre os blockbusters do país a estrear nas salas de cinema (a partir de hoje) e nas plataformas digitais (em 5 de novembro). “Eu insisti para lançar o filme e que fosse dessa forma, multiplataforma, estando no circuito de cinema e num clique de distância de todo mundo. Acaba que está se tornando num case de lançamento. Acredito que o cinema, agora, será lançado assim. Acredito nesse modelo de cauda longa, de juntar as janelas e dar possibilidade para o público”, comenta Suzana Pires, protagonista e idealizadora da ideia da produção.

Retorno gradual

Primeira a voltar na cidade, a rede Cineflix diz que notou um recuou das distribuidoras em relação às estreias. Apenas na semana passada surgiram os grandes lançamentos com Os Novos Mutantes. Hoje, a aposta internacional é Tenet, filme de Christopher Nolan. “Aos poucos estão atualizando os calendários e retomando a programação que havia sido adiada”, comenta Juliano Tortelli, diretor de marketing do Cineflix.
Em relação ao público, ele afirma que o retorno também é gradual. “Sabemos que se trata de um momento peculiar e que as pessoas precisam se sentir seguras para retornar ao cinema. Estamos reconquistando aos poucos a confiança do nosso público”, garante. A rede retornou com medidas rígidas de higienização e limpeza, além do distanciamento.
A rede Cinemark foi a última das maiores a anunciar o funcionamento, com troca de uniformes e uso de máscaras até um software que isola os lugares comprados pelos clientes em um raio de uma cadeira para cada direção. “Os protocolos adotados aqui em Brasília são estudados desde o início da pandemia. Seguimos não só as regras da OMS (Organização Mundial da Saúde) como propostas que deram certo em outros países pelo mundo”, explica Caio Silva, diretor executivo da Abraplex, associação da qual fazem parte as redes Cinemark e Espaço Itaú.
Ele avalia que o tempo em que os cinemas estiveram fechados como “catastrófico”. Pontuou que para os negócios foi péssimo e também que esses quase sete meses sem exibições de filmes vão atrasar toda produção brasileira “em um efeito dominó” que vai desde as bilheterias até as gravações de filmes. “Os cinemas saem dessa pandemia com uma dívida de R$ 400 milhões de reais”, estima Caio Silva.

*Estagiários sob supervisão de Igor Silveira

» Segurança em primeiro lugar: Protocolos obrigatórios dos cinemas

» Equipes e funcionários são treinados para ter o mínimo de contato com os frequentadores. Todo trabalhador deve
usar máscara e luvas, além de ter um uniforme que só será usado nas dependências do cinema.

» Todas as salas de cinema do Brasil precisam ser higienizadas ao fim de cada sessão. Os espectadores
têm a saída organizada por um funcionário do cinema para não gerar tumultos.

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Do teatro para as telas

 (crédito: Globo Filmes/Divulgação)
crédito: Globo Filmes/Divulgação

A volta do cinema nacional será apostando num formato que já rendeu milhões em bilheterias anteriormente: uma adaptação de um espetáculo teatral. Depois de Minha mãe é uma peça, de Paulo Gustavo, e Os homens são de Marte..., de Mônica Martelli, agora é a vez de Suzana Pires trazer dos palcos De perto ela não é normal.
A ideia de transformar a montagem em formato audiovisual veio depois da websérie feita em 2014 no Gshow com looks do dia de Tia Suely, uma das personagens chave da narrativa. “Deu muito certo e vi a possibilidade desses personagens formarem um corpo no audiovisual. Fiz a proposta para a Globo de fazer o roteiro baseado na minha peça”, conta Suzana Pires, uma das roteiristas do filme dirigido por Cininha de Paula.
No longa, Suzana dá vida a três personagens Suzie, Neide e Tia Suely. A história toma corpo a partir do encontro entre Suzie e Tia Suely. A primeira, uma mulher estagnada no casamento com o preguiçoso Pedrinho (Marcelo Serrado). Já a segunda, uma mulher livre e decidida. Desse encontro, Suzie encontra forças para viver novos sonhos. “Faço essa história há 15 anos e se mantém muito atual. Como é possível chegar lá? É um questionamento, principalmente, para as mulheres. Tem o casamento, a faculdade, a espiritualidade... Não fomos preparadas a trilhar esse caminho. Estamos começando a ter a independência de forma real e o filme fala disso com muito bom humor e um final emocionante”, explica a atriz.
Diferentemente do monólogo, em que Suzana faz todas as personagens, no filme há espaço para outros atores e atrizes, como Angélica, Ivete Sangalo, Samantha Schmütz, Henri Castelli, Heloísa Perisse, Gaby Amarantos, Isak DaHora, Marcos Caruso e Ricardo Pereira.
Além de ser inovador pelo lançamento multiplataforma, De perto ela não é normal também será o primeiro filme brasileiro a ter a cláusula de inclusão para mulheres, negros e LGTQI+, defendida pela atriz norte-americana Frances McDormand. “Pra mim, a inclusão é fundamental. É como respirar, sempre foi. Nunca entendi esse negócio das pessoas dizerem que não encontram profissionais negros, indígenas, mulheres, trans. Temos muitos e talentosos. Trabalhar a inclusão é quebrar padrões de mercado. Nossa trilha é toda feita por mulheres, trouxemos a Gaby Amarantos para fazer a personagem mais poderosa do filme, que é quem dá emprego para a Suzie”, revela. (AI)

» Calendário de estreias

Hoje

» Tenet: Novo filme de Christopher Nolan traz um mundo cheio de ação e planos de espiões internacionais, enquanto O Protagonista se desdobra para salvar o mundo com uma palavra: Tenet.

» BTS break the silence: the movie: Documentário que acompanha a turnê mundial Love yourself: Speak yourself da boyband de k-pop BTS. O filme conta os bastidores desta que foi a maior série de shows dos coreanos. O longa inclui cenas da apresentação que fizeram em São Paulo.

» Tel Aviv em chamas: Acompanha um jovem palestino que se torna escritor de maneira ocasional após um encontro com um soldado de Israel. Quando a carreira dele começa a crescer, os patrocinadores do programa querem um
término inesperado.

» Aos olhos de Ernesto: Acompanha um fotógrafo uruguaio que está prestes a perder a visão, mas tenta disfarçar, porque não querer admitir a velhice. Porém, ele descobre um modo de rejuvenescer fazendo amizades e se apaixonando aos 70 anos.

Novembro e dezembro

» Bill & Ted: encare a música (5 de novembro): Na terceira aventura da dupla, eles recebem uma visita de uma pessoa do futuro que afirma que apenas a melhor música de todos os tempos, criada pelos dois, pode salvar o futuro do mundo. Eles precisam largar as responsabilidades familiares para um novo desafio.

» Marighella (19 de novembro): Protagonizado por Seu Jorge, com Wagner Moura estreando na direção, o longa fala sobre o legado de resistência deixado por Marighella. A produção chegou a ter estreia proibida no Brasil.

» New life S.A. (3 de dezembro): Longa brasiliense vencedor de múltiplos prêmios, retrata a história de um arquiteto que planeja um condomínio que vai mudar o estilo de vida dos moradores, mas a utopia do complexo entra em choque com a vida em volta do novo condomínio.

» Morte no Nilo (18 de dezembro): Com mais um elenco estrelado, o cinema terá adaptação de outro livro de Agatha Christie. O detetive Poirot precisa desvendar um assassinato em um barco de luxo que está descendo o Rio Nilo.

» Mulher-Maravilha 1984 (25 de dezembro):
Um dos únicos filmes de super-heróis a não adiar o lançamento para 2021, é a continuação da trajetória da heroína Amazona que terá que enfrentar um vilão que é capaz de proporcionar os maiores sonhos de qualquer pessoa, e também a famosa nos quadrinhos Mulher-Leopardo.

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