Literatura

Feira do Livro de Frankfurt começa com mensagem de esperança

A edição especial coloca profissionais do mercado editorial do mundo todo de casa, enquanto moradores de Frankfurt assistem aos encontros em diferentes locais da cidade.

Em um ano diferente de todos os que já vivemos, a Feira do Livro de Frankfurt começa com uma mensagem de esperança, de liberdade de expressão e de busca por diversidade. A maior feira de livros do mundo, que até pouco tempo ainda planejava uma edição presencial, abriu nesta terça-feira (13/10), sua "edição especial". Com os casos de coronavírus voltando a aumentar na Alemanha e novas medidas restritivas, profissionais do mercado editorial do mundo todo podem participar a partir de suas casas enquanto moradores de Frankfurt terão a oportunidade de assistir a alguns encontros em diferentes locais da cidade.
"Tivemos que ser criativos e inventar tudo", disse Juergen Boos, presidente da feira, na abertura, realizada no centro de convenções com uma pequena plateia usando máscaras e transmitida on-line. Mais cedo, na coletiva de imprensa, ele disse que, embora os eventos online não sejam capazes de substituir os encontros cara a cara, e isso é o mais importante da feira, eles atingem mais gente.
A feira, que recebeu do governo alemão uma ajuda de 4 milhões para superar os efeitos da pandemia e conseguir promover esta 72ª edição, segue até domingo (18), e, mesmo em ano atípico, mantém os números superlativos: 750 palestrantes, cerca de 4.400 expositores de 103 países, 2.100 eventos e 260 horas de programação. Entre os convidados estão nomes como Margaret Atwood, Bernardine Evaristo, Edward Snowden, Leïla Slimani, Francesca Melandri e Bruno Latour. A programação brasileira, organizada pelo projeto Brazilian Publishers, da Câmara Brasileira do Livro e Apex-Brasil, conta com Cristina Judar, Julie Dorrico, Daniel Munduruku, Eloar Guazzelli e Emilio Fraia, entre outros. Tudo será transmitido pelas plataformas do evento e é preciso estar cadastrado.
Palco político. O escritor israelense David Grossman foi convidado para falar sobre esperança na abertura da feira e gravou, não muito animado, um vídeo em sua casa, em Jerusalém. Ele disse que, desde o coronavírus, gravita entre a angústia e a tristeza, falou sobre a herança do vírus (pobreza, fome, um novo jeito de ver o mundo e nossas relações), sobre nacionalismo, fundamentalismo, racismo, ameaças às democracias e aos direitos civis e sobre resistência. E disse: "Quando há esperança, significa que há um lugar em nossa alma onde ainda somos livres".
Karin Schmidt-Friderichs, diretora da Associação Alemã de Editores e Livreiros, destacou mais cedo, na coletiva, outros temas que devem despertar o debate, como a liberdade de expressão e a diversidade. "Diversidade quer dizer que todas as vozes são importantes e podem ajudar a sociedade a progredir."
Nesta quarta (14), às 5h, quem madrugar pode acompanhar uma discussão sobre como aumentar a diversidade no mercado editorial. Às 10h05, Bernardine Evaristo, autora de Garota, Mulher, Outras, também aborda a questão.