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Bate-papo drag

Brasiliense cria programa de entrevistas no YouTube para dar voz a importantes nomes da cena local e criar um registro da história drag da capital

Roberta Pinheiro
postado em 13/11/2020 20:40
 (crédito: YouTube/Reprodução)
(crédito: YouTube/Reprodução)

“Quando temos referência na tevê, nos tornamos heróis de nós mesmos. Quero me destacar sob a vida. Quero estar na televisão, no lugar da Fátima Bernardes, de maneira bonita, honesta e inteligente. Quero ver drag todo dia, só assim vão respeitar”, afirma a brasiliense LuShonda. Aos 26 anos, a artista, conhecida pelos shows de vogue, por ser residente da principal boate LGBT de Brasília e criada pelo jornalista e ativista LGBT Luís Plasmo, usou da reclusão da pandemia para resgatar um projeto antigo e apresentar um talk show com drag queens da capital.
Inspirada na apresentadora norte-americana Oprah Winfrey, LuShonda, que já foi candidata ao Top Drag Brasília, em 2018, e madrinha da parada do orgulho LGBTQ+ de Samambaia, comanda uma série de entrevistas. Do outro lado, figuras importantes, porém muitas vezes desconhecidas e esquecidas pela cena LGBT da capital. “São pessoas que construíram a história e a memória LGBT de Brasília. Mostrar quem são elas, porque esse material não existe ou está muito espalhado, separado. Deixar registrado quem foi que construiu o que vivemos hoje”, comenta a drag.
Na cara e na coragem, como descreve, sem um apoio ou patrocínio fixo, a brasiliense convidou as primeiras entrevistadas e produziu os primeiros vídeos. A ideia é ter quatro entrevistas por mês, cada uma com 30 minutos de duração. Pelo LuShonda entrevista, como o programa foi nomeado, passaram Aretuza Lovi, Alice Bombom, drag com mais de 26 anos de carreira —, e Lee Brandão, artista com deficiência física. Em pauta, LuShonda deixa um pouco de lado as dores e as tristezas enfrentadas por cada uma para destacar histórias de motivação, a construção da carreira e a relação com Brasília. O primeiro episódio chegou a ser exibido na TV União, mas foi cancelado por falta de patrocínio. Contudo, todos os vídeos estão disponíveis no YouTube, tanto no canal LuShondaTV como no do Coletivo Cais.
Trazer essas histórias e esses personagens como temáticas principais do programa é, para a idealizadora do projeto, uma forma de desmistificar o que é ser drag e a própria cena, além de construir referências. Dar voz e espaços para essas pessoas e ouvir delas as experiências vivenciadas. “Nossa vida tem muitas razões lá na frente pelo que a gente foi lá atrás. Estudei muito, estudo muito, sei muito sobre televisão, talk show, é meu vício. É fazer disso uma arma de comunicação. É muito complicado a gente achar que está tudo bem quando tem pessoas extremamente desesperadas, drags depressivas, viciadas. A situação me indigna, me inquieta. Já cansei de brigar de outras formas e resolvi criar esse programa e brigar dessa forma inteligente, afinal, todo discurso para ser pertinente precisa ser bem-humorado”, completa LuShonda.


Apoie!

Para dar continuidade ao projeto e ajudar nos custos, LuShonda criou um financiamento coletivo. Para participar, basta acessar o link: http://vaka.me/1520041

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