Uma notícia “porreta”, como dizia o anúncio nas redes, acrescentou alegria ao sobrenome do jornalista baiano Marcelo Torres, um dos cinco finalistas da categoria Crônica, da 62ª edição do Prêmio Jabuti. O resultado sai às 19h do dia 26 próximo. É quando a transmissão da cerimônia de entrega se inicia nas redes sociais da Câmara Brasileira do Livro (CBL), com apresentação de Maju Coutinho e homenagens à escritora Adélia Prado, escolhida como a Personalidade Literária deste ano.
O autor foi indicado à honraria por meio da obra O dia em que achei Drummond caído na rua. “Eu não tinha 1% de expectativa de ficar entre os 10. Não que achasse meu livrinho uma insignificância, mas havia 200 ou 300 candidatos e, entre estes, havia muitos autores consagrados, como, por exemplo, Mia Couto, de quem sou fã. Bom, vou falar na linguagem do futebol: me sinto como o Gama na Liga dos Campeões da Europa. E, de repente, o Gama fica entre os 10 melhores, o que é um título mundial, e, daqui a pouco, o Gama fica entre os cinco melhores. A zebra da zebra da zebra. Se fosse no cinema, a sensação que tive foi como um cineasta amador, com um filme artesanal sem grandes recursos, ser indicado ao Oscar”, compara.
O livro reúne relatos e narrativas de grandes autores-personagens, dos quais Torres é testemunha literária. São 26 histórias de nomes como Machado de Assis, Gabriel García Márquez, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Jorge Amado, James Joyce, Clarice Lispector, Umberto Eco, Albert Camus, Euclides da Cunha, Antônio Torres, Manoel de Barros e, como entrega o curiosíssimo título, Carlos Drummond de Andrade. A escolha do nome veio de um dos textos, ambientado em Brasília e protagonizado pelo poeta itabirano. “Um dia, em Brasília, eu vi Drummond. E ele estava caído. Foi na Praça dos Três Poderes. O resto está no livro”, resume de forma humorada.
Com origens em Sátiro Dias (BA) e radicado em Brasília há 18 anos, o cronista abraça, na obra e na vida, as duas cidades que mais marcam a biografia. Neste livro, a volta à cidade natal ocorre na passagem pelo autor Antônio Torres, primo-irmão e mentor. “Sátiro Dias é um lugar encantado, que inspira muitos escritores. O chamamos de Junco (era o nome antigo). A gente sempre leva no peito e nos olhos, a nossa terra. Depois que saíram as notícias da seleção, eu fui retratado em matérias como baiano finalista do Jabuti, e também como o brasiliense, o que para mim foi uma grande alegria. O baiano, o brasiliense. Eu venho do berço para o coração do Brasil, essa é a crônica da minha vida.
A 62ª edição do Jabuti teve 2.599 obras inscritas, em 20 categorias. Em virtude da pandemia, a cerimônia este ano será virtual, transmitida pelos canais da CBL no YouTube, Facebook e Instagram.
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