ARTES VISUAIS

Do Correio para as telas

» Adriana Izel
postado em 20/11/2020 20:50 / atualizado em 20/11/2020 21:20
 (crédito: Correio Braziliense/Reprodução)
(crédito: Correio Braziliense/Reprodução)

É do jornalismo a função de retratar histórias. Durante uma década, as páginas do Correio Braziliense trouxeram uma delicada narrativa numa série de reportagens escritas pelo jornalista Marcelo Abreu. A de Maria Luiza, que, em 1998, entendeu, pela primeira vez, que era uma mulher aprisionada num corpo de um homem. Ela lutou para fazer a cirurgia de mudança de sexo e, ao mesmo tempo, para permanecer na vida militar, ofício esse que lhe foi impedido, sendo afastada em 2000 da Força Aérea Brasileira sob um laudo de “incapaz” após 22 anos de serviços prestados.
Essa história de luta, da primeira mulher transexual da FAB, foi contada diversas vezes no jornal até que ganhou outra plataforma: o cinema, com o filme Maria Luiza, do brasiliense Marcelo Díaz viabilizado com o Fundo de Apoio à Cultura (FAC). Com 80 minutos, o documentário propõe um olhar inclusivo ao dar voz à Maria Luiza. A produção mostra as motivações que a impediram de continuar exercendo o trabalho de mecânica de avião, o qual renderam a ela certificados, medalhas e condecorações, além do caminho de afirmação como mulher trans, militar e católica.
A obra foi lançada no circuito comercial de cinemas na última quinta-feira após adiamento por causa da pandemia de covid-19. Antes disso, percorreu festivais emocionando ao público e aos críticos. No ano passado, a fita passou pelo Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que estava na 52ª edição. Foi a única produção do Distrito Federal a compor a Mostra Vozes, com filmes de âmbito nacional.
Esteve ainda em festivais na Holanda, na Argentina, na Colômbia e nos Estados Unidos. Neste ano, o longa-metragem foi agraciado com o título de melhor documentário internacional no Humano Film Festival 2020, premiação realizada no México. Esse também foi o ano em que a disputa judicial de Maria Luiza com a FAB chegou ao fim. A justiça reconheceu que a aposentadoria por invalidez concedida a ela foi discriminatória e o filme chegou a ser citado no acórdão do ministro do STJ Herman Benjamin como parte de contribuição para o desfecho do caso.

Maria Luiza
(Brasil, 2019, 80 minutos; não recomendado para menores de 10 anos). De Marcelo Díaz. Com Maria Luiza. Em cartaz no Espaço Itaú de Cinema (sala 8), no Shopping Casa Park (SGCV Sul, Lt. 22, Guará) às 18h20. Sessões diárias.

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