Uma das cantoras brasileiras de maior popularidade, Elba Ramalho, ao longo de 40 anos de carreira, lançou 37 discos, emplacou incontáveis sucessos e tem ocupado palcos nacionais e internacionais com sua arte como protagonista de eventos diversos — incluindo as festas de São João em Campina Grande, Caruaru e Ceilândia, o Festival de Montreux (Suíça) e shows no Olympia (Paris) e Blue Note (Nova York). Em todos os palcos ela brilha como intérprete de ritmos nordestinos.
Para Elba, é ponto de honra manter viva a essência dessa cultura rica e multifacetadas como intérprete de mestres da estrutura de Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Dominguinhos Moraes Moreira e Chico César; e de compositores da nova geração, entre os quais Marcelo Jeneci, Mestrinho e Juliano Hollanda. Canções de alguns deles ela gravou no recém-lançado Eu e vocês, o 38º álbum, produzido pelo filho Luã Yvys, durante a longa quarentena, iniciada em março último, no estúdio que a cantora mantém em sua casa, no Rio de Janeiro.
O CD, com 10 faixas, traz algumas músicas inéditas, como a que dá título ao projeto, parceria de Zélia Duncan e Ana Costa; e De onde vim, feita por Elba e o filho Luã. A maioria, porém, são recriações para composições de Djavan (Maçã do rosto), que abre o repertório; Marcelo Jeneci e Chico César (Felicidade); Moraes Moreira (Sintonia), Mestrinho (Eu vou chegar chegando), Cezzinha e Clodo Ferreira (Já com saudade) e Ter você é ter razão (Dominguinhos e Climério Ferreira).
Sobre a regravação de Ter você é ter razão, Climério ressalta: “Imagine a felicidade deste letrista de ter uma canção no novo disco de Elba Ramalho! Como se não bastasse, uma parceria com Dominguinhos, um querido e inesquecível de muitas músicas. Ter você é ter razão, que já havia sido gravado por Dominguinhos, Tim Maia e Os Cariocas, agora renasce renovada de emoção numa gravação atual de Elba. Ela também havia interpretado, em duo com Maurício Mattar, num CD do ator e cantor”, completa.
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Eu e vocês
CD de Elba Ramalho, com 10 faixas, produzido por Luã Yvys. Lançamento nas plataformas digitais pelo selo Acauã.
» Entrevista // Elba Ramalho
Que avaliação faz dos 45 anos de carreira musical?
Faço uma avaliação muito positiva, tenho orgulho da minha trajetória e costumo dizer que construí um castelo com todas as pedras que encontrei pelo caminho. A minha chegada ao Rio foi difícil e acho que tive muita sorte também. A minha carreira de atriz estava indo bem, mas o convite de Chico Buarque para gravar O meu amor mudou a minha vida. Tive a honra de ter convivido e gravado com Luiz Gonzaga, Marinês, Jackson do Pandeiro e Dominguinhos. Não sou acomodada, sigo gravando e procurando me atualizar.
Embora tenha se tornado uma artista internacional, com presença destacada em palcos de Paris (Olympia), Londres (Brixton Academy), Suíça (Festival de Montreux) e Nova York (Blue Note), você nunca perdeu a essência nordestina. É o que considera mais forte em sua arte?
Sou 100% nordestina, está no meu DNA. Eu posso até cantar reggae ou rock, mas sempre imprimindo o meu estilo, a minha digital. Pés fincados no chão do Nordeste, são as minhas raízes e tenho muito orgulho. Certamente, é um traço marcante da minha arte: em qualquer lugar do mundo, continuo sendo uma paraibana que nasceu no sertão.
Mesmo sendo intérprete de gêneros diversos, prevalecem, em seu repertório, músicas de compositores do Nordeste. Isso pode ser visto como uma tendência ou é um aspecto aleatório?
Não é aleatório, é a minha identidade. Eu me identifico com estes elementos culturais que moldaram a artista que sou. Sou intérprete e escolho a canção que mais me toca, que dialoga comigo. Eu canto para contar uma história.
Qual foi o critério para a escolha do repertório do álbum Eu e vocês?
Durante o verão passado, eu vinha pensando em fazer um disco de xotes, para dançar juntinho, para transmitir uma mensagem de alegria mesmo. Veio a pandemia, que ninguém imaginou que teria essa duração e eu continuava pensando no projeto. O nascimento da minha netinha Esmeralda foi um presente e eu queria expressar esse momento tão especial que minha família estava vivendo. Foram muitos sentimentos, inclusive quando testei positivo para a covid-19.
O disco traz algumas canções inéditas — inclusive a que dá título ao trabalho —, mas prevalecem as recriações. Qual é o motivo da escolha?
O critério foi muito pessoal, Luã me ajudou muito, ele foi um produtor maravilhoso em todo o processo, mas, basicamente, eu busquei canções que conhecia e queria ter gravado em algum momento. Dorgival Dantas, Moraes Moreira, Chico César, Marcelo Jeneci, Dominguinhos, Zélia Ducan, Juliano Hollanda, Mestrinho, Cezzinha, Ilmar Cavalcante; enfim, todos os compositores são pessoas queridas. Acaba prevalecendo a intérprete, a minha vontade de cantar aquela música é determinante.
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Abre alas!
Resgatar as origens no samba é a missão do cantor Ferrugem no novo trabalho, presente a partir de hoje nas plataformas digitais. O álbum visual Abre alas é o 5º disco do cantor, e é composto por 14 canções inéditas. Entre elas, está uma regravação do clássico de 1974, de Ivan Lins, que intitula o projeto. Além disso, o público pôde conferir uma prévia da sonoridade nostálgica do novo disco, por meio dos singles Tristinha; e Casa do amor, feito especialmente para o músico pelos compositores Jorge Vercillo e Rafinha RSQ.
Sobre a concepção deste lançamento, o cantor disse ao Correio: “Como todos os outros discos, este surge de uma maneira natural, mas com algo de especial, porque a gente precisava, de alguma maneira, resgatar algo que sentia falta: aquela essência do samba, que tinha no meu primeiro disco, de 2015, Climatizar”.
Nascido como músico em rodas de samba no Rio de Janeiro, sob influência de Zeca Pagodinho, Fundo de Quintal, Péricles e outros bambas do ritmo, o cantor analisa que, mais tarde na carreira, com o sucesso, se enveredou por outros percursos. Entretanto, com o novo trabalho, Ferrugem abre as portas para o retorno à casa do samba. “Acho que é muito importante a gente percorrer outros caminhos, mas, apesar de ter sido maravilhoso, acabei esquecendo de percorrer o meu próprio: que é ir atrás do meu povo. E, pra isso, só fazendo samba de verdade, com a mesma qualidade de sempre, e trazendo bem aparente as percussões e letras voltadas para o estilo”, completou o artista.
E por falar em letra, Ferrugem também trouxe para esse projeto uma vontade antiga de gravar a própria versão do clássico de 1974, entoando os versos de Ivan Lins em Abre alas, canção que costuma fazer parte do repertório das apresentações. “A gente tocava nos shows e eu sempre falava ‘essa música é de um ídolo brasileiro e mundial. E a galera se emocionava, assim como nós todos da banda. Ouvi-la pronta no estúdio foi impactante, e não tinha como não colocar o nome do disco de Abre alas, fazendo essa homenagem ao Ivan Lins, em vida. É muito importante que pessoas de grande relevância para o nosso país, para nossa cultura, sejam homenageadas em vida”, reforça o músico.
Outro parceiro
Outro single destacado no álbum foi um presente do amigo e produtor Rafinha RSQ: uma composição em parceria com Jorge Vercillo, feita especialmente para a voz e arranjo de Ferrugem. “Com Ivan, foi especial porque eu cantei uma música dele, de grande representatividade, que fala de um assunto importante da época, a ditadura, e gravá-la, para mim, se torna uma coisa grandiosa. E, então, Jorge senta com Rafinha para compor uma música especialmente para mim, e vejo o quanto ela é linda e tocante. Não tem preço. Estamos encantados com o resultado da música”, conta. A canção se trata do último single lançado pelo artista, Casa do amor, que, assim como o single Tristinha, conta com videoclipe introduzindo a proposta visual do lançamento: mostrar a brasilidade por meio das imagens.
*Estagiária sob supervisão de Igor Silveira
Abre alas
Do cantor Ferrugem,
14 faixas inéditas. Disponível em todas as plataformas
digitais de música e no canal oficial no YouTube. Livre para todos os públicos.