O poeta, ensaísta e tradutor paulista Augusto de Campos publicou, nesta quarta-feira (2/12), no Facebook, um poema em que compara Pelé e Maradona, ídolo do futebol argentino, morto na quarta-feira passada.
Cocriador ao lado do irmão Haroldo do movimento concretista no Brasil, surgido nos anos 1950 que desconstrói a sintaxe habitual dos versos e valoriza a relação gráfica e espacial da palavra, Augusto costuma publicar poemas visuais nas redes sociais comentando assuntos do momento.
Desta vez, o poeta faz um comentário bem-humorado, e um tanto quanto bairrista, sobre a inevitável comparação entre os dois ídolos nacionais do futebol, enaltecendo o camisa 10 da Seleção Brasileira. “Se Maradona já é Deus/ e merece nota 10/ como chamar o Pelé?”, começa o poema. Na legenda da imagem, Augusto comentou: “O poeta Gregório de matos psicografado/ faz perguntas embaraçosas aos futuros futebilóides."
O post gerou muitos comentários de pessoas que afirmam que Pelé, na vida pública, não é tão admirável quanto como jogador, lembrando episódios como o apoio ao presidente Jair Bolsonaro e a relação com ditadura de 1964.
Mantendo a verve poética, Augusto escreveu nos comentários: "Baixando em nova sessão, o poeta Gregório de Matos tenta responder a alguns futebilóides que apagaram Pelé do mapa. Diz o poeta psicografado: 'Data maxima venia, minha dúvida se referia ao futebol (do inglês football) que em português castiço se deve pronunciar futiból mas que alguns desavisados começam a pronunciar execravelmente futEbÓl. À distância de alguns séculos, eu não sabia que o Edson havia apoiado o — horresco referens — Bolsonagro. Se o fez, pisou na bola pela primeira vez em sua longa e gloriosa carreira futebolística. Sem embargo e concessa venia, não haveria um pingo de racismo em tão rude negação?"
Leia o poema de Augusto de Campos
*Estagiário sob supervisão de Adriana Izel
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