A busca por um reencontro resultou em Ouro bruto - Serra Pelada em três tempos, livro com 81 fotografias realizadas ao longo dos últimos 30 anos que o fotógrafo André Dusek acaba de publicar. Com imagens realizadas entre a década de 1980 e 2019, Dusek conta a história do maior garimpo da América Latina, ao mesmo tempo em que tenta unir presente e passado ao buscar o reencontro com personagens e locais registrados há quatro décadas.
Foi por acaso que o fotógrafo André Dusek foi parar em Serra Pelada pela primeira vez, em meados dos anos 1980. O destino da viagem era o garimpo vizinho, conhecido como Goiaba, no qual desembarcou para um reportagem para o Correio Braziliense, mas uma coincidência o fez voar para Serra Pelada, na época comandado a mão de ferro pelo governo militar. Um encontro não planejado com o tenente Curió, que controlava o local, resultou em um passe livre para o maior garimpo do Brasil.
Dusek tinha apenas cinco rolos de filme na máquina, analógica na época, e voltou com 100 imagens que renderam várias capas do jornal. Anos depois, em 1996, ele retornou ao sudeste do Pará para fotografar a região de Curianópolis. Serra Pelada estava fechada há quatro anos e a notícia de uma nova jazida de 150 toneladas de ouro encontrada pela Vale do Rio Doce na região atraiu muitos garimpeiros.
Dessa vez, a reportagem foi para a Isto é. No ano passado, Dusek resolveu retornar ao município paraense ao lado da serra dos Carajás para ver como estava e se encontrava alguns dos personagens fotografados. “Não tinha mudado tanto. Minha ideia era mostrar como estava agora e ver se achava alguém que morava lá. Não encontrei ninguém que ainda morava lá mas muitos garimpeiros reconheceram os amigos”, conta. “Esse foi o barato dessa terceira vez. Em 2019 Serra Pelada estava fazendo 40 anos e começou a sair fazer matérias, Sebastião Salgado lançou um livro e resolvi fazer o projeto por minha conta.”
O livro tem início com as imagens em preto e branco dos anos 1980, cenas que impressionaram o Brasil da época. Criado em 1979, quando foi descoberta a primeira pepita de outro no local, o garimpo de Serra Pelada atraiu mais de 25 mil garimpeiros e fascinou fotógrafos do mundo inteiro: a quantidade de gente, de terra e de escavações conferiam às imagens dimensões monumentais. “O que despertou os fotógrafos em 1980 foi essa coisa de muita gente: era um morro, que acabou virando um buraco e um lago. Como fui duas vezes, achei que seria legal fechar essa trilogia”, explica Dusek. Aos poucos, o preto e branco dos anos 1980 dá lugar ao colorido de imagens feitas em 1996 e em agosto de 2019, nas quais o fotógrafo revela uma cidade pacata, que parece parada no tempo e habitada por personagens que viveram a saga do maior garimpo a céu aberto do mundo.
OURO BRUTO Serra Pelada em três tempos
De André Dusek. Produção independente, 136 páginas. R$ 90
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